Um Golpe Quase Perfeito: Uma Comédia Criminosa que Brilha (e Falha) em Momentos Inesperados
Sete anos depois de sua estreia no Brasil (em 03/06/2021), ainda me pego pensando em Um Golpe Quase Perfeito. Não foi um sucesso estrondoso nas bilheterias, e a lembrança da sua recepção crítica, apesar de mista, parece agora um pouco embaçada pelo tempo. Mas a verdade é que este longa-metragem, dirigido por James Oakley e estrelado por um elenco de peso – Uma Thurman, Tim Roth, Alice Eve, Parker Posey e Sofía Vergara – me deixou com uma sensação estranhamente duradoura, uma mistura de admiração e frustração que merece ser revisitada.
A trama acompanha Harriet e Peter Fox, um casal de artistas britânicos com um problema de proporções épicas: uma dívida de jogo gigantesca com o temível mafioso Ivanka. Para escapar dessa situação, eles arquitetam um plano ousado: roubar uma coleção de joias em Los Angeles. A sinopse, tão simples quanto isso, promete (e cumpre, em parte) uma montanha-russa de humor negro e suspense, com reviravoltas que, embora previsíveis em alguns momentos, são bem executadas e impulsionam a narrativa.
O que me chamou a atenção, inicialmente, foi a química explosiva entre Thurman e Roth. Eles encarnam a dupla de golpistas com uma naturalidade admirável, seus diálogos ágeis e cheios de ironia carregam a maior parte do peso cômico do filme. A direção de Oakley, porém, é um ponto mais controverso. Há momentos em que a câmera se move com uma elegância quase balétrica, realçando a energia frenética do plano dos Fox. Em outras ocasiões, entretanto, a direção parece perdida, deixando a edição um pouco atropelada. A escolha de James Oakley e Alex Michaelides no roteiro, por sua vez, equilibra momentos de brilhante humor com um tom mais sério que por vezes não se encaixa perfeitamente.
Parker Posey e Alice Eve, no elenco de apoio, entregam performances sólidas, complementando a dinâmica central. Já Sofía Vergara, apesar de sua presença marcante, parece um pouco subutilizada, relegada a um papel mais caricato do que se esperaria de uma atriz de seu calibre.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | James Oakley |
| Roteiristas | James Oakley, Alex Michaelides |
| Elenco Principal | Uma Thurman, Tim Roth, Alice Eve, Parker Posey, Sofía Vergara |
| Gênero | Comédia, Crime |
| Ano de Lançamento | 2018 |
| Produtoras | Autumn Productions, BondIt, Buffalo 8, Fortitude International, Evolution Entertainment, Pelican Point Media, Lionsgate |
Os pontos fortes do filme residem, sem dúvida, na energia contagiante e no timing impecável das piadas. A tensão crescente, à medida que o plano dos Fox se desenrola, é outra virtude. Mas Um Golpe Quase Perfeito tropeça em alguns aspectos narrativos. O roteiro, em certos momentos, prioriza a comédia em detrimento do suspense, diluindo a tensão em algumas cenas-chave. Além disso, a construção de alguns personagens secundários poderia ter sido mais elaborada, deixando-os um pouco unidimensionais.
O filme explora temas interessantes: a ambição desenfreada, a busca por uma vida melhor (ainda que pelos meios ilícitos), e as complexidades dos relacionamentos sob pressão extrema. Entretanto, ele não aprofunda esses temas com a profundidade que mereciam. A mensagem, se há uma, é ambígua, deixando ao espectador a interpretação sobre as consequências das escolhas dos protagonistas.
Em resumo, Um Golpe Quase Perfeito é uma comédia criminosa divertida e levemente irregular. Não é uma obra-prima cinematográfica, mas oferece entretenimento suficiente para uma sessão descontraída. Recomendo sua assistida, principalmente para quem aprecia comédias com um toque de suspense, porém com a ressalva de que talvez não seja para todos. A sua disponibilidade em plataformas digitais, sete anos depois do seu lançamento, demonstra sua perenidade, mesmo que discreta. Se você busca um filme que o faça rir sem exigir muito esforço intelectual, vale a pena dar uma chance a essa dupla de golpistas quase perfeitos.




