1917: Uma Imersão na Lama e na Glória da Guerra
Seis anos se passaram desde que 1917, o longa-metragem de Sam Mendes, estreou nos cinemas brasileiros em 23 de janeiro de 2020, e posso dizer com toda a certeza: o tempo não apagou o impacto dessa experiência cinematográfica. O filme, que acompanha os cabos Schofield e Blake em uma missão desesperada através do inferno da Primeira Guerra Mundial, não é apenas uma obra de arte visualmente deslumbrante, mas uma imersão visceral na brutalidade e na fragilidade da condição humana em meio à carnificina.
A premissa é simples: entregar uma mensagem que pode salvar a vida de 1600 soldados. Mas a execução, esta, é magistral. Mendes, em conjunto com Krysty Wilson-Cairns, tece um roteiro que, apesar de linear na sua jornada, é rico em nuances emocionais. A jornada de Schofield e Blake não é apenas uma corrida contra o tempo, mas uma exploração da amizade, do medo, da perda e da esperança em um cenário de desespero absoluto.
A direção de Sam Mendes é o que torna 1917 verdadeiramente excepcional. A famosa técnica de planos-sequência quase ininterruptos, que cria uma sensação de realismo e urgência avassaladora, é o cerne do filme. Sim, eu sei, alguns podem argumentar que a técnica, por vezes, se torna um artifício que chama mais atenção para si do que para a narrativa. Concordo parcialmente. Há momentos em que a câmera se torna quase um personagem a mais, exibindo a maestria técnica a ponto de causar uma estranha distração. Mas, para mim, a experiência geral supera essa pequena falha. A imersão é tão completa que a sensação de estar “dentro” da trincheira é constante.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Sam Mendes |
Roteiristas | Krysty Wilson-Cairns, Sam Mendes |
Produtores | Pippa Harris, Michael Lerman, Callum McDougall, Sam Mendes, Jayne-Ann Tenggren |
Elenco Principal | George MacKay, Dean-Charles Chapman, Mark Strong, Andrew Scott, Richard Madden |
Gênero | Guerra, História, Thriller |
Ano de Lançamento | 2019 |
Produtoras | DreamWorks Pictures, Reliance Entertainment, New Republic Pictures, Neal Street Productions, Mogambo Films |
As atuações também são impecáveis. George MacKay, como Schofield, transmite uma resiliência estoica, a força de vontade que move seus pés cansados através de paisagens desoladas e de momentos de profunda angústia. Dean-Charles Chapman, como Blake, oferece um contraponto de vulnerabilidade e inocência que o torna ainda mais impactante. O elenco de apoio, incluindo Mark Strong e Andrew Scott, entrega atuações sólidas e complementam o realismo da narrativa.
A força de 1917 reside em sua capacidade de humanizar a guerra. Ele não glorifica o conflito, mas expõe sua brutalidade desumana com uma clareza que raramente é vista no cinema. O filme aborda temas importantes, como a camaradagem, o sacrifício, e a futilidade da guerra, sem ser didático ou panfletário. A mensagem é implícita, mas poderosa: a guerra é um ato de destruição que esmaga a individualidade e rouba vidas preciosas.
Por outro lado, a narrativa, apesar de eficaz, apresenta uma leve fragilidade. Alguns momentos poderiam ser mais explorados, dando maior profundidade a certos personagens secundários. A concentração na jornada de Schofield e Blake, embora lógica, limita o escopo de algumas situações e diálogos.
Em resumo, 1917 é um filme que, apesar de algumas pequenas imperfeições, permanece como uma experiência cinematográfica marcante. A combinação impecável de direção, roteiro e atuações cria uma imersão visceral na Primeira Guerra Mundial, forçando o espectador a confrontar a brutalidade e a complexidade do conflito. A recepção da crítica, em 2019 e 2020, foi predominantemente positiva, e, olhando para trás, seis anos depois, essa avaliação se mantém verdadeira para mim. Recomendo fortemente a todos que apreciem cinema de qualidade e histórias humanas, mesmo aqueles que não são particularmente fãs de filmes de guerra, a assistir a esse longa-metragem, disponível em diversas plataformas de streaming. É uma obra-prima que merece ser vista e discutida, uma prova de que o cinema ainda tem o poder de nos chocar, emocionar e, acima de tudo, nos fazer refletir.