Succession

Succession: Uma Dissecção da Família Roy e de Nossa Própria Humanidade

Em 22 de setembro de 2025, olhando para trás para a trajetória de Succession, a sensação é de uma profunda e inesquecível jornada. A série da HBO, finalizada há alguns anos, continua a ecoar na minha mente, não apenas como uma obra-prima da televisão, mas como um reflexo perturbadoramente preciso da ganância, do poder e da fragilidade da condição humana.

A série acompanha a disfuncional família Roy, liderada pelo patriarca implacável Logan Roy, e seus quatro filhos, Kendall, Roman, Shiv e Connor, na luta pelo controle de um império midiático global. Não esperem uma história linear com arcos previsíveis; Succession é uma dança complexa de traições, manipulação e uma busca incessante pela aprovação paterna – ou, na ausência dela, pela vingança. O espetáculo, apesar de se concentrar na elite ultrarriva, ressoa em temas universais, tornando-se uma experiência profundamente humana e, em momentos, hilariantemente cínica.

A Direção, o Roteiro e as Atuações Incomparáveis

A direção de Succession é impecável. Cada cena é meticulosamente construída, utilizando o silêncio e os olhares penetrantes com maestria para construir tensão e criar um clima opressivo que reflete a natureza sufocante da família Roy. O roteiro, escrito com uma elegância afiada, repleto de diálogos espirituosos e mordazes, é um deleite constante. As falas, frequentemente cruéis e imprevisíveis, são construídas com precisão milimétrica, expondo a natureza complexa e contraditória dos personagens.

E que elenco! Brian Cox como Logan é simplesmente avassalador. Sua interpretação imponente e aterrorizante é, ao mesmo tempo, fascinante e aterradora. Jeremy Strong, Kieran Culkin e Sarah Snook entregam performances de tirar o fôlego, dando vida aos irmãos Roy com uma nuance e profundidade emocionais incríveis. Cada um deles representa um espectro diferente do trauma familiar e da busca desesperada por validação. Matthew Macfadyen, como Tom Wambsgans, o marido de Shiv, rouba a cena com sua mistura única de subserviência e ambição. A química entre os atores é palpável, carregando cada interação com um peso específico.

Pontos Fortes e Fracos: Um Equilíbrio Delicado

A maior força de Succession reside na sua complexidade. A série evita maniqueísmos, apresentando personagens moralmente ambíguos, com virtudes e defeitos igualmente proeminentes. Não existe um “mocinho” ou um “vilão” claro. Essa ambivalência moral é o que torna a série tão cativante e perturbadoramente real.

Um possível ponto fraco, para alguns, pode ser o ritmo. A trama se desenvolve de forma lenta e metódica, com longos períodos de tensão sem resolução imediata. Contudo, esta lentidão calculada contribui para a atmosfera densa e claustrofóbica, essencial para captar a essência da série.

Temas e Mensagens: Um Espelho para a Sociedade

Succession explora temas profundos e complexos, como o poder corrosivo da riqueza, a disfuncionalidade familiar e a busca incessante pelo sucesso a qualquer custo. A série nos confronta com a natureza humana em sua forma mais crua, mostrando as consequências devastadoras da ganância e da falta de empatia. A série, lançada em 2018, antecipou de forma inquietante o acirramento das desigualdades sociais e a ascensão do populismo, refletindo um espelho distorcido, mas não menos verdadeiro, da sociedade atual.

Conclusão: Uma Obra-Prima que Vale a Pena (e Muito) Ser Assistida

Succession não é uma série para todos. Sua lentidão e seu pessimismo podem afastar alguns espectadores. No entanto, para aqueles que apreciam dramas complexos, ricos em personagens fascinantes e com uma escrita excepcional, a série é uma experiência imperdível. É uma obra-prima da televisão que ficará gravada na memória por muito tempo. Em 2025, eu a recomendo sem hesitação, seja em plataformas digitais de streaming ou em quaisquer outras formas de acesso disponíveis. Se você busca uma série que irá desafiá-lo e provocar reflexões profundas, não procure mais. Succession está à sua espera.