The Good Doctor: Uma Cirurgia no Coração da Televisão
Lançada em 2017, The Good Doctor, protagonizada por um memorável Freddie Highmore como o Dr. Shaun Murphy, já faz parte do nosso imaginário televisivo. Passados oito anos desde sua estreia, a série continua a gerar debates e, ousaria dizer, a dividir opiniões – algo que, paradoxalmente, a torna ainda mais fascinante. A premissa é simples: um jovem cirurgião com autismo e Síndrome de Savant entra para o renomado Hospital San José St. Bonaventure. A partir daí, acompanhamos suas lutas profissionais, pessoais e sociais, num mergulho profundo na complexidade de seus relacionamentos e na luta por aceitação.
Um olhar sob o bisturi da narrativa
A série, criada por David Shore (o mesmo de House), inicialmente causou certo desconforto. A representação do autismo, tão sensível e passível de cair em estereótipos, foi tratada com um cuidado notável, pelo menos em suas primeiras temporadas. Highmore entrega uma performance excepcional, construindo um Shaun Murphy que é, simultaneamente, brilhante e vulnerável, impulsivo e meticuloso. O roteiro, no entanto, nem sempre consegue acompanhar a sutileza da atuação principal. Há momentos de melodrama previsível e arcos narrativos que parecem mais focados em servir a uma fórmula televisiva do que em aprofundar a complexidade dos personagens.
O elenco de apoio, que inclui Fiona Gubelmann, Will Yun Lee e Christina Chang, forma um conjunto sólido, embora alguns personagens caiam em arquétipos televisivos comuns. A direção varia em qualidade ao longo das temporadas, com alguns episódios brilhando pela sensibilidade na condução de cenas emocionais e outros se perdendo em ritmo moroso e clichês narrativos.
Atributo | Detalhe |
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Criador | David Shore |
Elenco Principal | Freddie Highmore, Fiona Gubelmann, Will Yun Lee, Christina Chang, Paige Spara |
Gênero | Drama |
Ano de Lançamento | 2017 |
Produtoras | ABC Studios, 3AD, Sony Pictures Television, ABC Signature |
Pontos Altos e Baixos de um Diagnóstico Televisivo
A série se destaca pela exploração de temas importantes: a inclusão, o preconceito, a capacidade de superação e o relacionamento entre colegas de trabalho. Shaun Murphy, apesar de suas dificuldades de comunicação e interação social, revela uma capacidade empática que muitas vezes ultrapassa a de seus pares neurotípicos. Esta perspectiva é o coração pulsante da série, e é o que realmente conquista o público. Por outro lado, o sentimentalismo exacerbado, a necessidade de resolver todos os conflitos em cada episódio e a previsibilidade de certos arcos narrativos acabam por diluir, em alguns momentos, a força da premissa inicial. A série, em seu esforço em abordar temas relevantes, às vezes parece se perder em seu próprio ativismo, esquecendo-se de priorizar uma narrativa mais coesa e surpreendente.
Um legado para a televisão?
Em 2025, olhando retrospectivamente para The Good Doctor, é difícil ignorar sua influência na representação do autismo na televisão. Apesar das suas falhas, a série abriu portas para um tipo de narrativa que antes era menos frequente. Se algumas críticas apontavam para uma certa superficialidade, outras reconheciam o mérito da tentativa de humanizar uma condição muitas vezes estigmatizada. A série, embora não tenha revolucionado a televisão, certamente deixou sua marca.
Recomendação Final: Vale a pena assistir?
Sim, vale a pena dar uma chance a The Good Doctor. Apesar das suas imperfeições, a performance de Freddie Highmore e a abordagem de temas relevantes compensam os momentos mais previsíveis e melodramáticos. Recomendaria, porém, que o telespectador se prepare para uma experiência televisiva com altos e baixos, e esteja ciente de que a qualidade da narrativa pode oscilar ao longo das temporadas. A série é, em última instância, um estudo de personagem fascinante, capaz de despertar reflexões importantes. É uma cirurgia emocional, nem sempre precisa, mas que, no seu todo, deixa uma marca.