Kantara: Chapter 1

Sabe, há certas obras que chegam e simplesmente nos arrebatam, deixando uma marca indelével. Em 2022, Kantara fez exatamente isso comigo – e, arrisco dizer, com uma legião de espectadores. Não foi apenas um filme; foi uma experiência visceral, um mergulho profundo nas raízes de uma cultura, pulsando com uma energia primal. Por isso, quando o universo sussurrou sobre Kantara: Chapter 1, uma prequel que prometia desvendar as origens dessa lenda, meu coração crítico e apaixonado por cinema deu um salto. É essa antecipação, essa mistura de curiosidade e um certo temor reverencial, que me impulsiona a escrever sobre o que se desenrola agora diante de nós.

Kantara: Chapter 1 não é apenas uma continuação ou um spin-off; é uma viagem ao útero da própria mitologia que deu à luz o fenômeno original. Imagine-se em um Karnataka ancestral, lá pelo século IV ou V, onde a fronteira entre o homem e o divino é tão tênue quanto a névoa matinal que se aninha nas florestas densas. A trama nos leva a esse passado remoto, um cenário de fantasia histórica que respira e pulsa com as lendas e o folclore hindu. Não se trata de uma simples releitura, mas de uma escavação arqueológica na alma de uma terra, onde a cada virada, um novo mistério se revela e nos puxa para mais fundo na teia de crenças antigas.

A premissa, que começa com jovens exploradores encontrando um poço esquecido e pedindo a um guia que lhes conte uma história de proporções elementares, é, por si só, um convite irrecusável. É um portal para um tempo onde os deuses caminhavam entre os homens, e os rituais eram a linguagem primordial. O filme se aprofunda na emergência desses poderes ancestrais, na dança entre o natural e o sobrenatural, e na gênese de Berme, Gulika e Chamundi – as entidades que Rishab Shetty mais uma vez encarna com uma intensidade de tirar o fôlego. Vê-lo em tela é presenciar uma transmutação; não é apenas atuar, é ser essas forças da natureza, essas manifestações de um poder que transcende o tempo.

Rishab Shetty, aliás, merece um capítulo à parte. Não apenas assume o papel principal com uma entrega física e espiritual que poucos atores conseguem emular, mas também assina a direção e co-escreve o roteiro com Anirudh Mahesh e Shanil Gowtham. Essa trindade de responsabilidades poderia ser esmagadora para muitos, mas Shetty a abraça, infundindo cada cena com sua visão inconfundível. Ele não nos conta uma história; ele nos mergulha nela, com uma mão nos mitos antigos e outra na adrenalina do gênero de ação e thriller. É como se cada fibra da película fosse um nervo exposto, pulsando com a energia bruta das narrativas orais transmitidas por gerações.

AtributoDetalhe
DiretorRishab Shetty
RoteiristasRishab Shetty, Anirudh Mahesh, Shanil Gowtham
ProdutorVijay Kiragandur
Elenco PrincipalRishab Shetty, Rukmini Vasanth, Jayaram, Rakesh Poojari, Gulshan Devaiah
GêneroAção, Thriller
Ano de Lançamento2025
ProdutoraHombale Films

A produção da Hombale Films, sob a batuta de Vijay Kiragandur, já nos habituou a uma grandiosidade visual e a narrativas com profundas raízes culturais. E aqui não é diferente. O que vemos na tela é um espetáculo que conjura o ambiente do século IV e V de Karnataka com uma riqueza de detalhes impressionante. A fotografia, os figurinos, a trilha sonora – tudo converge para criar uma atmosfera imersiva que nos transporta para aquela época. É fácil sentir a umidade da floresta, o cheiro da terra molhada, o peso da fé e do medo que permeia cada momento. A contribuição de Rukmini Vasanth como Kanakavathi, Jayaram como Rajashekara e Gulshan Devaiah como Kulashekara, por exemplo, não é meramente complementar; cada um tece sua parte na tapeçaria intrincada, dando corpo e voz aos desafios e às crenças daquele tempo.

O que me prende a Kantara: Chapter 1 é a sua audácia em não apenas recontar, mas em recontextualizar a lenda. Não é uma obra que busca as respostas fáceis; pelo contrário, ela abraça a ambiguidade da fé e a fúria indomável do espírito humano e divino. Há um ritmo único na forma como a narrativa se desdobra, alternando entre momentos de quietude contemplativa e explosões de ação visceral. É como um ritual que se constrói, camada por camada, até um clímax que te deixa sem fôlego, com o coração acelerado e a mente fervilhando.

Este filme não é para quem busca respostas simples ou uma narrativa linear. É para quem ousa se perder na profundidade dos mitos, para quem se permite ser guiado por histórias de origens que ecoam através dos séculos. Kantara: Chapter 1 não é apenas uma prequel; é um lembrete vívido do poder inquebrantável das lendas, uma ode à terra de Karnataka e, acima de tudo, um testemunho da paixão e visão de cineastas que ousam nos levar de volta ao princípio de tudo, onde a magia e a mitologia se entrelaçam na própria alma de um povo. E eu, por mim, estou mais do que satisfeito em me entregar a essa jornada elemental novamente.

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