Bruce Springsteen: um mito imortalizado na tela? Springsteen: Salve-me do Desconhecido chega aos cinemas em 2025 prometendo mergulhar na alma conturbada de um jovem “Boss” à beira da fama, e, para minha surpresa, o filme cumpre, em grande parte, essa promessa audaciosa. A sinopse já entrega o básico: acompanhamos Springsteen em um momento crucial, às voltas com as expectativas do sucesso e os fantasmas de um passado que insiste em assombrá-lo. Mas a experiência vai muito além da simples biografia musical.
Scott Cooper, na direção e no roteiro, opta por uma abordagem intimista, quase claustrofóbica. A câmera acompanha Springsteen de perto, traduzindo em imagens a angústia que permeia sua jornada. A fotografia, com seu tom sombrio e realista, contribui para uma atmosfera carregada de tensão, que se intensifica na medida em que o filme avança. A trilha sonora, claro, é um personagem à parte, pontuando os momentos cruciais com as canções que consagrariam o artista, mas usadas com parcimônia, sem cair no lugar comum de um mero apanhado de sucessos.
Jeremy Allen White, conhecido por sua performance intensa em “The Bear”, entrega uma interpretação visceral de Springsteen. Ele consegue capturar a fragilidade e a força do músico, a vulnerabilidade que se esconde por trás da imagem pública imponente. O elenco de apoio também brilha: Jeremy Strong como o visionário Jon Landau, e Paul Walter Hauser como Mike Batlan, constroem personagens convincentes, sem cair em caricaturas. A escolha de Stephen Graham como Doug “Dutch” Springsteen, o irmão de Bruce, funciona perfeitamente, trazendo à tela a complexa relação entre os dois. Odessa Young, como Faye, a musa inspiradora, adiciona uma dimensão romântica à narrativa, sem que essa se torne o foco principal.
Mas, como todo filme com pretensões de grandeza, Springsteen: Salve-me do Desconhecido não está isento de falhas. Em alguns momentos, o ritmo se torna lento demais, o que pode cansar o espectador menos paciente. O roteiro, por vezes, se perde em alguns detalhes desnecessários, desviando um pouco a atenção do arco central da história.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Scott Cooper |
Roteirista | Scott Cooper |
Produtores | Scott Stuber, Ellen Goldsmith-Vein, Eric Robinson, Scott Cooper |
Elenco Principal | Jeremy Allen White, Jeremy Strong, Paul Walter Hauser, Stephen Graham, Odessa Young |
Gênero | Drama, Música |
Ano de Lançamento | 2025 |
Produtoras | 20th Century Studios, The Gotham Group, Town Line |
No entanto, as virtudes superam os defeitos. O filme explora, com sensibilidade e honestidade, temas complexos como depressão, saúde mental e a pressão da fama. Ele vai além do glamour do rock n’ roll, mostrando a face humana por trás do ícone. É um retrato cru, sem filtros, que nos aproxima de um artista que, apesar de sua aura quase mitológica, continua a ser, em essência, um homem lutando contra seus próprios demônios.
Ao fim da sessão, a sensação que permanece é de uma experiência profundamente tocante, e quase catártica. Springsteen: Salve-me do Desconhecido não é apenas um filme sobre Bruce Springsteen, mas uma reflexão sobre a fragilidade humana, a importância das relações e a busca por sentido em meio à tempestade. É um filme para ser visto, sentido e debatido. Recomendo fortemente a todos que buscam uma narrativa que extrapola o biopic tradicional, oferecendo uma visão mais introspectiva e visceral da trajetória de um gigante da música. A experiência, para mim, transcendeu a mera apreciação cinematográfica, tornando-se um mergulho na alma de um artista e uma reflexão sobre o custo do sucesso.