Um Tira da Pesada 3

Um Tira da Pesada 3: A Divertida Queda de um Gigante?

Trinta e um anos depois de sua estreia em 24 de maio de 1994, revisitar Um Tira da Pesada 3 é como deparar com um amigo de infância que envelheceu mal. Aquele brilho nos olhos, a energia contagiante… tudo parece um pouco apagado, mas o afeto persiste. O filme, dirigido por John Landis, encontra Axel Foley (Eddie Murphy) em mais uma investigação frenética, desta vez começando com o assassinato de seu chefe em Detroit e o levando às portas do luxuoso WonderWorld, um parque temático em Beverly Hills. A trama, em essência, mantém a fórmula consagrada: mistério, perseguições alucinantes e a dinâmica de dupla policial, agora com Billy Rosewood (Judge Reinhold) e seu novo parceiro, Jon Flint (Héctor Elizondo), substituindo o inesquecível John Taggart.

A direção de Landis, embora competente, não consegue capturar a mesma energia vibrante dos filmes anteriores. Há uma sensação de fórmula, uma repetição de elementos que, em vez de confortáveis, se tornam cansativos. As piadas, que eram a alma da franquia, parecem forçadas em muitos momentos, dependendo mais da força de Eddie Murphy do que da escrita afiada de Steven E. de Souza. A química entre Murphy e Reinhold, a espinha dorsal dos filmes anteriores, também sofre. A ausência de John Taggart deixa um vazio, e a introdução de Jon Flint não consegue preencher essa lacuna, resultando numa dinâmica menos carismática.

Eddie Murphy, o coração e a alma de Axel Foley, carrega o filme nas costas. Ele ainda consegue arrancar risos, mesmo com o material menos inspirado, mas é evidente um esforço maior, uma tentativa de forçar a comicidade que antes fluía naturalmente. Seus momentos de improvisação, um dos pontos altos da franquia, são menos frequentes, e o personagem, aqui, parece um pouco cansado da própria fórmula. O roteiro, infelizmente, não lhe dá a oportunidade de brilhar como nos longas anteriores, ficando preso em uma trama convencional e previsível. A trama envolvendo falsificação de dinheiro e um policial corrupto em WonderWorld, embora funcione como pano de fundo para as cenas de ação, carece de originalidade e de uma profundidade que pudesse compensar a falta de charme.

Apesar dos defeitos, “Um Tira da Pescada 3” não é um completo desastre. As sequências de ação, especialmente as que se passam no próprio parque temático, são bem coreografadas e empolgantes. A perseguição no carrossel, por exemplo, é um momento memorável, que aproveita o cenário de forma criativa e insana. Há também lampejos de humor que demonstram que o espírito da franquia ainda existe, embora latente. A trilha sonora, como sempre, é adequada, acompanha bem as diversas cenas, sem se destacar de forma extraordinária, mas desempenhando seu papel com eficácia.

Mas a verdade é que, em 2025, “Um Tira da Pescada 3” se destaca principalmente pela nostalgia. É um filme que, apesar de seus problemas, preserva um certo charme antiquado. É divertido em momentos, mas falha em atingir as alturas dos seus antecessores. O público que assistiu aos filmes em 1994, revisitará o longa-metragem por pura nostalgia e talvez encontre alguns momentos divertidos. Para quem não é familiarizado com a franquia ou espera um filme excepcional de ação e comédia, provavelmente irá se decepcionar. A recepção na época já indicava um declínio da série, e os anos não têm sido gentis com este terceiro ato. Minha recomendação? Para fãs de carteirinha da franquia, vale uma conferida pela nostalgia. Para os demais, há opções muito melhores de entretenimento nas plataformas digitais. Dou 2,5 de 5 estrelas – uma nota que reflete a minha própria nostalgia combatida pela dura realidade de um filme que, embora não ruim, simplesmente não atinge o nível dos seus gloriosos antecessores.