Belfast: Uma Memória em Preto e Branco, Colorida de Emoção
Lançado em 2021 e chegando aos cinemas brasileiros em 10 de março de 2022, Belfast, dirigido e escrito por Kenneth Branagh, é mais do que um filme; é uma carta de amor, uma memória nostálgica e uma pungente reflexão sobre a infância diante da turbulência. A trama acompanha Buddy, um garoto que vive com sua família da classe trabalhadora em Belfast, durante os conflitos da década de 1960, época conhecida como “The Troubles”. Enquanto o mundo ao seu redor explode em violência, Buddy encontra refúgio no amor de sua família e na magia de sua imaginação. A narrativa, apresentada em preto e branco, intensifica a sensação de uma época passada, mas a vivacidade das emoções transcende a paleta monocromática.
A direção de Branagh é impecável. A fotografia em preto e branco não é apenas um recurso estético, mas uma ferramenta narrativa que amplifica o impacto emocional das cenas. Ele consegue capturar a beleza e a brutalidade de Belfast com igual maestria, criando um retrato comovente da cidade e de seus habitantes. O filme transpira uma atmosfera quase onírica, os momentos de ternura e de alegria se misturam com a realidade dura e áspera dos conflitos políticos, tudo visto pela inocente perspectiva de uma criança. A escolha de filmar em preto e branco, em minha opinião, foi extremamente acertada, tornando a experiência cinematográfica mais visceral. Alguns podem argumentar que, em comparação com filmes que mergulham de forma mais completa nos eventos históricos, Belfast se limita à perspectiva de uma única rua, como apontou um crítico. E sim, o foco é estreito, mas essa é exatamente a força do filme: a intensidade das relações humanas em meio ao caos.
O roteiro, também assinado por Branagh, é brilhante. A narrativa é econômica e eficiente, sem se perder em detalhes desnecessários. Ele consegue equilibrar com maestria o humor e o drama, criando momentos de leveza que contrastam com a gravidade do contexto histórico. Os diálogos são naturais e cativantes, transmitindo a riqueza da cultura e do sotaque irlandês. O elenco está impecável. Jude Hill, como Buddy, é uma revelação. Sua performance é genuína e comovente, carregada de uma doçura e uma inteligência que nos cativam desde o início. Jamie Dornan e Caitríona Balfe, como os pais, também entregam atuações memoráveis, transmitindo com sutileza o amor, a preocupação e o desespero diante da incerteza do futuro. A presença de Judi Dench e Lewis McAskie adiciona camadas de profundidade e experiência à narrativa.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Kenneth Branagh |
| Roteirista | Kenneth Branagh |
| Produtores | Tamar Thomas, Becca Kovacik, Laura Berwick, Kenneth Branagh |
| Elenco Principal | Jude Hill, Jamie Dornan, Caitríona Balfe, Lewis McAskie, Judi Dench |
| Gênero | Drama, História |
| Ano de Lançamento | 2021 |
| Produtoras | TKBC, Northern Ireland Screen |
Porém, não se pode ignorar certas limitações. Apesar da beleza da estética em preto e branco, alguns podem achar o filme excessivamente sentimental, ou que a abordagem focada na experiência individual de Buddy minimiza a complexidade do conflito na Irlanda do Norte. Para outros, a duração, apesar de enxuta em suas 90 minutos, pode parecer levemente longa, em virtude do ritmo contemplativo da narrativa.
No entanto, a mensagem de Belfast transcende o conflito propriamente dito. O filme é sobre família, sobre amor, sobre resiliência, sobre a busca por um futuro melhor, mesmo em meio à adversidade. É uma ode à memória, à esperança e à capacidade humana de encontrar beleza mesmo nos lugares mais sombrios.
Em conclusão, Belfast é uma obra cinematográfica memorável. Apesar de algumas ressalvas pontuais, considero-o um filme excepcional, que fica gravado na memória muito depois dos créditos finais. Sua capacidade de te transportar para outra época e te emocionar com a simplicidade de seus personagens faz dele uma experiência cinematográfica imperdível. Recomendo fortemente sua exibição, especialmente para quem aprecia dramas históricos com uma pitada de lirismo e que se deixam envolver pela força das emoções. Vale a pena procurar o filme em plataformas digitais, caso ainda não tenha assistido. A qualidade da produção justifica a busca, que vale cada minuto de atenção.




