Fortuna

Ah, Fortuna. Sabe, de vez em quando, a gente se depara com uma série que, na superfície, parece só mais uma comédia leve, mas que, ao se aprofundar, revela um coração pulsante e uma inteligência sagaz. É exatamente essa a sensação que tive ao mergulhar no mundo de Molly Novak, e por que sinto uma urgência quase pessoal em falar sobre ela. Quem de nós, em algum momento da vida, não se pegou sonhando com o que faria se, de repente, um caminhão de dinheiro caísse no colo? Agora, imagine esse caminhão não de dinheiro, mas de bilhões de dólares, um valor tão estratosférico que beira o abstrato. Essa é a premissa que me fisgou em 2022, quando a série Fortuna (ou Loot, no original) foi lançada, e que ainda ecoa em minha mente até hoje, em outubro de 2025.

Molly Novak (interpretada com um brilho único por Maya Rudolph) é o retrato perfeito do “problema” de ter dinheiro demais. Depois de um divórcio que lhe rendeu a bagatela de 87 bilhões de dólares – sim, você leu certo, bilhões – ela se vê em um limbo dourado. Vinte anos de casamento com um magnata, uma vida de luxo tão exacerbada que a desconectou completamente da realidade, e agora, solteira e com um patrimônio que faria reis e rainhas corarem. A questão que paira é: e agora, Molly? O que se faz com tanto tempo livre e tanto dinheiro que nem sabe onde guardar?

É aí que a série, criada pela dupla Matt Hubbard e Alan Yang, mostra a sua mágica. Molly, em sua busca por um propósito que vá além de comprar ilhas e ter jatos particulares coloridos, decide revisitar sua fundação de caridade. E é nesse reencontro com o “mundo real” que a comédia floresce e o coração da narrativa se revela. De repente, a mulher que vivia numa bolha de champanhe e caviar se vê confrontada com Sofia Salinas (uma Michaela Jaé Rodriguez impecável, com um misto de exasperação e paciência quase santas), a diretora pragmática e workaholic da fundação. Sofia é o contraponto ideal para Molly: focada, cética, e sem qualquer tolerância para os devaneios de super-ricos. A colisão dessas duas personalidades é um show à parte, um tango de privilégio e realidade que gera risadas genuínas.

Mas Fortuna não é só sobre o choque cultural entre a bilionária e a gerente de caridade. É sobre o elenco que a cerca e que a ajuda a se redefinir. Nicholas (Joel Kim Booster), o assistente pessoal de Molly, é um deleite. Com sua lealdade feroz, seus figurinos impecáveis e suas tiradas afiadíssimas, ele é o guia divertido e ocasionalmente inconveniente de Molly pelos meandros de sua nova vida – e uma fonte constante de comentários hilários sobre o absurdo do luxo. E tem Arthur (Nat Faxon), o contador da fundação, com sua doçura desajeitada e seu jeito de “homem comum” que traz uma leveza e um charme inesperados para a trama. E não podemos esquecer de Howard (Ron Funches), o especialista em tecnologia da fundação, cujo humor peculiar e observações sobre a cultura pop são um tempero especial.

Atributo Detalhe
Criadores Matt Hubbard, Alan Yang
Elenco Principal Maya Rudolph, Michaela Jaé Rodriguez, Joel Kim Booster, Nat Faxon, Ron Funches
Gênero Comédia
Ano de Lançamento 2022
Produtoras Universal Television, 3 Arts Entertainment, Animal Pictures, Alan Yang Pictures, Normal Sauce, Banana Split

A química entre esses atores é a espinha dorsal da série. Maya Rudolph, minha gente, entrega uma performance que é puro ouro. Ela consegue navegar entre a ingenuidade quase infantil de Molly, sua generosidade (ainda que muitas vezes mal direcionada) e seus momentos de vulnerabilidade com uma facilidade impressionante. Você ri com ela, sente um pouco de vergonha alheia por ela e, no fundo, torce para que ela encontre seu caminho. Ela não é uma vilã, nem uma santa; ela é uma mulher que, apesar de ter acesso a tudo, percebe que lhe falta algo essencial: conexão e propósito.

Os criadores, Hubbard e Yang, conseguem tecer uma tapeçaria que é, ao mesmo tempo, uma sátira inteligente sobre a riqueza extrema e uma jornada sincera de autodescoberta. Não é uma série que prega moralismos baratos sobre o dinheiro, mas que explora como a abundância material pode, paradoxalmente, esvaziar a vida de significado. Assistir a Molly tentando se reconectar com o mundo, fazendo coisas “normais” como ir ao supermercado ou tentar entender um problema social que a afeta diretamente pela primeira vez, é um lembrete agridoce de como a distância entre mundos pode ser vasta.

A produção, com o selo de várias casas como Universal Television e Animal Pictures, entrega cenários de luxo que são um banquete para os olhos – mansões, jatos, closets que são verdadeiras lojas –, mas sempre com um quê de ironia. O visual contribui para reforçar o quão desconectada Molly estava, vivendo em um universo paralelo onde preocupações financeiras são uma piada distante.

Em 2025, olhando para trás, percebo que Fortuna conseguiu não apenas me fazer rir alto diversas vezes, mas também me fez pensar. Ela não evita as ambiguidades: será que Molly está realmente mudando ou apenas “atuando” para se sentir melhor? A série nos deixa com essas perguntas, e é essa nuance que a eleva. Não é uma história de transformação milagrosa, mas sim de um processo gradual, muitas vezes cômico, de uma mulher tentando descobrir seu lugar em um mundo que ela pensava conhecer, mas que, na verdade, nunca a viu.

Se você está procurando por uma série que te faça rir com inteligência, que te apresente personagens carismáticos e que te convide a refletir sobre o que realmente importa na vida (além de ter um jatinho que combina com a sua bolsa), Fortuna é, sem dúvida, um investimento valioso do seu tempo. É um lembrete divertido de que o dinheiro, por mais que possa comprar muito, tem seus limites quando o assunto é preencher o vazio da alma. E Molly Novak, com seus 87 bilhões e sua busca por si mesma, é a prova mais charmosa disso.

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