Prometheus: Uma Odisséia Ambiciosa, Incompleta
Prometheus, lançado em 2012 e que eu assisti pela enésima vez há alguns dias, continua a ser um filme que me fascina e me frustra em medidas quase iguais. Ridley Scott, o mestre do terror sci-fi, retorna ao universo de Alien com uma prequela que busca desvendar as origens da humanidade, uma jornada espacial repleta de mistérios, criaturas assustadoras e uma ambição quase divina. A sinopse, sem spoilers, resume-se a uma expedição científica rumo a um planeta distante, em busca de respostas sobre nossa própria criação. O que eles encontram, porém, está muito além de suas expectativas.
A direção de Scott é, sem dúvida, um dos pontos altos do filme. A fotografia é deslumbrante, criando uma atmosfera opressiva e misteriosa que permeia cada cena. Os cenários são de tirar o fôlego, desde as naves espaciais futuristas até as paisagens alienígenas de tirar o fôlego. A estética Lovecraftiana, com suas ruínas antigas e a promessa de horrores cósmicos, é magistralmente executada. No entanto, a narrativa, escrita por Jon Spaihts e Damon Lindelof, é onde o filme patina. Há uma sensação de pressa em alguns momentos, e outros parecem se arrastar sem propósito aparente, deixando o espectador às vezes perdido em meio a tantos mistérios que não são totalmente resolvidos.
O elenco é impecável. Noomi Rapace entrega uma Elizabeth Shaw complexa e determinada, enquanto Michael Fassbender rouba a cena como David, o androide enigmático e inquietante, uma performance memorável que fica para a história. Charlize Theron, Idris Elba e Guy Pearce também contribuem com atuações sólidas, embora seus personagens, em alguns casos, sejam mal utilizados pelo roteiro.
Atributo | Detalhe |
---|---|
Diretor | Ridley Scott |
Roteiristas | Jon Spaihts, Damon Lindelof |
Produtores | Ridley Scott, Walter Hill, David Giler |
Elenco Principal | Noomi Rapace, Michael Fassbender, Charlize Theron, Idris Elba, Guy Pearce |
Gênero | Ficção científica, Aventura, Mistério |
Ano de Lançamento | 2012 |
Produtoras | Dune Entertainment, 20th Century Fox, Brandywine Productions, Scott Free Productions |
A atuação de Fassbender como David, inclusive, é o principal trunfo do longa. Sua interpretação sutil, com nuances que só um ator de sua calibre consegue alcançar, transforma um personagem que poderia ser facilmente unidimensional em algo fascinante e perturbador. A frieza calculista de David, contrastando com sua capacidade quase humana de observação e aprendizado, gera um desconforto constante, algo que se encaixa perfeitamente na atmosfera geral do filme.
A maior falha de Prometheus, acredito, reside em seu roteiro. A promessa de um épico sobre a origem da humanidade fica aquém da execução, com alguns plot twists previsíveis e um final que, embora tenha deixado uma marca, deixou mais perguntas do que respostas. Há um evidente “God complex” presente em alguns personagens, explorando a arrogância e o perigo da busca pelo conhecimento sem limites. A exploração superficial de temas como a criação, a mutação genética e a intervenção divina em nossa história – explorada através de estranhas pinturas rupestres e achados arqueológicos – fica comprometida pela falta de profundidade da narrativa. A promessa de uma obra-prima ficou no caminho, como algumas críticas de 2012 já previam.
Apesar das falhas, Prometheus é um filme que, em 2025, ainda vale a pena ser visto. Sua estética impecável, a atuação brilhante de Michael Fassbender, e a ambição de sua proposta o elevam acima de muitos filmes de ficção científica lançados posteriormente. Ele desperta reflexões profundas sobre a nossa existência e o nosso lugar no universo, mesmo que não forneça todas as respostas que promete. A sequência de emergência cirúrgica, por exemplo, é um exemplo de como a tensão e a angústia podem ser magistralmente construídas em um longa. Apesar dos cortes no roteiro original e do final decepcionante para alguns, a experiência estética e filosófica valem o investimento. Recomendaria sua exibição em plataformas digitais, principalmente para aqueles que apreciam o gênero e que não se importam com os vazios narrativos. Um filme que, para mim, representa uma jornada ambiciosa, mas incompleta.
Em resumo, Prometheus é um filme imperfeito, mas fascinante. Sua beleza visual, o mistério de sua trama, e a performance icônica de Michael Fassbender o tornam uma obra digna de ser revisitada, principalmente se a apreciação for ponderada ao lado de suas diversas falhas. A minha recomendação é para quem gosta de um bom thriller de ficção científica que, apesar de algumas fragilidades, ainda consegue ser envolvente e estimulante.