Ready Player One: Uma Ode Nostálgica com Algumas Falhas na Matriz
Sete anos se passaram desde que Steven Spielberg nos transportou para o universo vibrante e caótico de OASIS em “Ready Player One”. Lembro-me claramente da expectativa em março de 2018, a promessa de uma aventura épica ancorada na nostalgia dos anos 80, uma década que marcou profundamente a minha própria formação. E, sim, o filme entrega em grande parte essa promessa, mas não sem alguns desvios que me impedem de proclamar-lhe uma obra-prima indiscutível.
O filme nos apresenta a Wade Watts, um órfão que encontra refúgio na realidade virtual do OASIS, um mundo imersivo e fantástico onde ele é conhecido como Parzival. Quando o criador do OASIS morre, ele deixa uma caça ao tesouro com um prêmio extraordinário: a posse total do jogo. Wade, ao lado de um grupo de amigos virtuais igualmente habilidosos, embarca nessa busca frenética, uma corrida contra o tempo e contra uma poderosa corporação que pretende controlar o OASIS para seu próprio benefício. A trama envolve puzzles intrincados baseados na cultura pop dos anos 80, criando um caleidoscópio de referências que, por vezes, chega a ser avassalador.
A direção de Spielberg é, como se espera, impecável. Ele equilibra a escala épica das cenas de ação dentro do OASIS com os momentos mais íntimos e introspectivos de Wade, transmitindo a complexidade de sua jornada com maestria visual. As cenas de ação são frenéticas e criativas, aproveitando a natureza ilimitada da realidade virtual para criar sequências visuais memoráveis. Apesar da profusão de referências, a narrativa flui com uma energia contagiante, dificilmente deixando o espectador entediado.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Steven Spielberg |
Roteiristas | Ernest Cline, Zak Penn |
Produtores | Donald De Line, Dan Farah, Kristie Macosko Krieger, Steven Spielberg |
Elenco Principal | Tye Sheridan, Olivia Cooke, Ben Mendelsohn, Lena Waithe, T.J. Miller |
Gênero | Aventura, Ação, Ficção científica |
Ano de Lançamento | 2018 |
Produtoras | Amblin Entertainment, Warner Bros. Pictures, Village Roadshow Pictures, De Line Pictures, Dune Entertainment |
Entretanto, o roteiro, baseado no livro de Ernest Cline, sofre de alguns problemas. A trama se torna, em alguns momentos, previsível, e algumas das reviravoltas, apesar de bem-executadas, carecem de um impacto tão significativo quanto poderiam ter. A caracterização dos personagens secundários, embora carismáticos, poderia ter sido mais desenvolvida. A representação de Art3mis, por exemplo, poderia ter explorado mais a fundo sua independência e complexidade, evitando alguns estereótipos.
As atuações são, no geral, sólidas. Tye Sheridan carrega o peso da narrativa com desenvoltura, e Olivia Cooke contracena com carisma. Ben Mendelsohn como o vilão Sorrento é convincente, com um tom ameaçador que funciona bem. A escolha de um elenco com diversidade também é digna de nota, refletindo a própria pluralidade do universo virtual do OASIS.
O filme é um triunfo da nostalgia, um deleite visual para os fãs da cultura pop dos anos 80. No entanto, ele tropeça em alguns pontos narrativos, falhando em explorar mais a fundo o potencial dos temas que aborda, como a alienação social e a relação entre realidade virtual e mundo real. A crítica de 2018 foi dividida, com alguns elogiando a ousadia visual e a celebração da nostalgia, enquanto outros criticaram sua dependência excessiva de referências e a simplificação de sua mensagem.
Apesar de suas falhas, “Ready Player One” é uma experiência cinematográfica memorável, um entretenimento de alta qualidade que, mesmo em 2025, ainda consegue cativar o espectador. A experiência proporcionada pela sua estética vibrante e pela sua energia eletrizante superam as suas imperfeições. Recomendo-o a todos os amantes de ficção científica, especialmente àqueles que cresceram nos anos 80 ou que apreciam a cultura pop dessa época. A experiência é uma montanha-russa nostálgica e visualmente espetacular, ainda que não seja uma obra-prima perfeita. Afinal, nem todos os mundos virtuais podem ser perfeitos.