O Retorno dos Heróis: Uma Análise de Os Incríveis 2
Ah, sequências. Elas chegam carregadas de uma mistura agridoce de expectativa e apreensão. Como um crítico que viu de perto a evolução do cinema de animação, admito que aguardava ansiosamente, mas com um pé atrás, a continuação de uma das maiores joias da Pixar. Lançado em 2018, Os Incríveis 2 (ou ‘Incredibles 2’, para os puristas que preferem o título original) finalmente nos trouxe de volta ao vibrante mundo da família Pêra, e a boa notícia é: valeu a espera.
Brad Bird, o gênio por trás da câmera e da caneta, assume mais uma vez a direção e o roteiro, o que já é um sinal promissor. Afinal, quem melhor para continuar a saga dos Pêra do que seu criador? O filme mergulha de cabeça nos gêneros de Ação, Aventura, Animação e Família, e faz isso com um charme e uma energia que poucos conseguem replicar.
A sinopse nos prepara para uma virada intrigante: Helena Pêra, a Elastigirl (com a voz afiada de Holly Hunter), é convocada para uma campanha ambiciosa para trazer os super-heróis de volta à legalidade. Isso significa que Roberto Pêra, o Sr. Incrível (interpretado com a robustez vocal de Craig T. Nelson), é quem deve enfrentar o desafio, talvez ainda mais heroico, do dia a dia da vida doméstica. É uma inversão de papéis que serve como a espinha dorsal narrativa, mas, claro, o perigo espreita. Quando um novo vilão surge com um plano brilhante e perigoso, a família Pêra não tem escolha senão se unir novamente, com a ajuda indispensável do Gelado, para enfrentar a ameaça.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Brad Bird |
Roteirista | Brad Bird |
Produtores | Nicole Paradis Grindle, John Walker |
Elenco Principal | Craig T. Nelson, Holly Hunter, Sarah Vowell, Huck Milner, Catherine Keener |
Gênero | Ação, Aventura, Animação, Família |
Ano de Lançamento | 2018 |
Produtora | Pixar |
Um Roteiro Afiado e Uma Direção Sem Tropeços
O que realmente me impressionou em Os Incríveis 2 é como ele consegue ser uma sequência digna, mantendo a essência do filme original sem simplesmente copiar a fórmula. A inteligência de Brad Bird como roteirista é evidente na forma como ele tece uma narrativa que, embora familiar, explora novos territórios emocionais e sociais. A premissa de Elastigirl assumindo o protagonismo enquanto Sr. Incrível lida com os desafios de Violet (Sarah Vowell) e Dash (Huck Milner) na escola – sem mencionar o caos imprevisível de Jack-Jack – é ouro puro.
As atuações vocais são, como esperado da Pixar, impecáveis. Holly Hunter entrega uma Elastigirl ainda mais carismática e determinada, enquanto Craig T. Nelson captura a frustração cômica e o amor inabalável de um pai que tenta conciliar suas habilidades sobre-humanas com as necessidades de uma família. Catherine Keener, como a voz de Evelyn Deavor, a nova vilã, adiciona uma camada de sofisticação e perigo que eleva o conflito central. É uma vilã feminina que consegue ser ao mesmo tempo carismática e aterradora em seu intelecto.
O filme é visualmente deslumbrante, como se esperaria de uma produção da Pixar. A paleta de cores é vibrante, as sequências de ação são dinâmicas e incrivelmente bem coreografadas, e a atenção aos detalhes no design dos personagens e ambientes é fascinante. Para um filme que se propõe a ser de Ação e Aventura, ele cumpre com louvor, entregando cenas de perseguição e confronto que prendem o espectador na cadeira.
Os Altos e Baixos de Ser uma Sequência
Um dos grandes pontos fortes do filme é, sem dúvida, o humor. Como alguns críticos apontaram, Os Incríveis 2 é possivelmente o mais engraçado dos dois. As travessuras de Jack-Jack, que agora revela a extensão de seus múltiplos superpoderes, são uma fonte inesgotável de gargalhadas, especialmente na relação com um exausto, mas amoroso, Roberto. A dinâmica familiar, já um pilar do primeiro filme, é aqui aprofundada, mostrando os percalços e alegrias de um casal casado criando filhos superpoderosos. É um reflexo hilário e, por vezes, agridoce, das realidades da paternidade.
No entanto, é preciso ser honesto. Enquanto Os Incríveis 2 é uma experiência divertida e envolvente, e como dito em outras críticas, “não está muito longe do filme anterior”, ele talvez não alcance o mesmo patamar de originalidade e impacto que o predecessor. O primeiro filme tinha a vantagem de apresentar esse universo e esses personagens pela primeira vez. Alguns podem achar que a narrativa, embora bem executada, por vezes é “realmente óbvia” em suas mensagens. O plano do vilão, embora “brilhante e perigoso”, pode não surpreender tanto quanto a revelação de Síndrome.
Temas e Mensagens para Pensar
Além da ação e do humor, Os Incríveis 2 explora temas relevantes. A discussão sobre a legalidade dos super-heróis é um pano de fundo que serve para questionar o papel da sociedade em aceitar ou rejeitar aqueles que são diferentes ou “especiais”. A inversão de papéis de gênero dentro do casamento e da família, com Helena no centro das atenções e Roberto gerenciando a casa, é abordada com inteligência e humor, mas também com sensibilidade sobre os desafios que ambos enfrentam. É uma lição sobre apoio mútuo e sobre a ideia de que a força de uma família reside em sua capacidade de se adaptar e trabalhar em equipe, não importa quem esteja na linha de frente. A mensagem é clara: ser um herói não é apenas sobre salvar o mundo, mas também sobre as lutas diárias da vida, e a família Pêra, no final das contas, é uma representação superpoderosa de cada família que conhecemos.
Conclusão: Uma Aventura Familiar Vibrante
Para mim, Os Incríveis 2 é um filme que cumpre o que promete e vai além, entregando uma aventura colorida, cheia de adrenalina e risadas. É uma sequência que respeita seu legado, mas que também se arrisca em novas direções narrativas. Embora possa não ter o impacto revolucionário do original, ele é, inegavelmente, um “bom filme” e uma experiência cinematográfica gratificante.
Minha recomendação é clara: se você amou o primeiro ‘Os Incríveis’ ou simplesmente procura por uma animação de alta qualidade que seja divertida para toda a família, Os Incríveis 2 é imperdível. Dê uma chance; garanto que você terá um bom tempo. É a prova de que, mesmo anos depois, a família Pêra ainda tem muito a nos oferecer.