Ah, SANDA. O que dizer de uma série que, de repente, resolve virar do avesso uma das figuras mais amadas e inocentes da infância e jogá-la num futuro distópico japonês? Quando ouvi a premissa pela primeira vez, eu, como muitos, levantei uma sobrancelha. Papai Noel banido? Crianças monitoradas como tesouros frágeis? Soava como uma daquelas ideias que ou se tornam um clássico cult instantâneo ou caem no esquecimento. Mas, meu amigo, depois de mergulhar nos primeiros episódios, posso te garantir: SANDA é uma série que grita para ser dissecada, e eu sinto uma necessidade quase visceral de falar sobre ela.
Acho que o que mais me pegou, logo de cara, foi a ousadia da Science SARU em pegar o Natal e seu espírito de doação e colocá-lo nesse cenário tão… árido. Imagina um Japão onde a taxa de natalidade é tão baixa que cada criança é uma preciosidade, mas ao mesmo tempo, são vigiadas de perto, quase como propriedade do estado. O Papai Noel, esse símbolo de magia e mistério, é considerado uma ameaça, banido, uma lenda perigosa que pode corromper a ordem. É um contraste gritante que te puxa para dentro, te fazendo questionar: o que realmente está acontecendo nesse futuro? E é aí que entra Kazushige Sanda, nosso protagonista.
Você o vê ali, um jovem aparentemente comum, mas que carrega o peso de uma linhagem especial. E então, no dia 25 de dezembro, o destino o alcança de uma forma que só um anime de ação e aventura, com toques de mistério e drama, conseguiria arquitetar. Fuyumura, uma colega de escola, se vira contra ele com uma fúria desesperada, não por raiva, mas por um apelo. “Papai Noel, encontre minha amiga!” A amiga desaparecida, Ichie Ono, torna-se o catalisador. De repente, Sanda não é mais apenas um jovem. Ele é o último bastião de uma ideia, de uma esperança, de um poder que o mundo tentou suprimir. E para proteger as crianças, para encontrar Ono, ele assume o manto – ou melhor, o espírito – do Papai Noel, entrando em conflito direto com o mundo adulto que construiu essa sociedade sufocante.
E que visual é esse, hein? A Science SARU, em colaboração com a dentsu e a Akita Shoten, já nos acostumou com uma estética que desafia convenções. Lembro-me de como eles abordaram outras produções, sempre com um toque experimental, uma fluidez de movimento que parece dar vida própria aos quadros. Em SANDA, essa expertise se traduz em cenas de ação que são pura adrenalina, mas também em momentos de quietude melancólica, quando Sanda está lutando não só contra inimigos visíveis, mas também contra a desesperança que permeia aquele mundo. As cores, os ângulos, tudo é pensado para evocar a tensão do mistério e o desespero do drama, sem nunca abrir mão da energia vibrante que a animação pode oferecer.
Atributo | Detalhe |
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Elenco Principal | Ayumu Murase, Hiroki Touchi, 庄司宇芽香, Anna Nagase, Yuuki Shin |
Gênero | Animação, Action & Adventure, Mistério, Drama |
Ano de Lançamento | 2025 |
Produtoras | Science SARU, dentsu, Akita Shoten |
E as vozes, gente! É impossível não falar do elenco. Ayumu Murase, que dá vida a Kazushige Sanda, é um mestre em transitar entre a vulnerabilidade e a força crescente. Você sente a hesitação do garoto que é empurrado para um papel gigantesco, mas também percebe a determinação que pulsa por baixo, o espírito do Papai Noel despertando. E que escolha foi ter Hiroki Touchi como o Papai Noel – uma voz que pode soar tanto autoritária quanto calorosa, adicionando uma camada de mistério e sabedoria ancestral à figura. Shouji Umeka como Shiori Fuyumura nos entrega a urgência e o desespero de alguém que tem tudo a perder, e Anna Nagase, mesmo com a personagem Ichie Ono desaparecida, já consegue imprimir uma presença que faz você se importar com seu destino. Yuuki Shin como Hitoshi Amaya completa esse quadro, prometendo mais interações e conflitos. A química entre esses talentos vocais é palpável, transformando o diálogo e as emoções em algo tão real que você se esquece de que são apenas vozes por trás de desenhos.
A verdadeira beleza de SANDA, para mim, reside nas perguntas que ele nos joga na cara. O que significa proteger? É controlar tudo até não restar espaço para a liberdade, para a surpresa, para a magia? Ou é lutar para que a esperança, mesmo em sua forma mais subversiva, possa florescer? A série nos força a refletir sobre a linha tênue entre segurança e opressão, entre o amor e o controle. E a cada episódio, à medida que Sanda desvenda os segredos por trás do desaparecimento de Ono e do banimento do Papai Noel, somos levados por uma correnteza de mistério que é ao mesmo tempo instigante e dolorosa.
Então, sim, SANDA, que chegou às telas neste ano de 2025, é muito mais do que uma série de TV animada. É um convite a revisitar nossas próprias concepções de infância, de esperança e de rebeldia. É uma história que, com sua mistura potente de Animação, Ação & Aventura, Mistério e Drama, não só diverte, mas também nos provoca a olhar para o mundo com olhos mais críticos e, paradoxalmente, mais cheios de magia. É um abraço apertado no espírito do Natal, mas um abraço que vem acompanhado de um soco no estômago, nos lembrando que a inocência, às vezes, precisa lutar para sobreviver. E Sanda, ele luta. E a gente torce. E isso, para mim, já é motivo suficiente para sintonizar.