If You Are the One

A gente se pega, às vezes, pensando na tal da “fórmula do amor”, não é mesmo? Seja nos nossos próprios desastres românticos ou na busca incansável por aquela conexão que a gente vê nos filmes. E é exatamente essa busca, essa curiosidade quase antropológica sobre como as pessoas se encontram (ou tentam se encontrar), que me trouxe de volta para um fenômeno televisivo que, veja só, completou uma década e meia de existência: If You Are the One.

Em 2025, olhar para trás e ver que um programa de encontros nascido em 2010 ainda ressoa com tanta força é, no mínimo, fascinante. Não é só um mero “reality show” de paquera; é um espelho, um palco onde a comédia e o drama da condição humana se desenrolam a cada episódio. E por que diabos eu dedicaria meu tempo a escrever sobre ele? Bem, porque, em sua simplicidade aparente, If You Are the One nos convida a ponderar sobre muito mais do que apenas quem vai encontrar seu par perfeito. Ele nos faz questionar sobre as expectativas sociais, a efemeridade das primeiras impressões e a eterna busca por pertencimento.

Imagine você: um palco vibrante, talvez um tanto kitsch para os padrões ocidentais, onde 24 mulheres, cada uma com um botão de luz em frente ao seu púlpito, aguardam a entrada de um único homem. Ele se apresenta, conta sua história, seus hobbies, seus anseios, enquanto as luzes das mulheres vão se apagando se elas perdem o interesse. É um jogo de eliminações instantâneas, de julgamentos rápidos e de uma franqueza muitas vezes brutal. Não tem rodeios, entende? Se não curtiu o corte de cabelo, a profissão ou a opinião sobre gatos, a luz se apaga, e a rejeição é visível, pública. Essa dinâmica, tão crua, é o coração pulsante do programa.

E no centro de tudo isso, com um sorriso quase onisciente e um humor afiado que corta como bisturi, está Meng Fei. Se você me perguntar qual é o segredo da longevidade de If You Are the One, eu diria, sem pestanejar, que grande parte dele reside na presença magnética e na sabedoria (às vezes, um tanto irônica) de Meng Fei. Ele não é apenas um apresentador; ele é um mediador, um terapeuta de palco, um comentarista social disfarçado. Observe como ele consegue extrair confissões inesperadas, como ele acalma os ânimos quando as discussões esquentam ou como ele lança uma frase de efeito que faz a plateia (e nós, em casa) explodir em risadas ou em um “hummm” pensativo. Não é sobre gritar ou criar polêmica barata; é sobre conduzir a conversa, instigar a reflexão e, sim, divertir. A forma como ele segura a onda de personalidades tão diversas, dos mais extravagantes aos mais tímidos, é uma aula de diplomacia e carisma.

Mas vamos ser honestos, um programa que se estende por tanto tempo não está imune a certas armadilhas. Existem momentos em que a gente se pergunta: “Isso é real ou um roteiro bem ensaiado?”. As reações exageradas, os discursos que parecem ter sido memorizados, as reviravoltas dramáticas… A linha entre a espontaneidade e a performance se torna tênue. E é aí que a nuance entra. Será que importa? No fim das contas, a televisão de encontros sempre flertou com essa dualidade. O que If You Are the One faz, de forma brilhante, é transformar essa ambiguidade em parte do espetáculo. Não estamos ali apenas para ver casais se formando; estamos ali para testemunhar a tentativa de se formar, com todas as suas imperfeições, seus cálculos e seus lampejos de genuína vulnerabilidade. As mãos de uma candidata tremendo enquanto ela decide apagar a luz, ou o sorriso contido de um homem que finalmente encontra alguém que deixou a luz acesa – são nesses pequenos detalhes que a humanidade do programa se revela, por trás de toda a produção.

Quinze anos! É tempo suficiente para ver gerações de solteiros e solteiras desfilando suas esperanças e seus medos naquele palco. E o que isso nos diz sobre a busca por amor na nossa era? Talvez que, apesar de todas as mudanças nas redes sociais e nos aplicativos de namoro, a essência do que procuramos continua a mesma: compreensão, aceitação e, quem sabe, um pouco de magia. If You Are the One pode ser um programa de TV, mas, no fundo, é um microcosmo da vida real, um lembrete agridoce de que encontrar alguém para caminhar ao lado é uma jornada cheia de luzes que se apagam, mas também, e mais importante, de algumas que permanecem acesas. E isso, meu caro leitor, é o que me faz voltar para ele, de tempos em tempos, com a mesma curiosidade de sempre.