Sirāt: Uma Ode à Melancolia e à Busca pela Redenção
Oliver Laxe, cineasta que sempre nos presenteia com vislumbres cruéis e belos da condição humana, retorna em 2025 com Sirāt, um drama musical que se insinua na pele como um abraço gélido. Lançado em 19 de setembro de 2025, o filme, que conta com um elenco impecável encabeçado por Sergi López, Bruno Núñez e Jade Oukid, não é para os fracos de estômago. É uma jornada introspectiva, sem concessões, que nos deixa em silêncio, reverberando com as imagens e melodias por dias após a sessão.
Sirāt, numa tradução livre, significa “caminho” ou “trajeto”, e o filme honra esse título com maestria. A sinopse, sem revelar muito, apresenta uma narrativa entrelaçada de personagens que parecem perdidos em um labirinto existencial, buscando redenção em meio a um turbilhão de emoções e eventos. Drama, música e thriller se misturam, criando uma atmosfera opressiva, porém fascinante.
A direção de Oliver Laxe é, como sempre, precisa e visceral. Ele utiliza a câmera como um personagem ativo na história, mergulhando o espectador na atmosfera densa e claustrofóbica. As longas tomadas, quase hipnóticas, constroem uma atmosfera de suspense palpável, sem depender de sustos baratos. A música, elemento fundamental da trama, intensifica a carga emocional, funcionando como uma trilha sonora da alma, expondo a fragilidade e a resiliência de cada personagem.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Oliver Laxe |
Roteiristas | Oliver Laxe, Santiago Fillol |
Produtores | Agustín Almodóvar, Pedro Almodóvar, Xavier Font, Oliver Laxe, Oriol Maymó, Mani Mortazavi, Andrea Queralt |
Elenco Principal | Sergi López, Bruno Núñez, Jade Oukid, Richard Bellamy, Stefania Gadda |
Gênero | Drama, Música, Thriller |
Ano de Lançamento | 2025 |
Produtoras | 4 A 4 Productions, El Deseo, Filmes da Ermida, Uri Films, Los Desertores Films |
O roteiro, assinado pelo próprio Laxe e Santiago Fillol, é inteligentemente lacunar. Ele não explica tudo, deixando espaço para a interpretação e mergulhando o espectador na subjetividade das personagens. Este minimalismo narrativo, que poderia ser um defeito em outras mãos, é aqui uma força, uma virtude que intensifica o impacto emocional do filme.
As atuações são de tirar o fôlego. Sergi López, como Luis, entrega uma performance contida, porém carregada de dor e resignação. Bruno Núñez, como Esteban, e Jade Oukid, como Jade, complementam o elenco com interpretações igualmente poderosas, explorando a complexidade de seus personagens com sutileza e precisão. O ritmo lento e deliberado permite que a atuação seja o foco, e os atores se entregam completamente, revelando a fragilidade e força inerentes a cada um.
Apesar de sua beleza estética e impacto emocional, Sirāt não é isento de falhas. A lentidão que funciona como força motriz em alguns momentos, em outros pode parecer arrastada para um público mais acostumado a narrativas ágeis. A trama, por ser enigmática, pode frustrar aqueles que buscam respostas fáceis e conclusões amarradas em um laço.
O filme, no entanto, não busca respostas fáceis. Sirāt é uma exploração profunda da culpa, da redenção, da busca pela identidade e do peso do passado. As imagens e a música, ao invés de criar uma narrativa linear, teceram um bordado de sensações e emoções que transcendem a simples trama. É uma obra contemplativa que exige atenção, paciência e, sobretudo, uma abertura para a experiência estética pura.
Ao final da projeção, a sensação é de incômodo, mas também de profunda admiração. A obra de Laxe é uma daquelas que nos marcam profundamente. Não se trata de um filme que agrada a todos, mas é um filme importante, um filme que incomoda, questiona e fica na memória. Recomendo Sirāt para aqueles que buscam uma experiência cinematográfica autêntica, intensa e memorável. Se você busca entretenimento fácil, talvez este não seja o filme ideal. Mas se está disposto a se entregar a uma jornada introspectiva e visceral, prepare-se para ser profundamente tocado. A recepção pela crítica ainda está em desenvolvimento, mas prevejo um futuro promissor para o filme em festivais e debates cinematográficos.