Fear the Walking Dead

O mundo dos apocalipses zumbis, para ser bem honesto com você, leitor, já me fez revirar os olhos mais vezes do que posso contar. Sabe aquela sensação de “lá vamos nós de novo”? Pois é. Mas, quando Fear the Walking Dead aportou nas telas em 2015, algo me puxou. Talvez fosse a promessa de ver o início do fim, a queda dos pilares da sociedade, e não apenas o rescaldo poeirento que já conhecíamos. E é por essa curiosidade primordial, essa vontade de desvendar a gênese de um terror tão humano quanto sobrenatural, que me debruço hoje, em setembro de 2025, para revisitar essa jornada peculiar.

A ideia, no papel, era ouro: ambientar a trama em Los Angeles e mostrar a desintegração social pelos olhos de uma família, a disfuncional família Clark. Não era sobre sobreviver a zumbis já estabelecidos, mas sobre assistir ao mundo virar de cabeça para baixo em tempo real. Os criadores, Robert Kirkman e Dave Erickson, pareciam ter uma tela em branco para pintar o caos inicial. E de fato, os primeiros traços tinham potencial. Ver a perplexidade, a negação, e depois o pavor genuíno nos rostos dos personagens enquanto o tecido social se desfazia, era instigante.

Contudo, e aqui sou obrigado a concordar com uma corrente de críticos (e olha que não sou de seguir a boiada), as temporadas iniciais, em particular as quatro primeiras, sofreram de uma arrastada teimosia que por vezes testava a paciência até dos mais dedicados. Era como tentar empurrar uma pedra morro acima: você sabia que ela precisava subir, mas a força necessária para mantê-la em movimento era exaustiva. Quantas vezes não me peguei checando o relógio, pensando se aquele plano realmente precisava de tanto tempo para se desenvolver? Às vezes, parecia que a trama estava se contorcendo em mil voltas apenas para atrasar o inevitável, e essa lentidão podia ser frustrante a ponto de você precisar de uma boa xícara de café extra para não cochilar. Entendo a intenção de construir o drama lentamente, de sentir o peso da mudança, mas há um limite tênue entre imersão e pura letargia.

Mas, como a vida real, a série não é um monólito. Ela pulsa, se transforma, erra e acerta. E, caramba, como ela se transformou! Os gêneros “Action & Adventure” e “Drama” sempre estiveram lá, mas a dosagem variou drasticamente.

AtributoDetalhe
CriadoresRobert Kirkman, Dave Erickson
Elenco PrincipalLennie James, Kim Dickens, Colman Domingo, Danay García, Austin Amelio
GêneroAction & Adventure, Drama
Ano de Lançamento2015
ProdutorasValhalla Motion Pictures, AMC Studios, Circle of Confusion, Idiotbox, Skybound Entertainment

O elenco, esse sim, sempre foi um dos pontos fortes, mesmo nos momentos mais mornos. Kim Dickens, como Madison Clark, era o coração pulsante da família e, por muito tempo, da própria série. Madison não era uma heroína impecável; era uma mãe leoa com uma bússola moral muitas vezes quebrada, disposta a tudo pelos seus. Você via a determinação nos olhos dela, uma faísca que Kim Dickens soube acender mesmo nos momentos mais sombrios, fazendo-nos torcer e questionar suas escolhas ao mesmo tempo. E Colman Domingo, interpretando Victor Strand, era um espetáculo à parte. Strand é um tipo de personagem que você ama odiar, ou odeia amar – um sobrevivente nato, elegante e traiçoeiro, cujo sorriso charmoso escondia intenções nem sempre puras. Domingo entrega uma performance que é um misto de carisma e ambiguidade, elevando cada cena em que aparece.

A série também teve seus momentos de guinada quando decidiu incorporar personagens do universo original de “The Walking Dead”. Lennie James trouxe seu Morgan Jones para a festa, e Austin Amelio trouxe Dwight. Essa fusão, para mim, teve um sabor agridoce. Por um lado, trouxe um frescor, uma injeção de energia e novas dinâmicas. Morgan, com sua filosofia de “fazer o certo” e seu bastão afiado, oferecia um contraste interessante com a crueza dos sobreviventes originais de “Fear”. Por outro lado, para alguns, essa mudança pareceu diluir um pouco a identidade única que a série vinha tentando construir. Será que a busca por uma nova identidade, longe da sombra do original, acabou por diluir um pouco a essência que nos atraiu inicialmente? É uma pergunta que ainda ressoa. E a talentosa Danay García, como Luciana Galvez, sempre adicionou uma camada de resiliência e compaixão, mesmo que seu desenvolvimento às vezes parecesse à mercê das reviravoltas da trama.

As produtoras, como Valhalla Motion Pictures, AMC Studios e Skybound Entertainment, sem dúvida investiram pesado para manter o padrão visual e de ação que se espera de uma franquia desse porte. As cenas de hordas de zumbis e os conflitos humanos são visceralmente bem executados, e a fotografia consegue capturar a desolação e a beleza brutal de um mundo em ruínas.

A verdade é que, olhando para trás, Fear the Walking Dead foi uma montanha-russa. Teve momentos de pura genialidade, com episódios que te prendiam à poltrona, e outros que te faziam ponderar se valia a pena continuar a jornada. É como um álbum de uma banda que você adora: tem aquelas faixas incríveis que você não cansa de ouvir, e outras que você só pula. E tá tudo bem, né?

Então, qual o veredito? Fear the Walking Dead não é uma “cópia ruim” do seu irmão mais velho, nem é uma obra-prima inquestionável. É uma entidade própria, com seus próprios defeitos e virtudes, que ousou explorar um canto diferente do apocalipse zumbi. Ela nos fez perguntar o que faríamos no início do fim, como a família se define quando o mundo desaba, e qual é o custo de tentar manter a humanidade quando tudo conspira contra. E, mesmo com suas derrapadas, por isso, ainda guardo um cantinho para ela na minha coleção mental de séries que me fizeram pensar – e, sim, às vezes, bocejar – sobre a complexidade da sobrevivência.

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