Chebi: My Fluffy Friend

Cheburashka: Uma Pelúcia Que Mexeu Comigo (Mais do Que Deveria)

Confesso: cheguei a Chebi: My Fluffy Friend (2023) com o pé atrás. Adaptações de clássicos animados da infância costumam ser arriscadas, e a sombra do original, particularmente para uma geração que cresceu com a obra de Soyuzmultfilm, paira ameaçadora. Mas, dois anos depois de sua estreia, posso dizer com certeza: fiquei surpreendido. Positivamente surpreendido.

O filme apresenta uma nova versão da história do adorável Cheburashka, uma criatura peluda e encantadora que chega a um mundo completamente novo, cheio de personagens excêntricos e situações hilárias. A sinopse, sem spoilers, é a clássica jornada de um ser diferente tentando encontrar seu lugar numa sociedade – mas com uma pitada bem-humorada de caos e coração. A trama, apesar de prever alguns momentos previsíveis, equilibra com destreza a nostalgia para os fãs antigos com a frescura necessária para cativar o público moderno.

A direção de Dmitry Dyachenko é admirável em sua habilidade de lidar com um elenco tão diverso. Cada ator/atriz encontra o tom certo, mas devo destacar a Olga Kuzmina, cuja dublagem para Cheburashka é absolutamente impecável, transmitindo uma doçura e uma inteligência inesperadas para o personagem. Sergey Garmash, como Gena, é o contraponto ideal, um retrato de humanidade que, apesar das dificuldades, resgata a ternura e a generosidade. O resto do elenco se encaixa com maestria, construindo uma galeria de personagens que se tornam, apesar de seus defeitos, memoráveis. O roteiro, apesar de alguns momentos um pouco fracos, se mostra eficiente em construir a narrativa com ritmo e dinâmica, sem se perder no excesso de sensibilidade ou na falta de humor.

Um dos pontos fortes do filme é justamente sua capacidade de mesclar comédia e emoção de forma orgânica. Não é uma comédia pastelão, mas uma comédia de situações e personagens, que se utiliza do humor para criar momentos de ternura e reflexão sobre os temas mais profundos da obra, como a busca pela identidade, a importância da amizade e a aceitação das diferenças. No entanto, a direção de arte, por vezes, peca por um excesso de cores vibrantes que, apesar de bonitas, em alguns momentos, se tornam um tanto intrusivas. Esse, porém, é um defeito menor.

Por outro lado, a mensagem do filme transcende a barreira etária. Chebi: My Fluffy Friend não é apenas um filme para crianças; é uma história sobre a importância de abraçar a individualidade e a beleza da diversidade, um tema universal que ressoa com espectadores de todas as idades. A mensagem, apesar de um tanto óbvia, é transmitida com sinceridade e sem ser piegas, o que é um feito notável em se tratando de filmes familiares. O filme, apesar de ter sido lançado em 2023, ainda ressoa forte em 2025, com suas discussões sobre tolerância, inclusão e amor.

Em conclusão, Chebi: My Fluffy Friend é um longa-metragem que superou minhas expectativas. Apesar de algumas pequenas falhas estéticas, a força da atuação, a eficácia do roteiro e a beleza da mensagem tornam esse filme uma experiência encantadora e memorável. Recomendo fortemente para famílias, amantes de comédia e, claro, para quem busca uma reconexão com a magia da infância – ou para quem quer experimentá-la pela primeira vez. Se você está procurando um filme leve, divertido e com uma mensagem comovente, não procure mais. Chebi: My Fluffy Friend é uma ótima escolha para uma noite agradável no cinema ou em alguma plataforma de streaming. Cinco estrelas!