Strange Harvest

Strange Harvest: Uma Colheita Amarga de Suspense e Frustrações

Lançado em 2025, Strange Harvest prometia ser uma adição interessante ao crescente subgênero de terror found footage. A sinopse, simples e eficaz, apresenta uma investigação policial que se transforma num mergulho sinistro em um mundo de rituais obscuros e horrores inexplicáveis. Detetives desbravam um caso perturbador, encontrando-se cada vez mais próximos de uma verdade aterradora, filmada através das lentes trêmulas de suas próprias câmeras. Mas será que a promessa é cumprida? A resposta, como veremos, é um tanto complexa.

A direção de Stuart Ortiz, que também assina o roteiro, demonstra um conhecimento técnico admirável da linguagem do found footage. A câmera oscila, treme, capta imagens granulosas, reproduzindo com realismo a sensação de urgência e perigo. Há momentos de tensão genuína construídos com maestria, e a utilização inteligente da luz e sombra contribui para criar uma atmosfera opressiva e claustrofóbica. Entretanto, a própria estrutura found footage, que muitas vezes funciona como uma bengala narrativa, aqui se torna um obstáculo. A falta de uma visão estética mais consistente, alternando entre momentos de terror visceral e outros de banalidade visual, fragiliza o impacto geral do longa.

O roteiro, por sua vez, apresenta uma premissa interessante que, infelizmente, não é explorada com a profundidade que merecia. A trama se desenvolve de forma irregular, com alguns saltos narrativos que deixam o espectador um pouco perdido. Apesar do elenco apresentar esforços louváveis, com atuações sólidas de Peter Zizzo e Terri Apple como os detetives Kirby e Taylor, respectivamente, os personagens carecem de um desenvolvimento mais consistente. A construção dos vilões, especialmente, peca por superficialidade, tornando-se meros agentes do horror, sem a complexidade psicológica que poderia ter elevado o filme a um patamar superior. O mistério proposto é intrigante no início, mas a resolução, em minha opinião, decepciona, optando por uma explicação um tanto conveniente e previsível.

Os pontos fortes de Strange Harvest residem, sem dúvida, na atmosfera e nos momentos de verdadeiro suspense. A fotografia, apesar de irregular, consegue criar uma atmosfera palpável de medo e incerteza. O filme também consegue, em alguns momentos, evocar uma sensação de claustrofobia e desespero que prende a atenção do espectador. Por outro lado, os pontos fracos são gritantes. A narrativa, como já mencionado, é desequilibrada, com momentos de inércia que interrompem o ritmo da trama. A falta de profundidade nos personagens e a resolução pouco satisfatória do mistério deixam um gosto amargo na boca. A trama poderia ter explorado com maior profundidade a corrupção policial, o ocultismo e a exploração ritualística, temas que ficam apenas insinuados.

Em resumo, Strange Harvest é um filme de terror found footage que, apesar de apresentar alguns acertos técnicos e momentos de suspense genuíno, falha em explorar o potencial da sua premissa. A narrativa desequilibrada, a falta de profundidade nos personagens e a resolução previsível são seus principais defeitos. A produção, realizada pela Adorable Damage e Pathogen Pictures, apesar dos esforços evidentes, não consegue elevar o filme para além de um entretenimento mediano, um caso em que a técnica encontra-se desassociada de uma visão artística mais consistente. Recomendo-o apenas aos fãs ávidos do gênero que apreciam filmes de terror encontrados que priorizem atmosfera acima de uma narrativa impecável. Para outros espectadores, o investimento de tempo em Strange Harvest pode se revelar uma colheita amarga, como o próprio título sugere. A disponibilidade em plataformas digitais em 2025 será crucial para determinar o impacto deste lançamento no público.