Anjos da Noite: Underworld – Um Clássico Subestimado do Gótico Urbano?
Passaram-se mais de duas décadas desde que Len Wiseman nos presenteou com Anjos da Noite: Underworld, e olhando para trás em 23 de setembro de 2025, percebo o quanto esse filme, apesar de suas imperfeições, marcou uma geração. Mais que um simples filme de ação com vampiros e lobisomens, “Underworld” construiu um universo visualmente rico e esteticamente marcante, que influenciou incontáveis produções subsequentes. A sinopse, sem spoilers, gira em torno de Selene, uma vampira Death Dealer que se vê no meio de uma guerra secular entre sua espécie e os Lycans, lobisomens ferozes. A descoberta de um humano com um segredo potencialmente devastador a coloca no centro de uma conspiração que ameaça tudo o que ela conhece.
O filme se destaca, em grande parte, pela visão de Wiseman. A estética gótica urbana, com suas ruas escuras e chuvosas de Budapeste, é impecavelmente construída. A atmosfera opressiva e sombria é crucial para o tom geral, criando uma imersão fantástica que poucos filmes conseguem alcançar. O design de produção, a fotografia e os efeitos especiais (principalmente os práticos) são impressionantes, mesmo considerando os avanços tecnológicos dos últimos anos. A paleta de cores escuras e frias, combinada com a coreografia de luta elegante e brutal, garante uma experiência visualmente memorável.
Apesar da direção impecável, o roteiro de Danny McBride, embora funcional, apresenta algumas falhas. A trama, por vezes, se sente apressada e alguns personagens são pouco explorados. O romance entre Selene e Michael, apesar de ser um elemento central da narrativa, não é totalmente convincente, parecendo mais uma convenção do gênero do que uma conexão genuína. Felizmente, as atuações conseguem compensar algumas dessas deficiências. Kate Beckinsale, como Selene, entrega uma performance poderosa e icônica. Sua força e vulnerabilidade são convincentes, e ela consegue carregar o peso emocional do filme em suas costas. O elenco de apoio, incluindo Michael Sheen como o carismático e ameaçador Lucian e Bill Nighy como o enigmático Viktor, também se destaca, elevando o nível do filme.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Len Wiseman |
Roteirista | Danny McBride |
Produtores | Tom Rosenberg, Gary Lucchesi, Richard S. Wright |
Elenco Principal | Kate Beckinsale, Scott Speedman, Michael Sheen, Shane Brolly, Bill Nighy |
Gênero | Fantasia, Ação, Thriller |
Ano de Lançamento | 2003 |
Produtoras | Screen Gems, Lakeshore Entertainment |
Um dos pontos fortes indiscutíveis de “Underworld” é a criatividade em sua construção de mundo. A mitologia vampírica e licantropa apresentada, embora não completamente original, é rica em detalhes e intrigante o suficiente para prender o espectador. A rivalidade ancestral entre vampiros e Lycans, a hierarquia complexa dos vampiros, e a introdução de híbridos geram um universo rico em possibilidades que foram explorados, com maior ou menor sucesso, nas continuações. Entretanto, a trama, ao focar na ação e no suspense, sacrifica o aprofundamento dos temas presentes. A exploração do conceito de “amor da própria vida” fica superficial, e a relação complexa entre as duas espécies poderia ter sido melhor explorada.
Por outro lado, a violência gratuita e a simplificação de alguns aspectos da história são pontos fracos que não podem ser ignorados. O filme é claramente um produto de sua época (início dos anos 2000), e alguns aspectos dataram – em particular o “gótico industrial” que permeia toda a estética. Apesar disso, Anjos da Noite: Underworld possui um charme nostálgico inegável.
Em conclusão, Anjos da Noite: Underworld é um filme de ação sobrenatural que, apesar de suas imperfeições no roteiro, se destaca por sua direção competente, pelas atuações memoráveis e por sua estética singular. É um filme que, mesmo em 2025, consegue entreter e cativar, especialmente para quem aprecia o gênero de fantasia sombria e o gótico urbano. Recomendo fortemente sua exibição, sobretudo para aqueles que buscam uma experiência cinematográfica visualmente impactante e uma história de ação fluida e visceral, lembrando que o filme deve ser apreciado pelo que é: um clássico cult do início dos anos 2000. A experiência de streaming, aliás, facilita muito o acesso a este filme e evita as incômodas idas à locadora – quem se lembra delas? O filme mantém seu fascínio, mesmo após todas essas décadas.