Bad Boys: Até o Fim – A Velha Guarda Ainda Sabe Brincar?
Em 2024, quase um ano e meio após sua estreia nos cinemas brasileiros, me vi finalmente assistindo a Bad Boys: Até o Fim. A expectativa era alta, misturada com uma pontinha de ceticismo. Afinal, Will Smith e Martin Lawrence, os pilares dessa franquia, já não são mais os jovens impetuosos de “Bad Boys I” e “II”. A sinopse, sem spoilers, nos apresenta Mike Lowrey e Marcus Burnett novamente na linha de frente, desta vez tendo que limpar o nome de seu falecido ex-capitão, o que os coloca, ironicamente, como os mais procurados de Miami. Um enredo familiar, mas com a promessa de muita ação e, claro, comédia.
A dupla de diretores, Adil El Arbi e Bilall Fallah, que já havia comandado o competente “Bad Boys para Sempre” (2020), entrega uma direção eficiente, sem grandes arroubos de inovação, mas que serve bem a narrativa. A câmera acompanha os atores com desenvoltura, valorizando as sequências de ação – que, apesar de previsíveis, são executadas com energia e ritmo. O roteiro, assinado por Chris Bremner e Will Beall, peca em alguns momentos pela previsibilidade, principalmente nos diálogos. Há momentos de brilho, com piadas que funcionam bem com a dinâmica da dupla, mas outros que se perdem em situações já vistas e repetitivas. Senti falta de uma criatividade mais ousada, uma dose extra de cinismo na trama, que talvez pudesse dar mais fôlego para a história, que já se arrasta por quatro filmes.
As atuações, no entanto, são o ponto forte do filme. Will Smith e Martin Lawrence demonstram uma química invejável, construída ao longo de quase três décadas. A familiaridade entre os personagens transparece na tela, garantindo que mesmo com um roteiro que tropeça em alguns momentos, o humor e a tensão sejam mantidos. Vanessa Hudgens, Alexander Ludwig e Paola Nuñez compõem o elenco de apoio, entregando atuações sólidas, sem roubar a cena da dupla principal, o que é essencial.
Atributo | Detalhe |
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Diretores | Adil El Arbi, Bilall Fallah |
Roteiristas | Chris Bremner, Will Beall |
Produtores | Chad Oman, Will Smith, Doug Belgrad, Jerry Bruckheimer |
Elenco Principal | Will Smith, Martin Lawrence, Vanessa Hudgens, Alexander Ludwig, Paola Nuñez |
Gênero | Ação, Comédia, Crime, Thriller, Aventura |
Ano de Lançamento | 2024 |
Produtoras | Westbrook, Columbia Pictures, Don Simpson/Jerry Bruckheimer Films, 2.0 Entertainment |
O filme, apesar de seus méritos, apresenta pontos fracos. Como mencionado, a previsibilidade da trama é um problema. Algumas reviravoltas são facilmente antecipadas, e o roteiro se apoia demais na dinâmica já estabelecida da dupla. A sensação de “já visto” é palpável em alguns momentos, o que diminui um pouco o impacto da experiência. Porém, a química entre Smith e Lawrence consegue carregar o longa. A nostalgia, aliás, é um elemento poderoso do filme; é um prato cheio para quem acompanha a franquia desde o início.
Bad Boys: Até o Fim explora os temas da amizade, lealdade e a passagem do tempo. Enquanto os filmes anteriores se concentravam mais na ação frenética e no humor, este longa insere uma camada de melancolia, especialmente ao refletir sobre a carreira e a longevidade da parceria de Lowrey e Burnett. A mensagem subjacente é uma celebração da amizade e da persistência, mesmo frente a situações complexas. A ação frenética de Miami, como sempre, serve como pano de fundo para essa jornada emocional, tão importante quanto a narrativa principal.
A recepção do público, ao menos que eu percebi nas redes sociais, no dia-a-dia e algumas semanas após o seu lançamento, foi morna, refletindo talvez a fadiga de uma franquia com quatro longas-metragens. Comparativamente ao terceiro filme, “Bad Boys para Sempre”, este novo capítulo parece ter caído em um limbo de expectativas. No entanto, acredito que a paixão pela dupla de detetives, a química irrefutável entre Smith e Lawrence e algumas sequências de ação memoráveis, compensam as fragilidades do roteiro.
Para os fãs de ação, comédia policial e, principalmente, para aqueles que apreciam a dinâmica de Smith e Lawrence, Bad Boys: Até o Fim é uma visita agradável ao mundo de Miami. Não espere grandes inovações ou reviravoltas surpreendentes, mas sim uma comédia policial divertida, com pitadas de nostalgia e ação, que cumpre o seu propósito: entreter. Recomendo o filme para quem procura um entretenimento leve e sem grandes pretensões, apreciando-o como um passeio nostálgico na companhia de dois amigos que se tornaram ícones do cinema de ação. Um filme melhor do que a média, com um charme único que se sustenta na química de seu elenco principal.