The Healing

Em um mundo onde a avalanche de conteúdo nos assola diariamente, é fácil ficar anestesiado, não é mesmo? Me pego, muitas vezes, navegando pelos serviços de streaming com aquela sensação morna de “já vi isso antes”. Mas aí, de repente, algo surge no horizonte – um título, um punhado de palavras-chave – que acende uma pequena faísca. E foi exatamente isso que aconteceu comigo com The Healing. A promessa de um terror folk, ambientado em um retiro espiritual, com a pitada inescapável do horror sobrenatural? Ah, meu amigo, isso é um convite irrecusável para um coração que pulsa pelas entranhas mais obscuras da alma humana.

Eu sempre tive uma fascinação peculiar por histórias que mergulham em rituais ancestrais e na sabedoria (ou insanidade) coletiva de comunidades isoladas. Há algo de intrinsecamente perturbador em ver a sanidade se desintegrar sob o peso de crenças antigas, onde a linha entre o sagrado e o profano se dissolve em um nevoeiro gélido. Por isso, quando 2025 chegou e trouxe consigo a tão esperada estreia de The Healing, produzido pela Radragon, eu sabia que precisava conferir. E, diga-se de passagem, a expectativa foi recompensada com um mergulho visceral em um pântano de medo sutil e implacável.

Desde os primeiros frames, Денис Крючков, o diretor, já nos transporta para um cenário que é, ao mesmo tempo, de uma beleza bucólica e de uma opressão que sufoca. Não há gritos imediatos ou sustos baratos; a atmosfera de The Healing é construída tijolo por tijolo, com a paciência de um artesão que sabe que a verdadeira dor não está no que vemos, mas no que sentimos que está à espreita. A fotografia é um personagem à parte, utilizando as cores da natureza – o verde exuberante que esconde segredos, o marrom da terra que guarda histórias esquecidas – para criar uma tela de fundo que é tão convidativa quanto traiçoeira. Você quase pode sentir o ar úmido e o cheiro de terra molhada que emana da tela, uma imersão sensorial que te prende antes mesmo que o horror comece a desenrolar seus tentáculos.

E o horror, bom, ele vem. Mas não da forma que você espera. O que Olga Loyanich e Robert Orr teceram no roteiro é uma tapeçaria de lendas sussurradas, medos enraizados no folclore e a fragilidade da mente humana quando confrontada com o inexplicável. Lyuba, interpretada com uma intensidade palpável por Алена Митрошина, é o nosso guia nessa jornada ao coração das trevas. Seus olhos, que começam com um brilho de esperança por redenção ou paz no retiro espiritual, gradualmente se enchem de uma desconfiança gélida, um pânico silencioso que se espalha como erva daninha. Não é sobre monstros saltando da sombra; é sobre a erosão da realidade, o sussurro de vozes que não deveriam existir e a sensação de que você está sendo constantemente observado por algo que se esconde à vista de todos.

AtributoDetalhe
DiretorДенис Крючков
RoteiristasOlga Loyanich, Robert Orr
Elenco PrincipalАлена Митрошина, Wolfgang Cerny, Екатерина Соломатина, Вячеслав Чепурченко, Максим Ханжов
GêneroTerror, Thriller
Ano de Lançamento2025
ProdutoraRadragon

Há uma cena específica, que me marcou profundamente, onde a personagem de Екатерина Соломатина, Danila, parece estar se entregando a uma espécie de transe, com uma expressão que oscila entre a beatitude e o terror absoluto. É um momento de puro “mostrar, não contar”. Não precisamos de ninguém dizendo que ela está sob influência; a quietude de seu corpo, a maneira como seus músculos se tensionam e relaxam em um ritmo desconhecido, e aquele olhar distante, nos contam tudo. É nesse tipo de sutileza que o filme realmente brilha, nos fazendo questionar o que é real e o que é a projeção de nossos próprios medos mais profundos.

Wolfgang Cerny, Вячеслав Чепурченко e Максим Ханжов, embora talvez com menos tempo de tela focado em arcos individuais tão explícitos, contribuem para o denso tecido humano que compõe essa comunidade isolada. Eles são os pilares que sustentam a fachada de normalidade antes que ela se desfaça em pedaços, e a dinâmica entre eles é crucial para a escalada do desespero. Você percebe a mudança no comportamento de cada um, a forma como pequenos tiques nervosos surgem, como o medo começa a corroer a confiança, e isso é um testemunho da direção de Крючков e do talento do elenco em construir personagens verossímeis em um cenário tão surreal.

The Healing não é um filme para quem busca respostas fáceis ou um vilão bem definido. Ele abraça a ambiguidade, as sombras da crença e a fragilidade da razão. É um conto sobre o que acontece quando buscamos cura nos lugares errados, ou quando a própria “cura” vem com um preço que ninguém está disposto a pagar. O filme nos lembra que nem tudo que é antigo é bom, e que a sabedoria popular pode, às vezes, ser um véu para horrores inimagináveis, à espreita nas florestas, esperando a próxima alma em busca de redenção. Ele se enraíza na nossa psique, questionando a verdadeira natureza do bem e do mal, do sagrado e do profano.

É uma obra que me deixou pensando por dias, revivendo cenas, tentando encaixar as peças de um quebra-cabeça que talvez nunca tenha uma solução única. E para mim, essa é a marca de um bom filme de terror: aquele que te persegue muito depois que os créditos rolam, que te faz olhar para o escuro do seu quarto com uma nova percepção do que pode estar lá.

E você, o que achou de The Healing? Ele te deixou com aquela sensação incômoda de que há mais mistérios no mundo do que a gente gostaria de admitir? Deixe sua opinião nos comentários!

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