Kiss and Kill: Um Estudo de Caso em Frustração Eroticamente Embrulhada
Em 2017, Dean McKendrick nos presenteou (ou melhor, tentou nos presentear) com Kiss and Kill, um thriller romântico que, em teoria, deveria ter mexido com os meus sentidos. Na prática, deixou-me com uma sensação estranha, um misto de tédio e irritação que só um filme que se vende como algo e entrega outro consegue proporcionar. A sinopse, sem spoilers, promete uma trama de mistério envolvendo Katy, Jan, Harris, Carla e Adam, personagens interligadas em um jogo de sedução, traição e suspense. A promessa era de um “erotic thriller” que prometia explorar a tensão sexual como elemento central da narrativa. O resultado, infelizmente, ficou aquém.
A direção de McKendrick, que também assina o roteiro ao lado de Suzanne Cabot, demonstra uma falta de pulso narrativo que se torna evidente logo nos primeiros minutos. A tentativa de criar uma atmosfera carregada de erotismo é tosca, recorrendo a clichês e a uma estética visual que beira o pornográfico amador, corroborando a crítica que li anos depois: “This was the second time I’ve been tricked into watching softcore pornography under the pretence of it being an actual movie”. Não preciso dizer que eu concordo plenamente. A edição é desajeitada, os cortes abruptos quebram qualquer ritmo que o filme tenta estabelecer, resultando em uma experiência visual fragmentada e confusa.
O roteiro, por sua vez, é cheio de buracos e inconsistências. As motivações dos personagens são pouco claras, as reviravoltas previsíveis e o diálogo, em muitos momentos, simplesmente ridículo. Kira Noir, Eve Marlowe e Damian T. Raven, apesar de seus esforços, não conseguem salvar o filme. Suas atuações, presas em um roteiro medíocre, soam artificiais e forçadas, refletindo a falta de substância do material. A tentativa de criar personagens complexas e atraentes se perde na superficialidade dos diálogos e na falta de desenvolvimento psicológico.
Os pontos fortes? Difícil apontar muitos. A fotografia, em alguns momentos, tenta criar uma atmosfera intrigante, mas falha em sustentar a proposta estética. A trilha sonora, também, ajuda a criar suspense, mas não é suficiente para compensar as falhas do roteiro e da direção.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Dean McKendrick |
| Roteiristas | Dean McKendrick, Suzanne Cabot |
| Produtor | Sal V. Miers |
| Elenco Principal | Kira Noir, Eve Marlowe, Damian T. Raven, Madeleine Wade, Jay Smooth |
| Gênero | Mistério, Thriller, Romance |
| Ano de Lançamento | 2017 |
| Produtora | Retromedia Entertainment |
Os temas explorados, sexo e traição, são abordados de forma superficial e estereotipada. A mensagem, se é que existe alguma, se perde na profusão de cenas de nudez gratuitas que, longe de acrescentar algo à narrativa, só servem para mascarar a ausência de conteúdo real.
Em resumo, Kiss and Kill é um filme que decepciona em todos os níveis. Desde a direção desastrosa até as atuações pouco convincentes, passando por um roteiro fraco e inconsistente, tudo contribui para uma experiência cinematográfica frustrante. A produção da Retromedia Entertainment não conseguiu elevar o filme acima do status de softcore mal produzido. Em 2025, olhando para trás, percebo que não houve nenhum renascimento crítico para a obra. É um filme esquecível, e gostaria de ter esquecido antes mesmo de começar a assistir. Eu não recomendo Kiss and Kill para ninguém, a menos que você tenha um fascínio peculiar por filmes que prometem muito e entregam pouco – e mesmo assim, duvido que a experiência seja compensadora. A menos que você goste de softcore despretensioso e esteja preparado para se decepcionar profundamente, evite.




