Matrix Revolutions

Matrix Revolutions: O crepúsculo de um gênio ou a inevitável queda?

Doze anos se passaram desde que a saga Matrix terminou em 2003, e, olhando para trás, com a distância que só o tempo confere, é difícil não sentir uma pontada de melancolia. Melancólica não por uma possível nostalgia cega, mas pela sensação de um potencial inacreditável desperdiçado. Revolutions, o terceiro ato dessa trilogia que marcou uma geração, chega a ser… decepcionante. Sim, usei a palavra. E não me arrependo.

O filme entrega uma sinopse que, em essência, funciona como uma promessa de épica: Neo, aprisionado em um limbo entre a Matrix e o mundo real, precisa ser resgatado enquanto Zion, a última cidadela humana, enfrenta a iminente destruição pelas máquinas. Trinity, Morpheus e um elenco de personagens conhecidos embarcam em missões simultâneas, carregadas de ação, suspense e dilemas filosóficos que, teoricamente, deveriam culminar em uma conclusão grandiosa.

Mas a promessa, infelizmente, não se cumpre totalmente. As Wachowskis, que com o primeiro Matrix reinventaram o gênero de ficção científica, parecem aqui sobrecarregadas pela própria grandiosidade da tarefa. A direção, embora ainda contendo momentos visuais impressionantes – a batalha final, apesar da confusão, exala uma certa beleza apocalíptica -, é menos coesa e precisa do que a do filme original. A câmera se perde em meio à enxurrada de efeitos especiais, a montagem se torna frenética demais, e a narrativa, que antes era tão elegantemente entrelaçada, se fragmenta em uma série de cenas de ação quase desconexas, a ponto de deixar o espectador um pouco atordoado.

AtributoDetalhe
DiretorasLana Wachowski, Lilly Wachowski
RoteiristasLilly Wachowski, Lana Wachowski
ProdutorJoel Silver
Elenco PrincipalKeanu Reeves, Laurence Fishburne, Carrie-Anne Moss, Hugo Weaving, Jada Pinkett Smith
GêneroAventura, Ação, Thriller, Ficção científica
Ano de Lançamento2003
ProdutorasVillage Roadshow Pictures, NPV Entertainment, Silver Pictures

O roteiro, igualmente, sofre com o excesso de ambição. Há tantos fios narrativos, tantas personagens e subplots que algumas linhas acabam perdidas na multidão de efeitos especiais e combates. A profundidade filosófica, tão marcante no primeiro filme, aqui parece mais superficial, quase uma mera colagem de ideias soltas. A exploração dos conceitos de livre arbítrio e realidade simulada, tão ricos e complexos no filme de 1999, ficam relegados a segundo plano.

As atuações, por outro lado, seguem consistentes. Keanu Reeves, Laurence Fishburne e Carrie-Anne Moss novamente demonstram um domínio impecável de suas personagens, elevando momentos que, de outra forma, poderiam ter sido anódinos. Hugo Weaving, como sempre, interpreta o inesquecível Agente Smith com uma frieza e crueldade que o tornam um vilão memorável. O carisma do elenco consegue, em alguns momentos, compensar as falhas da narrativa.

Os pontos fortes de Revolutions se resumem, em grande parte, ao carisma do elenco e alguns momentos de ação espetaculares. Há sequências de luta que são verdadeiras obras-primas, coreografias precisas que mesclam artes marciais e efeitos especiais de forma orgânica. A estética cyberpunk continua fascinante, e mesmo em meio ao caos, algumas cenas exalam uma atmosfera única.

Mas os pontos fracos são mais numerosos. A narrativa atropelada, a falta de coesão da trama, o peso excessivo dos efeitos especiais em detrimento do desenvolvimento dos personagens e da exploração das ideias filosóficas são defeitos graves. A conclusão, apesar de épica em sua escala, carece de uma contundência emocional que a elevasse além de um mero show de pirotecnia.

O que fica de Matrix Revolutions? A confirmação de que mesmo os gênios podem falhar. A trilogia, apesar de seus altos e baixos, permanece relevante e influente, um testamento da ambição e inovação das Wachowskis. Revolutions não é um desastre absoluto, mas é, sem dúvida, a parte mais fraca da trilogia. É uma obra que desperdiça seu próprio potencial, sucumbindo ao peso de suas próprias aspirações. Considerando tudo, minha recomendação é: assista com as expectativas mais baixas possíveis, focado na experiência visual e nos momentos de ação. Caso contrário, poderá se decepcionar, assim como eu, ao perceber que o crepúsculo dessa saga não é tão glorioso quanto poderia ter sido.

Trailer Oficial

Capa do trailer de Matrix Revolutions
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