Peça-me o Que Quiser

Sabe aquela atração quase magnética que sentimos por histórias que nos prometem o mergulho em paixões avassaladoras, daquelas que desafiam a lógica e nos forçam a confrontar nossos próprios limites? É exatamente esse o convite que Peça-me o Que Quiser me fez ao se anunciar nas telas brasileiras, e eu, claro, não resisti. Como um entusiasta confesso do cinema espanhol e, mais ainda, de narrativas que ousam explorar a complexidade do desejo humano, estava com uma expectativa genuína para ver como essa adaptação de um livro tão popular se traduziria para a linguagem cinematográfica.

Quando Eric Zimmerman (interpretado por Mario Ermito) aterrissa em Madri para lidar com os negócios da família após a morte do pai, a gente sente de cara que ele está carregando mais do que apenas malas e preocupações corporativas. Há uma sombra, um peso em seus ombros que transparece em seu olhar, mesmo antes de o conhecermos de verdade. É nesse cenário de dor e responsabilidade que ele esbarra em Judith Flores (Gabriela Andrada), uma mulher que irradia uma energia capaz de desestruturar qualquer plano frio e calculista. Daí em diante, a trama nos arrasta para um redemoinho onde a razão e a emoção disputam cada centímetro.

A relação entre Eric e Judith não é um romance açucarado. Longe disso. É um embate de almas, uma dança perigosa entre a atração inegável e a vulnerabilidade exposta. O filme não tem medo de mergulhar na intensidade do erotismo, mas o faz de uma maneira que vai além da simples cena de sexo. É uma exploração da entrega, da confiança, e dos limites que cada um está disposto a cruzar. Vemos as mãos de Eric tremerem levemente quando Judith o desafia, não por nervosismo, mas por uma mistura de medo e excitação perante o desconhecido que ela representa. Gabriela Andrada entrega uma Judith que é força e fragilidade, capaz de incendiar a tela com um olhar e, no momento seguinte, nos fazer sentir a profundidade de sua busca por conexão genuína. Mario Ermito, por sua vez, carrega o peso do “segredo” de Eric com uma sutileza que nos mantém presos à tela, tentando desvendar cada um de seus gestos e silêncios. Ele nos mostra o tormento de um homem dividido entre a paixão avassaladora e a possibilidade de que tudo possa desmoronar.

E por falar em desmoronar, o tal segredo de Eric é o motor que impulsiona grande parte do drama. Como um fio esticado sobre um abismo, ele paira sobre o relacionamento, ameaçando rompê-lo a qualquer momento. Você fica ali, na ponta da cadeira, questionando: será que o amor e a paixão são suficientes para superar qualquer barreira? Será que o risco de se expor totalmente compensa a intensidade do que eles estão vivendo?

AtributoDetalhe
DiretoraLucía Alemany
RoteiristasIvy Hesh, Vivien Dakota, Marina Martín Laguna
Elenco PrincipalGabriela Andrada, Mario Ermito, Celia Freijeiro, David Solans, Alba Ribas
GêneroRomance, Drama
Ano de Lançamento2024
ProdutorasVersus Entertainment, LyO Media, Warner Bros. Entertainment España, 4 Cats Pictures

A direção de Lucía Alemany merece um destaque especial. É fascinante observar como uma diretora consegue tecer uma narrativa tão rica em sensualidade e drama sem cair no óbvio ou no vulgar. Sua visão feminina para um romance erótico é palpável; há uma sensibilidade na forma como a câmera explora os corpos, os toques, os olhares, transformando cada interação em uma descoberta. Não é apenas sobre o que se vê, mas o que se sente, o que se intui. Ela sabe usar Madri não apenas como cenário, mas como um personagem vibrante que respira com os protagonistas, com suas ruas e arquitetura ecoando a paixão e a intriga. O roteiro, assinado por Ivy Hesh, Vivien Dakota e Marina Martín Laguna, consegue dar profundidade aos dilemas dos personagens, construindo um arco que, embora intenso, parece genuíno.

A gente não pode esquecer de mencionar o elenco de apoio que adiciona camadas essenciais à trama. Celia Freijeiro como Mónica, David Solans como Miguel e Alba Ribas como Frida, cada um a seu modo, contribuem para o mosaico de relações que cerca Eric e Judith, mostrando que a paixão deles não existe num vácuo, mas é afetada e afeta a vida de todos ao redor.

Ao final da sessão, a sensação que me ficou foi de ter presenciado uma história que, sim, fala de desejo e atração, mas que, no fundo, é sobre a coragem de ser vulnerável. É sobre aceitar o outro em sua totalidade, com seus medos e segredos, e sobre a difícil arte de se entregar sem reservas. Peça-me o Que Quiser não é apenas um filme para entreter; é um filme para sentir, para questionar e, quem sabe, para nos lembrar que as paixões mais intensas são frequentemente as que nos levam aos nossos limites mais profundos. Para quem busca uma experiência cinematográfica que explore as entranhas do romance e do drama com uma dose generosa de paixão espanhola, eu diria: “Peça e será atendido”.

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