Todo Mundo em Pânico

Vinte e cinco anos. É uma vida inteira para algumas obras de arte, um piscar de olhos para outras. Mas, para um filme como Todo Mundo em Pânico, que chegou aos cinemas lá em 2000, é tempo suficiente para solidificar seu lugar não só como um marco da comédia, mas como uma cápsula do tempo de uma era onde a audácia e o humor sem freios eram a moeda mais valiosa no reino das paródias. E por que diabos eu estaria aqui, em 2025, esmiuçando as entranhas – e que entranhas! – desse clássico do riso desavergonhado? Porque alguns filmes, meus caros, simplesmente se recusam a serem esquecidos. Eles pulam da tela e se alojam na nossa memória afetiva, para o bem ou para o mal, e com Todo Mundo em Pânico, é quase sempre para o riso incontrolável.

Lembro-me perfeitamente da efervescência que rodeava a cultura pop no final dos anos 90 e início dos 2000. O terror adolescente, especialmente depois do estrondoso sucesso de Pânico e Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado, estava em alta. E o que acontece quando um gênero se leva muito a sério? Ele vira o alvo perfeito para a sátira. É aí que entra a genialidade dos irmãos Wayans, um clã que respira comédia e não tem medo de empurrar os limites, ou, como diria um roteirista menos polido, de chutá-los para fora do planeta. Sob a batuta de Keenen Ivory Wayans, e com um roteiro que borbulhava com a irreverência de Marlon e Shawn Wayans (entre outros), Todo Mundo em Pânico não apenas brincou com o gênero; ele o dissecou com um bisturi de comédia ácida e, sim, humor extremamente bruto.

A premissa, você sabe, é deliciosamente familiar. Depois que a bela Drew Decker (Carmen Electra, em uma aparição que virou quase um cartão de visitas para o filme) encontra um fim horrível enquanto falava ao telefone – em uma cena que parodia Pânico de forma tão explícita quanto hilária –, um grupo de adolescentes de ensino médio desorientados percebe que um assassino está à solta. E quem é nossa heroína? Cindy Campbell, interpretada por uma Anna Faris que nasceu para ser uma scream queen cômica. Ela e sua turma de “mauricinhos e patricinhas” – mas nem tão mauricinhos, nem tão patricinhas, já que Shorty Meeks (Marlon Wayans) está mais preocupado em “fumar um” do que em fugir – tentam escapar do perigo. Mas como se proteger quando você está cercado por uma reporter irritante como Gail Hailstorm (Cheri Oteri, em uma performance exageradamente perfeita) que simplesmente não te deixa em paz? É um caldeirão de clichês de terror, mas com reviravoltas tão absurdas que você não sabe se ri ou se encolhe na cadeira (e provavelmente faz os dois).

O que torna Todo Mundo em Pânico tão eficaz, mesmo duas décadas e meia depois, é sua coragem inabalável de ir longe demais. Ele não apenas aponta para as convenções do terror; ele as esfrega na sua cara, adiciona uma pitada de escatologia, um bocado de piadas sobre drogas e sexo, e te serve uma comédia que não pede desculpas. É o humor “crude” que as palavras-chave descrevem, um tipo de humor que, para muitos, é a cereja do bolo. A cada cena, a cada diálogo, o filme nos desafia a adivinhar qual filme está sendo parodiado, como bem notou um crítico em 2000. E não se limita a Pânico. Há referências a Matrix, a O Sexto Sentido, a American Pie, e até a filmes que mal haviam saído, mostrando uma agilidade impressionante para a cultura pop da época. É uma “spoof” no seu estado mais puro e descompromissado.

AtributoDetalhe
DiretorKeenen Ivory Wayans
RoteiristasMarlon Wayans, Buddy Johnson, Shawn Wayans, Phil Beauman, Jason Friedberg, Aaron Seltzer
ProdutoresKeenen Ivory Wayans, Marlon Wayans, Eric L. Gold, Lee R. Mayes, Shawn Wayans
Elenco PrincipalAnna Faris, Jon Abrahams, Marlon Wayans, Shawn Wayans, Regina Hall, Shannon Elizabeth, Cheri Oteri, Carmen Electra, Tanja Reichert, Lochlyn Munro
GêneroComédia
Ano de Lançamento2000
ProdutorasBrad Grey Pictures, Gold/Miller Productions, Wayans Bros. Entertainment, Dimension Films

E o elenco, ah, o elenco! Anna Faris, em seu papel de Cindy Campbell, é a âncora do caos. Sua capacidade de ser ingênua, mas ao mesmo tempo totalmente consciente da tolice ao seu redor, é o que a tornou uma das grandes comediantes de sua geração. Ela não está apenas gritando; ela está gritando de um jeito que mostra que sabe que está em um filme de paródia. Marlon Wayans como Shorty, com sua persona completamente chapada e seus comentários sem filtro, é inesquecível. Shawn Wayans como Ray Wilkins, Regina Hall como Brenda Meeks – todos contribuíram para criar um universo onde o ridículo é a norma. É uma alquimia de personalidades que se chocam e explodem em risadas, solidificando o filme como uma “comédia hilária”.

Não é um filme para quem busca uma comédia sutil ou intelectualizada, e nem tenta ser. Todo Mundo em Pânico é a antítese disso. Ele é barulhento, ofensivo para alguns, e gloriosamente sem vergonha. É um espelho distorcido que reflete o absurdo do gênero de terror adolescente e, por extensão, um pouco da cultura de alto nível da época. É um filme que, como o crítico Bradley’s mencionou, é “sempre uma risada todos os dias”. E vinte e cinco anos depois, para mim, continua sendo. Se você revisitar esse clássico, prepare-se para ser transportado de volta a uma época onde o cinema não tinha medo de ser descaradamente divertido, e onde o humor mais ultrajante era, muitas vezes, o mais memorável. E quer saber? Ainda funciona. E funciona muito bem.

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