Ah, Die Rosenheim-Cops. Sabe, quando a gente se senta para escrever sobre uma série que já passou das duas décadas de existência, não é apenas um exercício de crítica, mas uma reflexão sobre o que faz um programa de TV se tornar parte da mobília da nossa vida. Para mim, é como encontrar um amigo de longa data, aquele que talvez você não veja com a frequência que gostaria, mas quando se reencontram, a conversa flui como se o tempo não tivesse passado. E é exatamente essa sensação que “Os Tiras de Rosenheim” me provoca.
Lá em 2002, quando a Bavaria Film e a ZDF lançavam essa pérola bávara, eu, como muitos, talvez estivesse mais atento às grandes produções americanas ou às tramas mais densas. Mas, com o passar dos anos e a maturidade do meu olhar (e da minha paciência para dramas pesados, convenhamos), comecei a buscar algo diferente. Algo que não exigisse que eu me debruçasse sobre cada detalhe intrincado, mas que me oferecesse um conforto, um riso, e claro, um mistério para desvendar. E foi assim que os “Cops” entraram na minha vida, sem alarde, mas com uma persistência que poucas séries conseguem ter.
O que é Die Rosenheim-Cops, no fundo? É uma comédia policial. Mas reduzir a isso seria como dizer que uma boa caneca de cerveja artesanal é “apenas uma bebida”. É muito mais. É a representação de um microcosmo alemão, um cartão-postal sonoro e visual da Alta Baviera, com seus cenários pitorescos e um ritmo de vida que parece ter desacelerado um pouco mais do que o resto do mundo. Não espere perseguições em alta velocidade ou reviravoltas chocantes a cada cinco minutos. Aqui, a ação se desenrola no compasso das campainhas das vacas no pasto, e os mistérios são resolvidos mais pela intuição afiada e pela fofoca local do que por avanços forenses de última geração.
E os personagens, meu Deus, eles são o coração pulsante dessa cidade fictícia onde os crimes parecem sempre ter um toque de absurdo. Max Müller, no papel de Michael “Michi” Mohr, é uma força da natureza, um policial com um charme desajeitado que, você percebe, tenta o seu melhor, mas invariavelmente acaba numa situação que nos arranca um sorriso. Suas interações, seu jeito um tanto atrapalhado de lidar com as evidências ou com os colegas, são o combustível perfeito para a parte “comédia” da série. Ele não é o herói de ação bombado; ele é o cara que você encontraria no açougue, e essa humanidade é o que nos conecta a ele.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Elenco Principal | Max Müller, Marisa Burger, Karin Thaler |
| Gênero | Crime, Comédia |
| Ano de Lançamento | 2002 |
| Produtoras | Bavaria Film, ZDF |
Mas se Michi é o corpo que se move, Miriam Stockl, interpretada com maestria por Marisa Burger, é o cérebro, a alma e o “telefone sem fio” da delegacia. Não se engane pela aparência de secretária organizada: Dona Stockl é a rainha do departamento. Ela sabe de tudo, ela vê tudo, e sua capacidade de processar informações, sejam elas sobre um assassinato ou sobre a última fofoca da cidade, é lendária. A forma como ela atende o telefone, com aquele “Es ist Frau Stockl!”, já virou um bordão icônico. Ela não está lá apenas para passar recados; ela é a orquestradora dos bastidores, a peça-chave que muitas vezes, você sente, está um passo à frente de todo mundo, inclusive dos detetives. Sem ela, Rosenheim pararia.
E depois, temos Marie Hofer, vivida por Karin Thaler. Ah, Marie! Ela é o contraponto, a voz da razão muitas vezes, ou a portadora de um charme mais maduro e pé no chão. Ela traz uma estabilidade que complementa o caos organizado da delegacia, e suas interações com os outros personagens frequentemente revelam camadas mais profundas da vida em Rosenheim, para além do trabalho policial. Ela é a vizinha que você confia, a amiga que te dá bons conselhos, e essa autenticidade é um alento.
O que me fascina é a habilidade que a série tem de criar uma atmosfera. Não é só sobre solucionar o crime; é sobre a jornada. É sobre a cidade de Rosenheim, que se torna quase um personagem por si só, com seus pátios de cerveja, suas montanhas ao fundo e aquela arquitetura típica que te faz querer pegar o próximo voo para a Baviera. A cada episódio, você se sente convidado para um chá com biscoitos, onde o assunto principal é, claro, um assassinato, mas tratado com uma leveza que desarma qualquer um. É a essência do “cozy crime”, onde o suspense está lá, mas a tensão nunca é tão pesada que te impeça de relaxar.
Como um rio que segue seu curso por anos, moldando a paisagem ao redor, Die Rosenheim-Cops tem essa fluidez. Desde 2002, eles vêm entregando episódios que, sim, seguem uma fórmula, mas uma fórmula tão bem executada que você não se importa. É como aquele prato favorito que sua avó faz: você sabe como vai ser, mas o carinho e o sabor são sempre únicos. E nesse mundo de séries que surgem e somem num piscar de olhos, ter algo que permanece, que nos oferece essa consistência e esse bom humor, é um presente.
Então, se você busca uma série para mergulhar em dramas existenciais complexos, talvez Die Rosenheim-Cops não seja sua primeira escolha. Mas se o que você anseia é uma boa dose de humor inteligente, mistérios que te desafiam sem te esgotar, e personagens que se tornam parte da sua família televisiva, então, meu amigo, você encontrou seu lugar. É um lembrete gentil de que a televisão, no seu melhor, pode ser esse refúgio, essa janela para um mundo onde, mesmo com os crimes mais inusitados, o sol sempre parece brilhar um pouco mais forte na Baviera. E, cá entre nós, em 30 de setembro de 2025, essa é uma promessa que, para mim, vale ouro.




