O Show de Tom e Jerry: Uma dose de nostalgia com tempero moderno?
Dez anos após sua estreia, em 2014, O Show de Tom e Jerry continua a circular pelas plataformas de streaming, um marco que, por si só, já diz algo sobre sua longevidade e apelo. Mas será que essa nova versão da clássica dupla consegue capturar a magia dos desenhos animados que marcaram gerações? A resposta, como em qualquer boa perseguição de gato e rato, é mais complexa do que um simples sim ou não.
A sinopse é simples: Tom, o gato cinzento atrapalhado, persegue Jerry, o esperto ratinho marrom, em uma série de trapalhadas hilárias. A fórmula é familiar, mas a série expande o universo com a adição de personagens cativantes como Spike e Tyke, os adoráveis (e muitas vezes ameaçadores) cachorros; Butch, o gato rival de Tom; Tuffy, o sobrinho de Jerry; e Quacker, um simpático patinho. A dinâmica entre esses personagens, e a variedade de situações criadas, evitam que a fórmula se torne repetitiva, pelo menos em parte.
A direção de Darrell Van Citters demonstra uma compreensão do legado da dupla, buscando preservar a essência do humor físico e das gags visuais que sempre caracterizaram a animação. No entanto, aqui reside um dos principais pontos de discussão: a animação, embora fluida, não chega a ser brilhante. Ela falta aquela pitada de “genialidade visual” que tornava os clássicos tão memoráveis. Há uma sensação, às vezes, de que o orçamento, ou a ambição, foram contidos, resultando em uma produção visual competente, mas sem o fator “uau” que a elevou.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Darrell Van Citters |
Elenco Principal | Rick Zieff, Kath Soucie, Grey DeLisle, Stephen Stanton, Joey D'Auria |
Gênero | Família, Animação, Comédia, Kids |
Ano de Lançamento | 2014 |
Produtoras | Warner Bros. Animation, Renegade Animation |
As atuações de voz, embora não estejam no nível de um trabalho de dublagem de Oscar, se encaixam perfeitamente no tom da série. O elenco, com nomes como Rick Zieff (Spike), Kath Soucie (Tuffy) e Joey D’Auria (Butch/Droopy), compõe um ensemble que consegue transmitir a personalidade marcante dos personagens, mantendo um nível de energia adequado para a franquia.
Apesar dos pontos positivos, é preciso abordar os pontos fracos. Há momentos em que o humor se torna repetitivo, caindo na armadilha de apelar para gags fáceis e previsíveis, perdendo o toque de sofisticação e originalidade que definiam os desenhos originais. Também não se pode ignorar que a série parece direcionada ao público infantil, perdendo a sutileza e o humor adulto que, em alguns momentos, podiam ser encontrados nas produções mais antigas.
A série, em sua essência, transmite uma mensagem sutil sobre amizade e rivalidade. A relação caótica, mas em sua essência, amigável entre Tom e Jerry transcende a competição e mostra uma dinâmica complexa que, apesar de muito apelo de violência física, termina sempre em uma aceitação implícita de companheirismo. Essa é, talvez, a maior herança da produção: a perseverança da amizade na face da mais intensa competição.
Em resumo, O Show de Tom e Jerry é uma série divertida e, em alguns momentos, nostálgica. Ela consegue manter a chama acesa para uma nova geração, mas não consegue atingir as mesmas alturas de inovação e genialidade de seus antecessores. Recomendo para famílias com crianças pequenas, que apreciarão o humor físico e os personagens carismáticos. No entanto, fãs ávidos dos desenhos clássicos podem encontrar a produção um tanto abaixo do esperado, o que justifica a nota mediana que lhe atribuo. A nostalgia é um tempero poderoso, mas, neste caso, não é suficiente para elevar a receita acima da média.