Neo-Tóquio, 2019. Uma cidade futurista, cicatrizada por uma explosão cataclísmica em 1988, pulsa com violência e mistério. Gangues de motoqueiros dominam as ruas, a sombra de um poder insondável paira sobre o governo e, no centro de tudo isso, estão Kaneda e Tetsuo, dois amigos cujas vidas mudarão para sempre com a descoberta de uma criança com poderes sobrenaturais. Essa é a premissa de Akira, um filme de animação que, 37 anos após seu lançamento original, em 1988, continua a nos assombrar e a desafiar. Sua estreia no Brasil, em 19/10/1988, marcou época, e até hoje sua influência é palpável.
Uma Obra-Prima Animada de Neo-Tóquio
Dirigido e co-roteirizado pelo mestre Katsuhiro Otomo, Akira é mais do que um filme de ação; é uma experiência visceral, uma imersão num universo cyberpunk brutalmente honesto e visualmente deslumbrante. O estilo de animação, mesmo para os padrões atuais, é impressionante. Cada cena respira energia, desde as frenéticas perseguições de moto até as cenas mais contemplativas, carregadas de simbolismo. O detalhe em cada quadro, a fluidez das animações, a escolha das cores – tudo contribui para criar uma atmosfera única, opressiva e fascinante. Otomo não apenas dirige, mas conduz uma orquestra de talento, com as atuações de voz dos atores japoneses, como 岩田光央 (Shotaro Kaneda), 佐々木望 (Tetsuo Shima), e Mami Koyama (Kei), sendo tão memoráveis quanto a própria animação. Até mesmo as atuações dos atores que interpretam personagens com menos tempo em tela, como 石田太郎 (Coronel Shikishima) e 鈴木瑞穂 (Dr. Ônishi), são fortes e contribuem para a construção do mundo e atmosfera.
O roteiro, co-escrito com Hashimoto Izo, é denso, complexo e multifacetado. Ele não se limita a contar uma história; ele explora temas complexos, como a natureza do poder, a corrupção, a destruição e a busca pela redenção. A trama se desenrola de forma magistral, alternando momentos de ação explosiva com reflexões filosóficas profundas, construindo uma narrativa que te prende do início ao fim, mesmo com seu ritmo, em alguns momentos, mais lento, pensado para a construção da atmosfera de um mundo apocalíptico.
Força e Fraqueza em um Cenário Distópico
Um dos pontos fortes inegáveis de Akira é sua estética visual. A Neo-Tóquio de Otomo é uma obra-prima de arte cyberpunk, uma representação visceral de uma sociedade decadente, cheia de contrastes e repleta de detalhes fascinantes. A animação em si é uma demonstração de maestria, ultrapassando, em alguns aspectos, filmes de animação contemporâneos. A trilha sonora também contribui para a imersão, intensificando as emoções de cada cena.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | 大友克洋 |
Roteiristas | 橋本以蔵, 大友克洋 |
Produtores | Shunzo Kato, Ryohei Suzuki |
Elenco Principal | 岩田光央, 佐々木望, Mami Koyama, 石田太郎, 鈴木瑞穂 |
Gênero | Animação, Ficção científica, Ação |
Ano de Lançamento | 1988 |
Produtoras | MBS, Sumitomo Corporation, TOHO, Studio Fuga, Kodansha, Tokyo Movie Shinsha, Bandai, Hakuhodo, LaserDisc Corporation |
Por outro lado, a complexidade do roteiro, que é um trunfo em muitos aspectos, pode também ser visto como uma falha para alguns espectadores. A narrativa é rica em simbolismo e subtextos, o que exige atenção e interpretação. Certos elementos da trama podem parecer confusos ou até mesmo desconexos para quem busca uma história linear e simples. Ainda que a complexidade da trama adicione profundidade, ela também pode representar uma barreira para alguns.
Mensagens Através do Caos
Akira transcende o gênero de ficção científica de ação. O filme é uma profunda metáfora sobre os perigos do poder desenfreado, a natureza da guerra e os horrores do experimento científico descontrolado. A jornada de Tetsuo, em particular, serve como um estudo fascinante da corrupção e da destruição causada pelo desejo de poder absoluto. A temática de experimentos humanos e o uso de indivíduos para o poder estatal são temas tão relevantes hoje quanto eram em 1988 e, sem dúvida, continuarão a ser por muitos anos.
Veredito: Uma Obra-Prima que Resiste ao Tempo
Apesar de algumas possíveis dificuldades em acompanhar a trama, por sua complexidade, Akira é uma obra-prima indiscutível da animação, um filme que transcende gerações e continua relevante em 2025. A força de sua estética visual, a profundidade de sua narrativa e a força de suas mensagens perduram até hoje. Recomendo fortemente a experiência a todos que apreciam filmes de animação, ficção científica, ou mesmo aqueles que buscam uma narrativa complexa e visualmente deslumbrante. A experiência de assistir a Akira em plataformas digitais ou em qualquer mídia física disponível permanece uma experiência imperdível para amantes do cinema. Se você ainda não assistiu, faça-o. Prepare-se para ser transportado para a caótica, fascinante e apocalíptica Neo-Tóquio.