12 Feet Deep

Existe uma beleza peculiar, quase mórbida, em observar o limite da resiliência humana. Aquela sensação visceral que nos agarra o estômago quando vemos alguém encurralado, com as costas contra a parede (ou, neste caso, o fundo de uma piscina), lutando não apenas pela vida, mas pela dignidade. É essa a emoção que me puxou para as águas turbulentas de 12 Feet Deep, um thriller de 2018 que, mesmo anos após seu lançamento, ainda me faz sentir um arreprio sempre que passo por uma piscina coberta. Hoje, 16 de outubro de 2025, o filme de Matt Eskandari continua a ressoar, provando que o terror mais profundo nem sempre vem de monstros sobrenaturais, mas da maldade humana e da própria natureza implacável.

Desde o primeiro momento, somos jogados no fundo do poço, ou melhor, da piscina. A premissa é assustadoramente simples e, por isso, tão eficaz: duas irmãs, Bree (Nora-Jane Noone) e Jonna (Alexandra Park), presas numa piscina olímpica de mais de 50 metros de comprimento, esquecidas debaixo da lona de fibra de vidro. O simples pensamento já me faz inspirar fundo, como se o ar estivesse rareando ao meu redor. Você consegue imaginar o desespero? A água gelada a corroer a pele, o som abafado de suas próprias vozes se perdendo, o teto de fibra de vidro opaco acima, prometendo uma liberdade que parece inalcançável. Não é apenas a ameaça física, mas a claustrofobia psicológica que se instala, como um nó apertado no peito.

Eskandari, que também coescreveu o roteiro com Michael Hultquist, é mestre em construir essa tensão gradualmente. Ele não se apressa, nos permite sentir a desesperança crescer, camada por camada, assim como a poeira e o mofo na lona que as aprisiona. A paleta de cores é fria, os ângulos de câmera, muitas vezes claustrofóbicos, nos colocam ali com Bree e Jonna. Você sente o impacto de cada onda criada por seus movimentos, a reverberação de cada grito de socorro.

Mas o filme não é apenas sobre o medo da morte. É, antes de tudo, um mergulho na intrincada dinâmica de uma relação entre irmãs. Nora-Jane Noone e Alexandra Park entregam performances viscerais, que nos fazem acreditar em cada frustração, cada lembrança dolorosa, cada raio de perdão que surge entre elas. Bree é a irmã mais velha, a “forte”, cheia de um ressentimento que se mostra como armadura, mas que começa a rachar sob a pressão da situação. Jonna, por outro lado, é a mais vulnerável, e aqui o roteiro adiciona uma camada de terror cruel: ela é diabética. Você vê o pânico nos olhos de Alexandra Park quando a hipoglicemia começa a cobrar seu preço, e eu me vi apertando o sofá, ansioso por cada gota de açúcar, por cada momento de lucidez. É nesse ponto que o filme transcende o mero thriller de sobrevivência e se torna um estudo sobre a força feminina, sobre como a determinação pode brotar mesmo nos solos mais inférteis do desespero.

Atributo Detalhe
Diretor Matt Eskandari
Roteiristas Michael Hultquist, Matt Eskandari
Produtores Mark Myers, John Burd, Hannah Pillemer
Elenco Principal Nora-Jane Noone, Alexandra Park, Diane Farr, Tobin Bell, Dogen Eyeler
Gênero Thriller
Ano de Lançamento 2018
Produtora Citizen Skull Productions

E então, para complicar o que já é um pesadelo de afogamento, entra em cena Clara, interpretada por uma Diane Farr que é assustadoramente boa. Clara é a faxineira noturna, a figura que tem as chaves da liberdade – ou da condenação. Ela não é um assassino mascarado, mas algo muito mais insidioso: uma pessoa com segundas intenções, movida por uma amargura e uma malícia que a tornam verdadeiramente diabólica. Diane Farr não interpreta uma vilã de quadrinhos; ela dá vida a uma mulher comum, cuja crueldade emerge da indiferença e da oportunidade. Seus diálogos são cheios de um sarcasmo cortante, suas ações, calculadas para extrair o máximo de sofrimento. É um lembrete chilling de que os monstros nem sempre se escondem debaixo da cama, mas muitas vezes se parecem conosco, com seus próprios segredos e feridas.

E a menção a Tobin Bell, mesmo que seu papel como McGradey seja breve, adiciona uma camada de expectativa, especialmente para quem o conhece de ‘Jogos Mortais’. Ele traz consigo uma aura de autoridade e uma ambiguidade moral que, mesmo em poucos minutos, deixam uma marca.

12 Feet Deep usa seu cenário limitado para expandir os limites da emoção. As “family secrets” que vêm à tona entre Bree e Jonna não são apenas artifícios para preencher o tempo; são os nós que precisam ser desatados para que elas tenham uma chance de sobrevivência. É uma jornada de perdão, de reconhecimento da própria humanidade e da da irmã. O filme explora a ideia da “strong woman” não através de proezas físicas impossíveis, mas pela capacidade de suportar o impensável, de lutar por cada respiração, de perdoar e ser perdoada.

Ao final, quando as águas se acalmam (ou não), 12 Feet Deep deixa você pensando. Não apenas sobre o que faria em uma situação assim, mas sobre a complexidade das relações humanas, sobre a facilidade com que a maldade pode florescer e, acima de tudo, sobre a tenacidade do espírito humano. É um filme que, embora lancado em 2018, permanece relevante por tocar em medos universais e em verdades atemporais sobre a sobrevivência, a família e a escuridão que reside tanto fora quanto dentro de nós. Uma experiência cinematográfica que, garanto, vai te fazer pensar duas vezes antes de pular em qualquer piscina.

Trailer

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