O Retorno do Morto-Vivo

O luto que ressuscita: Uma incursão visceral em O Retorno do Morto-Vivo

Confesso, cheguei a O Retorno do Morto-Vivo com expectativas controladas. Terror na Primeira Guerra Mundial? Já vimos isso antes. Mas o boca a boca, ainda tímido, sobre o trabalho de Fabrice Blin, e a promessa de um horror visceral me deixaram curioso o suficiente para me aventurar em mais uma jornada pelos infernos cinematográficos. E posso dizer: fiquei surpreendido. Lançado em 2023 e chegando aos cinemas brasileiros em 3 de setembro de 2025, este filme transcende o simples terror de zumbis e se aproxima de algo muito mais sombrio e pessoal.

A sinopse, sem grandes spoilers, nos apresenta Adèle, uma mulher assolada pela perda do marido na guerra. Sozinha em sua isolada fazenda, ela se entrega a um ritual negro encontrado em um livro demoníaco, buscando trazer de volta o seu amado. É uma premissa simples, sim, mas o que Blin faz com ela é absolutamente brilhante.

A direção de Fabrice Blin é o coração pulsante do filme. A fotografia, fria e opressiva, reflete a solidão e a desolação de Adèle. A câmera se move com uma lentidão quase dolorosa, capturando a atmosfera claustrofóbica da fazenda e os momentos de crescente tensão antes do ritual. Não é um terror que salta na sua cara, mas sim que te envolve, te sufoca, te deixa inquieto com a sua aproximação gradual ao horror.

Atributo Detalhe
Diretor Fabrice Blin
Roteirista Fabrice Blin
Produtores Fabrice Lambot, Fabrice Blin
Elenco Principal Séverine Ferrer, David Doukhan, Clémence Verniau, Philippe Lamendin, Fabien Jegoudez
Gênero Terror
Ano de Lançamento 2023
Produtora Phase 4 Productions

O roteiro, também assinado por Blin, é impecável na construção da personagem de Adèle. Séverine Ferrer entrega uma performance magistral, transmitindo com precisão a fragilidade, a loucura e a determinação desesperada da protagonista. Não é uma vilã, mas uma mulher quebrada pela guerra e pela dor, que busca conforto em um lugar abominável. O resto do elenco, com destaque para David Doukhan como Jean e Clémence Verniau como a camponesa, funciona como um contraponto sombrio, reforçando o isolamento de Adèle e a decadência moral que paira sobre tudo.

A força de O Retorno do Morto-Vivo está na sua capacidade de explorar o luto e a insanidade com uma sutileza que beira a genialidade. Não espere sustos baratos ou sangue gratuito (apesar de ter seus momentos). A verdadeira tensão reside na jornada psicológica de Adèle, na sua crescente desespero e na inevitável consequência de seus atos. A atmosfera é carregada, a melancolia implacável.

Entretanto, o filme não é perfeito. Alguns podem achar o ritmo lento demais, e a ausência de explicações sobre alguns aspectos do livro demoníaco poderia ser vista como uma falha. Mas eu enxergo isso como uma escolha consciente do diretor, que prioriza a atmosfera e a experiência emocional sobre a exposição explicativa.

Em resumo, O Retorno do Morto-Vivo é uma experiência cinematográfica singular. Apesar de alguns pontos que podem dividir a opinião do público, o trabalho impecável de direção, a atuação soberba de Séverine Ferrer e a atmosfera visceralmente intensa fazem deste um filme que me marcou profundamente. Se você busca sustos gratuitos, talvez este não seja o filme para você. Mas se você aprecia um terror psicológico lento, que penetra na sua alma e te deixa pensando sobre as sombras da guerra e o poder devastador do luto, então corra para assistir O Retorno do Morto-Vivo. Eu não me arrependo um segundo da minha escolha. E, sinceramente, ainda estou processando a cena final… Aquele final. Simplesmente brutal. Recomendo fortemente.

Trailer

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