WALL-E

No vasto panteão da animação, poucos filmes conseguem transcender as barreiras do gênero e se consolidar como verdadeiras obras-primas cinematográficas. E, para mim, nenhum exemplar melhor ilustra essa rara alquimia do que WALL-E, um longa-metragem da Pixar e Walt Disney Pictures lançado em 2008 que, mesmo após mais de uma década e meia (estamos em 2025, afinal!), continua a ressoar com uma profundidade assombrosa.

Desde sua estreia no Brasil em 27 de junho de 2008, WALL-E se estabeleceu não apenas como um filme de animação ou uma produção familiar, mas como um marco da ficção científica que ousa abordar questões existenciais e ambientais com uma sensibilidade raramente vista. Prepare-se, porque esta é uma daquelas experiências que moldam o seu olhar para o cinema.

Uma Odisseia Silenciosa e Cativante

A premissa de WALL-E nos transporta para um futuro distante, o ano 2800, onde a Terra é um planeta desolado, sufocado por séculos de lixo acumulado. Em meio a essa distopia, encontramos WALL-E, o último de sua espécie, um pequeno robô compactador de lixo, solitário em sua tarefa de limpar o que a humanidade abandonou. Ele é uma relíquia, uma alma mecânica esquecida em um mundo sem vida. Sua rotina milenar é quebrada com a chegada de EVE, uma elegante e moderna robô exploradora, enviada em uma missão de reconhecimento. É no encontro desses dois mundos – o velho e o novo, o solitário e a desbravadora – que uma nova e emocionante aventura se desenrola, levando-os a uma jornada inesperada pela galáxia.

O que se segue é uma epopeia espacial que mistura com maestria os gêneros de animação, família e ficção científica, sem nunca subestimar a inteligência de seu público.

AtributoDetalhe
DiretorAndrew Stanton
RoteiristasJim Reardon, Andrew Stanton
ProdutoresJim Morris, Lindsey Collins
Elenco PrincipalBen Burtt, Elissa Knight, Jeff Garlin, Fred Willard, John Ratzenberger
GêneroAnimação, Família, Ficção científica
Ano de Lançamento2008
ProdutorasPixar, Walt Disney Pictures

A Genialidade por Trás da Máquina

A direção de Andrew Stanton é, sem rodeios, espetacular. O filme inicia com uma coragem narrativa que poucos ousariam: os primeiros trinta minutos são um balé visual e emocional que dispensa diálogos expositivos. É pura magia, como alguém já pontuou, e estabelece o mundo, o protagonista WALL-E e a triste condição da raça humana com uma economia de palavras que beira o sublime. Stanton nos convida a sentir a solidão de WALL-E, a curiosidade em seus olhos mecânicos, a partir de sua movimentação e dos sons que ele emite.

O roteiro, assinado por Jim Reardon e o próprio Andrew Stanton, é uma joia de construção. É impressionante como conseguem tecer uma trama tão rica em subtexto, humor e coração, utilizando predominantemente a linguagem não-verbal para os seus protagonistas. A ideia de “um filme sobre robôs e emoções” poderia soar como um truque barato nas mãos erradas, mas a Pixar, sob esta direção e roteiro, torna o improvável em algo profundamente real e tocante.

As atuações vocais são um capítulo à parte. Ben Burtt, o gênio por trás das vozes e efeitos sonoros de WALL-E e M-O, merecia um prêmio à parte por sua capacidade de infundir tanta personalidade e emoção em ruídos mecânicos e palavras fragmentadas. Elissa Knight complementa perfeitamente como EVE, transmitindo determinação e uma gradual humanidade. E, claro, a presença de talentos como Jeff Garlin (na voz do Capitão) e Fred Willard (como o CEO da BnL, Shelby Forthright, um dos poucos personagens de carne e osso) adiciona camadas importantes à narrativa. John Ratzenberger, como John, também empresta sua voz icônica.

O Coração Mecânico e a Crítica Necessária

Entre os pontos fortes, o impacto visual de WALL-E é inegável. A representação de uma Terra desolada e, em contraste, a suntuosidade da nave-mãe, a Axiom, são de tirar o fôlego. Mas o verdadeiro trunfo do filme reside na sua capacidade de evocar emoção genuína através de personagens robóticos. WALL-E é o último de sua espécie, um robô esquecido, deixado para trás pelos humanos. Seu trabalho de limpar o lixo que a humanidade despejou por 700 anos o torna um símbolo melancólico de nossa irresponsabilidade. Essa solidão, essa resiliência em face da desolação, é o motor emocional do longa.

Quanto a possíveis fraquezas, é difícil apontar alguma substancial. O filme é tão coeso em sua visão e execução que qualquer crítica seria quase um capricho. Talvez alguns possam achar a mensagem ambiental e anticapitalista um pouco explícita, mas é tão bem integrada à narrativa que se torna uma observação, não uma falha. A forma como o filme lida com a humanidade, retratando-a como uma raça passiva e sedentária, é uma sátira mordaz, mas necessária, que não diminui a esperança presente no final. E sim, fiquem até o fim, as cenas pós-créditos são um mimo.

Os temas centrais são poderosos: a crítica ao consumismo desenfreado e à degradação ambiental (o lixo, a distopia), a solidão existencial, a busca por conexão e propósito, e a capacidade de redenção. WALL-E é, em sua essência, uma ode à esperança e à importância de cuidar de nosso lar.

Veredito Final: Um Clássico Atemporal

WALL-E não é apenas um filme; é uma experiência. É um “must watch”, daqueles que você revisita várias vezes e ainda assim se emociona, ri e reflete. Eu o recomendo fervorosamente para todos, de todas as idades. É uma prova da genialidade da Pixar, que consegue embalar mensagens profundas em uma roupagem acessível e visualmente deslumbrante.

Este longa-metragem de 2008 continua tão relevante hoje quanto na data de seu lançamento. É um lembrete agridoce de onde poderíamos estar e um farol otimista do que ainda podemos alcançar. Um filme que nos faz questionar nossa relação com o planeta e com uns aos outros, e que, acima de tudo, nos faz sentir. Não percam tempo e mergulhem na galáxia de WALL-E. Vocês não se arrependerão.

Trailer

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