Lorde Gato

No turbilhão da memória afetiva, há certas pérolas da nossa infância que, volta e meia, pipocam na tela mental, acenando de um passado onde o tempo parecia ter outra velocidade. E, para mim, reverenciar Lorde Gato – ou, como muitos de nós o conhecemos, o Heathcliff do Brasil – é exatamente isso: uma viagem por um tempo onde a ousadia felina e as risadas despretensiosas reinavam nas manhãs de sábado. Por que falar dele hoje, em 27 de setembro de 2025? Porque certas animações, por mais simples que pareçam, guardam uma verdade sobre a arte de entreter, e Lorde Gato é um belo exemplo.

Eu me lembro perfeitamente daquele gato ruivo, atrevido, que se recusava a ser apenas um bicho de estimação fofinho. Lorde Gato era o ápice da esperteza felina, um mestre na arte de se dar bem, sempre um passo à frente de qualquer adversidade. Era um “Garfield às avessas”, sim, como bem diz a sinopse, e essa é uma distinção crucial. Enquanto o gato laranja de Jim Davis nos divertia com sua preguiça filosófica e seu amor incondicional por lasanha, Lorde Gato era pura energia. Suas patinhas ágeis deslizavam por telhados, suas garras afiadas se prendiam a balões, e seu olhar astuto já calculava a próxima travessura antes mesmo que a anterior terminasse. Ele era o anti-herói perfeito, um encrenqueiro que a gente torcia para que se safasse.

Lançada originalmente em 1984, Lorde Gato (ou “Heathcliff and The Catillac Cats”) chegou num período efervescente da animação televisiva, especialmente para nós, crianças. A produtora DIC, que estava por trás de grandes sucessos da época, tinha uma fórmula: animações vibrantes, com muito movimento e personagens carismáticos. E, olha, eles acertaram em cheio com o conceito de George Gately, um dos criadores ao lado de Jean Chalopin e Bruno Bianchi. A série, na verdade, era uma dupla jornada: tínhamos as aventuras solo de Lorde Gato e, em paralelo, as peripécias dos Cadillac Cats, um grupo de gatos de rua roqueiros, liderados por um gato maior e mais descolado, o Riff-Raff. Era uma dobradinha interessante, que tentava oferecer duas experiências distintas no mesmo pacote.

E aqui entramos na complexidade da coisa, o que nos tira do “preto no branco” das opiniões. Lembro-me de ler por aí, e até escutar de amigos, que a série era “um Garfield barato”, “um pouco monótona”. Sabe, pensando bem, talvez essa crítica não fosse totalmente injusta se você estivesse buscando a mesma profundidade cínica e o humor mais adulto de Garfield. Mas Lorde Gato nunca prometeu isso. Ele prometia aventura descomplicada, risadas inocentes e a certeza de que o gato principal sempre sairia por cima. Se os Cadillac Cats pareciam um pouco deslocados para alguns, ou se as tramas eram previsíveis, isso não tirava o brilho da agilidade do Lorde Gato em si. Ele não era um gato que ficava no sofá reclamando da segunda-feira; ele fazia a segunda-feira acontecer!

AtributoDetalhe
CriadoresJean Chalopin, George Gately, Bruno Bianchi
ProdutoresAndy Heyward, 片山哲生, Jean Chalopin
Elenco PrincipalMel Blanc, Donna Christie, Peter Cullen, Jeannie Elias, Danny Mann
GêneroAnimação, Comédia, Kids
Ano de Lançamento1984
ProdutorasICC TV Productions, DIC, DiC Entertainment, McNaught Syndicate, Chris-Craft Television, United Entertainment Group, LBS Properties

A contribuição do elenco de voz, nesse sentido, era fenomenal. Ter Mel Blanc, a lenda por trás de tantos personagens icônicos da Warner Bros., dando voz a Heathcliff (Lorde Gato) é quase um atestado de qualidade por si só. Aquele timbre inconfundível injetava vida e personalidade no felino, transformando cada “miau” e cada fala em algo memorável. Não era só uma voz; era uma interpretação que elevava o personagem. E a equipe, com nomes como Donna Christie, Peter Cullen (sim, o Optimus Prime!), Jeannie Elias e Danny Mann, garantia que cada gato, cada humano coadjuvante, tivesse sua própria identidade sonora. Era um time de peso, que entendia a nuance de dar vida a personagens animados.

A produção, com a colaboração entre ICC TV Productions, DIC, e o McNaught Syndicate, entre outros, mostrava a ambição de criar algo grande para o mercado. Eram episódios rápidos, com cores vibrantes e uma animação fluida que, para a época, era mais do que suficiente para prender a atenção de qualquer criança. Não era Pixar, claro, mas tinha um charme próprio, uma inocência que hoje, talvez, tenhamos perdido um pouco. A trilha sonora, com seu jeitinho oitentista, complementava perfeitamente o tom de comédia e aventura.

Revisitar Lorde Gato hoje é mais do que apenas um exercício de nostalgia. É perceber como a simplicidade bem executada pode ser cativante. Será que ele era complexo? Não. Será que ele mudou o curso da animação? Provavelmente não. Mas, para um monte de criança lá em 1984 e nos anos seguintes, Lorde Gato foi sinônimo de boa diversão, de um personagem que nos ensinou que ser esperto pode ser bem divertido. Ele nos convidava a torcer pelo “vilão” charmoso, pelo gato que vivia pelas próprias regras. E, convenhamos, num mundo que muitas vezes nos pede para seguir a linha, um pouco de rebeldia felina sempre faz bem. É uma fatia de um passado animado que, para mim, continua vibrante e cheio de energia, como o próprio Lorde Gato.

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