O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos – Um Espetáculo Piromaníaco com um Coração de Ouro (ou não?)
Onze anos se passaram desde que Peter Jackson nos presenteou com a conclusão da trilogia de O Senhor dos Anéis, e em 2014, chegava aos cinemas O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos, o terceiro e último capítulo da prequela que, honestamente, eu ainda não consigo engolir como uma experiência completa e satisfatória. O filme entrega exatamente o que promete: uma batalha épica, um festival de efeitos visuais e um elenco talentoso. Mas será que isso basta para justificar o seu peso – e duração – excessivos? Eis a questão que me atormenta desde 10 de dezembro de 2014, data em que vi o longa nos cinemas.
A sinopse, sem spoilers, é simples: a ameaça de Smaug é eliminada, mas a paz não se instala em Erebor. Uma luta implacável pelo tesouro da montanha opõe anões, elfos e homens, e Bilbo, no meio da confusão, tenta, mais uma vez, manter a sanidade (e a vida) em meio ao caos. Gandalf, como sempre, tenta orquestrar uma solução pacífica, mas a ganância e a sede de vingança parecem ser forças muito maiores. A trama, adaptada do livro de Tolkien, se torna um palco para um conflito grandioso, porém, para mim, um tanto desorganizado e apressado.
A direção de Peter Jackson é, como sempre, impecável no quesito espetáculo visual. As batalhas são grandiosas, os efeitos especiais são exuberantes (ainda impressionantes em 2025, devo dizer), e a reconstituição de um mundo fantástico é deslumbrante. Entretanto, a grandiosidade visual por vezes ofusca o desenvolvimento de personagens e trama. O roteiro, creditado a Guillermo del Toro, Peter Jackson, Philippa Boyens e Fran Walsh, sofre de um problema comum em trilogias baseadas em livros mais enxutos: a necessidade de alongar a narrativa. E isso, meus amigos, resulta numa batalha épica, sim, mas também extensa e, em alguns momentos, cansativa. Há momentos de pura ação ininterrupta que, apesar do espetáculo visual, carecem de respiro, de um desenvolvimento mais orgânico da narrativa.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Peter Jackson |
Roteiristas | Guillermo del Toro, Peter Jackson, Philippa Boyens, Fran Walsh |
Produtores | Carolynne Cunningham, Peter Jackson, Fran Walsh, Zane Weiner |
Elenco Principal | Ian McKellen, Martin Freeman, Richard Armitage, Orlando Bloom, Evangeline Lilly |
Gênero | Ação, Aventura, Fantasia |
Ano de Lançamento | 2014 |
Produtoras | New Line Cinema, Metro-Goldwyn-Mayer, WingNut Films |
O elenco, por sua vez, é impecável. Ian McKellen, como Gandalf, permanece soberbo. Martin Freeman é um Bilbo Baggins encantador, Richard Armitage entrega um Thorin Oakenshield complexo e fascinante, e o restante do elenco se destaca em seus papéis. A química entre os atores, principalmente entre Freeman e McKellen, salva a pele do longa em diversos momentos. Mas mesmo o talento de um elenco consagrado não consegue compensar o peso de um roteiro que se perde em sua própria grandiosidade.
Um dos pontos fortes do filme é, sem dúvida, a exploração do tema da ganância e sua capacidade de corromper até mesmo os melhores corações. A transformação de Thorin, por exemplo, é um ponto alto, porém, em minha opinião, podia ter sido melhor explorado. A amizade improvável entre Bilbo e os anões continua sendo um ponto central e cativante, mas a pressa narrativa muitas vezes prejudica o desenvolvimento desse laço. A mensagem subjacente sobre a importância da amizade e da compaixão, ainda que presente, fica ofuscada pela avalanche de efeitos especiais e violência.
Um dos pontos fracos, como já mencionei, é a duração excessiva, que resulta numa narrativa atropelada. A batalha final, apesar de visualmente impressionante, parece um turbilhão de acontecimentos sem o devido tempo de respirar. A resolução de alguns conflitos se dá de forma abrupta e não totalmente satisfatória, o que, para um fã de Tolkien, pode ser particularmente decepcionante.
Em suma, O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos é um filme visualmente deslumbrante e repleto de ação, com atuações sólidas. No entanto, o roteiro apressado e a duração excessiva prejudicam a experiência como um todo. É um filme que você deve assistir se aprecia efeitos especiais e batalhas épicas em larga escala, mas não espere uma obra-prima na altura de O Senhor dos Anéis. Se você busca uma narrativa mais refinada, aprofundada e uma jornada emocional mais impactante, talvez seja melhor optar por rever a trilogia original. Recomendo o filme com ressalvas, principalmente para aqueles que buscam uma experiência cinematográfica mais equilibrada entre espetáculo e substância. A grandiosidade, às vezes, pesa mais do que deveria.