Malhação: Um Clássico que Envelheceu Bem (ou Não?) – Uma Resenha de 2025
Malhação. O nome ecoa na memória de boa parte dos brasileiros, sinônimo de tardes de sábado e de dramas adolescentes que, por mais exagerados que fossem, sempre pareciam espelhar, de alguma forma, as angústias da juventude. Lançada em 1995, a série acompanhou gerações, reformulando seu elenco e suas tramas a cada temporada, sempre com o mesmo objetivo: explorar as complexidades da vida jovem, desde as relações familiares e os dilemas amorosos até as incertezas profissionais e o amadurecimento sexual. A série se propõe a ser um retrato da transição para a vida adulta, uma jornada de descobertas permeada por conflitos e crescimento pessoal.
A Direção, o Roteiro e as Atribulações da Juventude em Cena
Ao revisitar Malhação em 2025, a perspectiva é, inevitavelmente, nostálgica. O trabalho de direção, sob o comando de Adriano Melo, se mostra funcional, sem grandes excessos ou inovações visuais que marcassem época. O foco recai sobre a dinâmica dos personagens e o desenvolvimento das tramas – um trabalho que, dependendo da temporada, pode ter se mostrado mais ou menos eficaz. A escolha por um formato de soap opera permitiu uma abordagem serializada dos conflitos, construindo arcos narrativos que se estendiam por longos períodos, o que, para alguns, era um ponto positivo, para outros, um fator de desgaste.
O roteiro, assinado por uma equipe extensa incluindo nomes como Bíbi da Pieve, Alice Gomes e Emanuel Jacobina, demonstra uma vontade de abordar temas relevantes para os jovens, como a pressão familiar, as descobertas sexuais e as incertezas do futuro. No entanto, a abordagem nem sempre foi suave. Em algumas temporadas, o apelo ao melodrama se torna excessivo, resultando em tramas previsíveis e personagens caricatos. Apesar disso, a capacidade da série de abordar, ainda que de forma superficial em alguns momentos, temas considerados tabus em décadas passadas, demonstra uma sensibilidade considerável para a época.
Atributo | Detalhe |
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Criadores | Andréa Maltarolli, Emanuel Jacobina |
Diretor | Adriano Melo |
Roteiristas | Bíbi da Pieve, Alice Gomes, Jô Abdu, Márcio Wilson, Cláudio Lisboa, Emanuel Jacobina |
Elenco Principal | Alanis Guillen, Pedro Novaes, Palomma Duarte, Joaquim Lopes, Roger Gobeth |
Gênero | Soap, Comédia, Drama |
Ano de Lançamento | 1995 |
Produtoras | Cintra Produções, Estúdios Globo |
As atuações, como era de se esperar numa série com tantas temporadas e um elenco rotativo, variam muito em qualidade. Algumas temporadas se destacam por performances sólidas, que conseguem construir personagens memoráveis e cativantes, enquanto outras apresentam atuações mais inexperientes. Alanis Guillen, Pedro Novaes, Palomma Duarte e Joaquim Lopes, nomes destacados no elenco, carregam o peso das expectativas, enfrentando a tarefa de dar vida a personagens que precisam ser, simultaneamente, verossímeis e emocionalmente carregados.
Pontos Fortes, Pontos Fracos e o Legado da Série
Um dos grandes trunfos de Malhação reside na sua capacidade de se reinventar. Ao longo de suas temporadas, a série conseguiu se adaptar às mudanças culturais e tecnológicas, mantendo-se, ao menos em parte, relevante ao público jovem. A abordagem de diferentes grupos e realidades sociais, ainda que nem sempre perfeita ou isenta de estereótipos, representa um esforço de inclusão que merece destaque. Por outro lado, a longevidade da série também é a sua maior fragilidade. A repetição de fórmulas, a previsibilidade de algumas tramas e a oscilação na qualidade das atuações são pontos que afetam a experiência do espectador.
A principal mensagem da série, ao longo de sua extensa trajetória, é a importância da amizade, da família e da busca por si mesmo. A jornada dos personagens, repleta de altos e baixos, busca transmitir a ideia de que o crescimento pessoal é um processo contínuo e complexo. A abordagem de temas como sexualidade, religião e identidade de forma – mesmo que às vezes superficial – contribuiu para o sucesso da série junto ao público mais jovem.
Conclusão: Vale a Pena (Re)visitar Malhação?
Em 2025, revisitar Malhação é como folhear um álbum de fotos de família. Há momentos de alegria, nostalgia e até mesmo embaraço. A série não é perfeita, e seu legado é repleto de altos e baixos, refletindo a própria complexidade da transição para a vida adulta. Apesar das suas falhas, Malhação ocupa um lugar importante na história da televisão brasileira, e a sua influência na cultura popular é inegável. Recomendo a sua (re)visão, principalmente para aqueles que buscam uma perspectiva histórica sobre a representação da juventude na televisão nacional, porém, com a expectativa ajustada para uma obra com suas virtudes e inegáveis defeitos. Se você procura uma produção impecável, com roteiro e atuações sempre consistentes, talvez Malhação não seja a sua melhor opção. Mas se você está disposto a se entregar à nostalgia e a observar a evolução de uma obra que marcou gerações, então, vale a pena embarcar nessa jornada. A série está disponível em plataformas digitais e, em alguns momentos, talvez seja melhor acessá-la aos poucos, temporada por temporada, a fim de melhor absorver suas qualidades e superar seus defeitos.