Demolidor: O Homem Sem Medo – Uma Visão Turva de um Herói Cego
Lançado em 2003, Demolidor: O Homem Sem Medo prometia trazer para as telas o advogado cego Matt Murdock, que, à noite, se torna o vigilante Demolidor. A premissa era instigante: um herói com sentidos aguçados compensando a falta da visão, lutando contra o crime nas ruas sombrias de Hell’s Kitchen. Mas, olhando para o filme em 2025, a promessa permanece, em grande parte, não cumprida.
Um Roteiro Perdido em Escuridão
O roteiro, escrito e dirigido por Mark Steven Johnson, é, infelizmente, o grande vilão desta história. Ele tenta abarcar muita coisa – a origem de Matt, seu relacionamento com Karen Page (que, inexplicavelmente, tem pouquíssimo destaque), a introdução de Elektra, Bullseye e Kingpin – resultando numa narrativa confusa e apressada. O ritmo é irregular, saltando entre cenas de ação mal coreografadas e diálogos banais, sem tempo para respirar e desenvolver os personagens que, por sinal, merecem algo melhor. A tentativa de encaixar elementos de vários filmes de super-heróis, como “Batman” e “Matrix”, citada em algumas críticas da época, apenas acentua a falta de identidade do longa. O resultado é um coquetel explosivo de clichês, uma salada sem tempero que frustra qualquer expectativa de profundidade.
Atributos de Aço, Interpretações… Menos
Ben Affleck, embora fisicamente imponente, nunca realmente se conecta com a personagem de Matt Murdock. Sua atuação oscila entre o dramático forçado e uma ausência total de carisma. Jennifer Garner, como Elektra, não se sai muito melhor, sua performance quase que exclusivamente baseada em poses e olhares enigmáticos. Colin Farrell, como Bullseye, se destaca como o único ator que parece se divertir com o papel, trazendo um nível de psicopatia caricata e quase cômica. Michael Clarke Duncan como Kingpin, por outro lado, é um ponto de luz, sua presença imponente e ameaça silenciosa sendo um dos poucos momentos bem-sucedidos do filme. Jon Favreau, como Foggy Nelson, tenta equilibrar a comédia com a lealdade, mas é ofuscado pelo roteiro fraco.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Mark Steven Johnson |
| Roteirista | Mark Steven Johnson |
| Produtores | Avi Arad, Gary Foster, Arnon Milchan |
| Elenco Principal | Ben Affleck, Jennifer Garner, Colin Farrell, Michael Clarke Duncan, Jon Favreau |
| Gênero | Fantasia, Ação |
| Ano de Lançamento | 2003 |
| Produtoras | Marvel Enterprises, New Regency Pictures, Epsilon Motion Pictures, Regency Enterprises, 20th Century Fox |
Entre Luzes e Sombras (Principalmente Sombras)
Apesar dos defeitos gritantes, o filme tenta explorar temas relevantes como a justiça e a cegueira, tanto física quanto moral. A cegueira de Matt, embora explorada de forma superficial, é usada como metáfora, o que poderia ter sido um ponto forte se a trama não estivesse tão preocupada em correr para a próxima cena de ação. As cenas de luta, apesar de visualmente pouco inspiradas, tentam usar a escuridão a seu favor, explorando a audição apurada do Demolidor. O visual, embora intenso em momentos pontuais, é, em sua maioria, esquecível.
Um Julgamento Severo
Demolidor: O Homem Sem Medo, em 2025, continua sendo um filme decepcionante. É um desperdício do potencial de um personagem tão rico e complexo. A direção e o roteiro falham em capturar a essência do herói, enquanto as atuações, à exceção de algumas, são pouco convincentes. O longa é um exemplo de como uma boa premissa pode ser completamente destruída por uma execução medíocre. Por mais que eu admire o esforço, e mesmo as boas intenções, de querer trazer esse herói à vida, a minha recomendação é clara: a menos que você seja um colecionador fervoroso de filmes ruins de super-heróis, procure outras adaptações do Demolidor em plataformas de streaming. Existem muitas opções bem melhores disponíveis. O filme, lançado em 14 de março de 2003 no Brasil, permanece como um lembrete de que mesmo grandes personagens precisam de uma boa história para brilharem.




