Bambi: O Acerto de Contas

Desde que os primeiros rumores sobre Bambi: O Acerto de Contas começaram a circular, minha mente crítica e, devo admitir, um tanto perversa, foi imediatamente fisgada. Cá estou eu, um entusiasta do cinema que cresceu embalado pelas fábulas clássicas, diante de um fenômeno que transforma a inocência mais pura em pesadelo visceral. Por que diabos alguém faria isso? E, mais importante, por que eu estou tão fascinado por essa subversão grotesca? É essa curiosidade mórbida, essa sede por ver os limites do terror testados, que me trouxe até aqui para falar sobre o mais novo integrante do que agora se convenciona chamar de “The Twisted Childhood Universe”. E, poxa, que universo é esse!

Lá se vai a imagem de Bambi com seus olhos doces e perninhas trêmulas. Esqueça tudo o que você achava que sabia sobre o cervo mais famoso do mundo. O que Dan Allen nos entrega, com um roteiro afiado de Rhys Warrington e a corajosa produção da Jagged Edge Productions – sim, os mesmos que nos deram o urso de pelúcia assassino – é um filme que não tem medo de sujar as mãos. Lançado em 2025, Bambi: O Acerto de Contas é um mergulho brutal e sem remorso na escuridão, onde a vingança assume a forma mais improvável e, por isso mesmo, mais aterrorizante.

A premissa, por si só, já é um convite à polêmica: uma mãe (interpretada por Roxanne McKee, que dá vida a Xana com uma mistura palpável de desespero e resiliência) e seu filho, Benji (Tom Mulheron, cujo medo juvenil é quase palpável), sofrem um acidente de carro. Um evento trágico, sim, mas que desencadeia a fúria de Bambi. Não é um cervo qualquer; é um cervo mutante, desfigurado pela dor e pela perda, em uma caçada implacável por vingança. A morte de sua própria mãe, um trauma que ressoa com a tragédia original da Disney, é aqui o estopim para uma máquina de matar de quatro patas. Pense na dor geracional, na raiva acumulada por perdas injustas, e imagine tudo isso fisicamente manifestado em uma criatura que, em outra vida, seria um símbolo de inocência. É um conceito brilhante, um verdadeiro anti-herói do horror, com a brutalidade fria de um Jason Voorhees, mas com cascos.

A equipe de Jagged Edge Productions, com Scott Chambers e Rhys Frake-Waterfield no comando, mostra mais uma vez sua maestria em transformar ícones da infância em monstros que rastejam para fora dos nossos pesadelos mais profundos. Eles entenderam o “porquê” por trás do medo. Não é só o susto de ver um animal mutante; é a violação de uma memória afetiva, a corrupção do que era puro. E, meu Deus, como isso funciona! Xana e Benji não são apenas isca para o monstro. Roxanne McKee, especialmente, imprime em Xana uma força primitiva, uma mãe lutando desesperadamente pela vida do filho, o que nos arrasta para dentro da história, nos fazendo sentir cada respiração ofegante, cada batida cardíaca acelerada enquanto Bambi se aproxima. O trabalho de Adrian Relph (Michael) e Nicola Wright (Mary) e Alex Cooke (Simon) ajuda a construir um quadro de vítimas potenciais que intensifica a sensação de armadilha.

AtributoDetalhe
DiretorDan Allen
RoteiristaRhys Warrington
ProdutoresScott Chambers, Rhys Frake-Waterfield
Elenco PrincipalRoxanne McKee, Tom Mulheron, Adrian Relph, Nicola Wright, Alex Cooke
GêneroTerror, Thriller
Ano de Lançamento2025
ProdutoraJagged Edge Productions

Mas o filme é mais do que apenas um festival de mortes sangrentas. Há uma complexidade aqui que talvez não seja imediatamente óbvia. Como apontado por alguns, a arte do high camp no cinema, especialmente em gêneros como terror e ficção científica, é uma dança delicada. Exige um ritmo milimetricamente calculado, uma entrega que beira o absurdo sem cair no ridículo puro. E Dan Allen, para minha surpresa, consegue manter esse equilíbrio. O horror é genuíno, a tensão é palpável, mas há uma camada de humor negro, uma piscadela para a audiência que diz: “Sim, sabemos que isso é insano, e vamos nos divertir com isso”. Não é uma comédia, de jeito nenhum, mas a própria premissa é tão ultrajante que a risada vem do nervosismo, da incredulidade. É como se a câmera de Allen nos obrigasse a olhar para o monstro e a rir um pouco de nós mesmos por estarmos tão aterrorizados com algo tão… inusitado. O cervo mutante, a criatura movida por uma vingança primordial, transforma a floresta que antes era palco de cantos e amizades em um corredor da morte.

Os sons, a cinematografia que alterna entre close-ups angustiantes e planos abertos que revelam a vulnerabilidade das vítimas na vastidão da natureza, tudo contribui para a experiência imersiva. Você pode quase sentir o cheiro de terra molhada e sangue, ouvir o farfalhar das folhas sob os cascos de Bambi, que agora significam apenas uma coisa: morte iminente.

Bambi: O Acerto de Contas não é para os fracos de coração, nem para quem espera uma adaptação respeitosa de um clássico infantil. É para aqueles que, como eu, apreciam a audácia, a subversão e a criatividade no horror. É um filme que questiona: o que acontece quando a inocência é irremediavelmente quebrada? E a resposta, meus caros, é um pesadelo de quatro patas que veio para cobrar a dívida. E, ah, como ele cobra. Será que essa fúria mutante, essa visão doentia do “bambi” vingativo, vai realmente nos deixar esquecer o original? Talvez não, mas certamente nos dará algo novo (e aterrorizante) para pensar quando ouvirmos o nome Bambi novamente.

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