Cores do Tempo: Uma viagem deliciosa, porém ligeiramente superficial
Cédric Klapisch, o mestre francês do cinema leve e observador, nos presenteia com “Cores do Tempo”, um filme que estreou em 21 de setembro de 2025 e promete ser uma das comédias dramáticas mais charmosas do ano. A sinopse oficial é concisa: uma jovem, Adèle, se encontra em uma jornada de autodescoberta, cruzando caminhos com personagens vibrantes e momentos cruciais em diferentes períodos de tempo, com um foco especial na França dos anos 1890. Mas a verdadeira magia reside na execução.
A trama se desenrola de forma inteligente, alternando entre a vida moderna de Adèle e os fantasmas do passado, criando um diálogo intrigante entre épocas. Sem revelar muito, a jornada de Adèle é pontuada por encontros inesperados, risos sinceros e reflexões profundas sobre identidade, arte e o peso das heranças familiares. Klapisch, com sua maestria habitual, tece uma narrativa que dança levemente entre a comédia e o drama, sem jamais perder o equilíbrio. A escolha por focar na França dos anos 1890, com sua estética visualmente rica, confere ao filme um charme nostálgico irresistível.
A direção de Klapisch é impecável. Sua câmera se move com a mesma delicadeza e precisão de um pincel sobre uma tela. Cada plano é uma obra de arte, captando a beleza da Paris moderna e a atmosfera vibrante da Belle Époque. A escolha de cores é particularmente inspirada, criando um ambiente visualmente exuberante que acompanha a montanha russa emocional da protagonista.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Cédric Klapisch |
Roteiristas | Cédric Klapisch, Santiago Amigorena |
Produtores | Bruno Levy, Cédric Klapisch |
Elenco Principal | Suzanne Lindon, Abraham Wapler, Vincent Macaigne, Julia Piaton, Zinedine Soualem |
Gênero | Comédia, Drama |
Ano de Lançamento | 2025 |
Produtoras | Ce Qui Me Meut Motion Pictures, Ce qui me meut, France 2 Cinéma, La Compagnie Cinématographique, Panache Productions |
As atuações são outro ponto alto. Suzanne Lindon, no papel de Adèle, entrega uma performance genuína e cativante, transmitindo a fragilidade e a força da sua personagem com maestria. Abraham Wapler, como Seb/Claude Monet (uma das surpresas mais felizes do filme), consegue capturar a essência do artista impressionista sem cair no pastiche. O elenco de apoio, incluindo Vincent Macaigne, Julia Piaton e Zinedine Soualem, completa o quadro com interpretações sólidas e personagens memoráveis.
Apesar de seus inúmeros méritos, “Cores do Tempo” não está isento de falhas. O roteiro, apesar de inteligente, em alguns momentos cede à tentação do apelo fácil, deixando algumas pontas soltas e temas pouco explorados. A narrativa, que busca abarcar tantas nuances, corre o risco de se diluir em alguns momentos, tornando a profundidade emocional um pouco superficial, apesar da beleza do conjunto. Essa falta de foco, embora minima, é sentida como um leve desapontamento para quem busca uma imersão completa na jornada de Adèle.
Apesar disso, “Cores do Tempo” é, no fim das contas, uma experiência cinematográfica deliciosa. O filme explora temas como a busca pela identidade, a importância das conexões humanas e o legado familiar com sensibilidade e leveza, sem jamais ser piegas ou sentimentalista em excesso. A mensagem principal, embora sutil, ecoa com clareza: a beleza da vida reside nas suas cores vibrantes, e a nossa jornada individual se enriquece através das conexões que construímos com o passado e com aqueles que nos cercam.
Recomendaria “Cores do Tempo” para aqueles que apreciam comédias dramáticas inteligentes, com um toque de nostalgia e uma estética visualmente exuberante. Se você está à procura de um filme que o faça sorrir, refletir e, talvez, até se emocionar, esta é uma ótima opção, a despeito de suas pequenas imperfeições. A experiência é, no fim, tão prazerosa quanto uma tarde ensolarada em um museu de arte, contemplando as cores do tempo. Prepare-se para se deixar levar por essa jornada encantadora!