A Meia-Irmã Feia

A Meia-Irmã Feia: Uma Cinderela que Arranha a Alma

Em 14 de setembro de 2025, tive a oportunidade (ou talvez a desgraça, dependendo da sua perspectiva) de assistir a A Meia-Irmã Feia, o novo longa-metragem de Emilie Blichfeldt. Prometendo uma releitura sombria e satírica do conto de fadas de Cinderela, o filme entrega… algo. Algo que me deixou simultaneamente fascinado e profundamente perturbado. Preparem-se, pois esta não é a sua história de princesa típica.

A sinopse oficial é bastante enganadora. Ela vende uma competição entre duas irmãs por um príncipe, mas a realidade é muito mais visceral. Elvira, interpretada por uma Lea Mathilde Skar-Myren de atuação poderosa e imprevisível, luta não apenas pela atenção do príncipe Julian (Isac Calmroth, que, de fato, me pareceu um pouco sem graça, como já sugeriram alguns críticos), mas pela própria sobrevivência em um reino onde a beleza é uma moeda de troca brutal. A trama subverte as expectativas do conto original, transformando-o em um estudo de caso sobre a obsessão pela beleza, a competição feminina tóxica e a fragilidade da identidade.

A direção de Blichfeldt é ousada. Ela abraça o grotesco e o perturbador sem jamais cair no gratuito. A estética do filme, uma mistura de conto de fadas pastelão e terror psicológico, é memorável. Há momentos de humor negro que aliviam a tensão, mas eles são pontuais, como respiros entre as ondas de uma tempestade. O roteiro, também escrito por Blichfeldt, é inteligente e incisivo, construindo a atmosfera de suspense com maestria. As cenas são curtas, frenéticas, e a edição colabora para a sensação de claustrofobia que domina boa parte do filme.

AtributoDetalhe
DiretoraEmilie Blichfeldt
RoteiristaEmilie Blichfeldt
ProdutoraMaria Ekerhovd
Elenco PrincipalLea Mathilde Skar-Myren, Ane Dahl Torp, Thea Sofie Loch Næss, Flo Fagerli, Isac Calmroth
GêneroTerror, Comédia, Fantasia, Drama
Ano de Lançamento2025
ProdutorasMer Film, Lava Films, MOTOR, Scanbox Production, Zentropa International Sweden, Mediefondet Zefyr

O elenco é, no geral, excelente. Ane Dahl Torp, como a meia-irmã Rebekka, é impecável na sua interpretação de uma beleza superficial e cruel. O restante do elenco de apoio também entrega performances memoráveis, contribuindo para a riqueza e complexidade do universo apresentado. Mas é Lea Mathilde Skar-Myren que realmente carrega o filme nas costas. Sua Elvira é complexa, multifacetada, e ao mesmo tempo repulsiva e cativante. Ela é uma personagem que te deixa desconfortável, que te força a confrontar seus próprios preconceitos sobre beleza e sucesso.

Entretanto, o filme não está isento de falhas. A narrativa, por vezes, se torna um pouco confusa, e alguns elementos do enredo poderiam ter sido melhor explorados. A relação de Elvira com suas irmãs, por exemplo, é rica, mas um pouco mal desenvolvida. Alguns vão certamente achar a história bastante lenta em alguns momentos. Outros, sem dúvida, dirão que a história se alonga desnecessariamente. A conclusão, apesar de memorável e inquietante, pode não agradar todos que esperam um final clássico de conto de fadas. Ainda assim, o impacto do filme perdura.

A Meia-Irmã Feia explora temas de auto-aceitação, a pressão social para se encaixar em padrões de beleza irreais e o lado sombrio da competição. É um filme que te deixa pensando muito depois dos créditos finais. É um filme que busca subverter, desafiar e provocar, e neste sentido, atinge o seu objetivo com sucesso. A produção independente, com o envolvimento de diversas produtoras como Mer Film, Lava Films e Zentropa International Sweden, demonstra uma grande ambição e um talento impressionante.

Concluindo, apesar de suas falhas, A Meia-Irmã Feia é uma experiência cinematográfica única e inesquecível. Eu recomendo este filme para aqueles que apreciam cinema de terror psicológico inteligente, com uma pitada de comédia negra e uma boa dose de desconforto existencial. Se você busca uma Cinderela tradicional, procure outro lugar. Mas se você está disposto a se confrontar com uma versão visceral e perturbadora desta história clássica, então prepare-se para uma jornada que vai deixar marcas. Agradeço, sinceramente, a experiência. É um filme para ser visto, discutido, e certamente lembrado. A espera até 2025 valeu a pena, mesmo com suas imperfeições.

Trailer

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