Fire Country

Pôster: Prisioneiro em laranja à frente de bombeiros em floresta com incêndio. Avião no céu. Clima urgente e dramático.

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Sabe, de vez em quando, a gente se depara com uma série que, na superfície, parece só mais uma na vastidão da televisão, mas que, ao mergulhar um pouco mais, revela camadas de pólvora e humanidade. “Fire Country”, que estreou lá em 2022 e que, aqui em outubro de 2025, ainda ecoa em minhas lembranças, é exatamente assim. Por que diabos eu dedicaria meu tempo a escrever sobre ela? Bem, porque ela pega um tema intrinsecamente americano – os incêndios florestais da Califórnia – e o infunde com uma dose cavalar de dilemas morais, segundas chances e, claro, muita labuta.

A premissa, pra quem ainda não se aventurou por essas chamas, é um tanto quanto… incendiária. Bode Donovan, ou melhor, Bode Leone, como descobrimos pela incrível atuação de Max Thieriot – que, aliás, não é só o rosto principal, mas também um dos criadores da série, o que já diz muito sobre seu investimento na trama – é um jovem condenado que busca redenção. E onde ele a encontra? Num programa de combate a incêndios em prisões no norte da Califórnia. Ali, ele e outros presos, entre a poeira e o calor escaldante, formam uma parceria improvável com bombeiros profissionais. É um drama com uma veia de crime, sim, mas que se enraíza profundamente na ideia do que se faz quando se está entre a cruz e a espada, entre a liberdade e o cativeiro, e entre a vida e a morte.

Quando o fogo ruge, não há distinção de status social ou ficha criminal. Há apenas a fúria da natureza e a coragem, ou o desespero, daqueles que a enfrentam. E “Fire Country” faz um trabalho excepcional em nos transportar para o coração desse caos. Lembro-me vividamente de uma cena em que as brasas voavam como vaga-lumes mortais, o ar pesado de fumaça e o som crepitante da floresta se rendendo às chamas. Você quase podia sentir o calor na sua própria pele, o gosto da fuligem na boca. É o tipo de coisa que te prende, que te faz suar frio mesmo no conforto do seu sofá.

Mas vamos ser francos, a série não escapa de uma discussão mais espinhosa. E é aqui que a coisa fica interessante. Eu vi, e você provavelmente também deve ter lido por aí, algumas críticas que apontam o programa como uma espécie de “propaganda” ou que toca na ferida sensível do que muitos chamam de “trabalho escravo” na Califórnia. E eu entendo o ponto. A ideia de condenados lutando contra incêndios, arriscando suas vidas por uma remuneração irrisória, em um estado que se considera um bastião de progressismo, é uma contradição complexa e dolorosa. A série não finge que isso não existe; pelo contrário, ela usa essa tensão como combustível para sua narrativa.

AtributoDetalhe
CriadoresTony Phelan, Joan Rater, Max Thieriot
Elenco PrincipalMax Thieriot, Kevin Alejandro, Jordan Calloway, Jules Latimer, Diane Farr
GêneroDrama, Crime
Ano de Lançamento2022
ProdutorasCBS Studios, Jerry Bruckheimer Television

Bode, interpretado com uma vulnerabilidade e uma teimosia palpáveis por Thieriot, está ali não por escolha, mas por necessidade. Sua busca por redenção é genuína, mas o sistema que o coloca nessa posição é, no mínimo, questionável. É essa ambiguidade que me atrai. A série nos mostra que, mesmo em circunstâncias moralmente cinzentas, podem florescer atos de heroísmo e a busca por um propósito maior. Kevin Alejandro, como Manny Perez, o bombeiro que se torna mentor desses presos, e Diane Farr, como Sharon Leone, a chefe dos bombeiros e mãe de Bode, dão vida a personagens que navegam por essas águas turvas com uma honestidade que te arranca suspiros e, por vezes, um nó na garganta. Eles não são perfeitos, estão cheios de cicatrizes, e é exatamente isso que os torna tão humanos e relacionáveis.

Os diálogos, muitas vezes curtos e diretos, mas carregados de significado, revelam as camadas de cada personagem. Não é preciso dizer que alguém está com medo; as mãos trêmulas, o olhar fixo no horizonte em chamas, o suor frio na testa de Jake Crawford (Jordan Calloway) ou a determinação silenciosa de Eve Edwards (Jules Latimer) falam por si. É essa técnica de “mostrar, não contar” que eleva Fire Country acima do drama genérico.

A produção da CBS Studios e Jerry Bruckheimer Television garante que a escala dos incêndios seja espetacular e realista, mas o verdadeiro impacto está na intimidade dos relacionamentos, nos olhares trocados, nas decisões difíceis tomadas sob pressão. O ritmo da série, alternando entre a adrenalina do combate ao fogo e os momentos mais introspectivos de cada personagem, te puxa para dentro da história, como um remo em águas turbulentas. Você se sente parte da equipe, torcendo por eles, mesmo sabendo que são condenados, que cometeram erros. Porque, no fundo, quem de nós nunca errou?

“Fire Country” é uma série que, ao meu ver, convida à reflexão. Ela nos força a olhar para a complexidade da justiça, da punição e da possibilidade de mudança. Não oferece respostas fáceis, e talvez esse seja o seu maior trunfo. Ela nos lembra que, mesmo nas condições mais adversas, a faísca da esperança e da humanidade pode acender uma chama de redenção. E é por isso que, mesmo dois anos depois do seu lançamento, ainda vale a pena falar dela, pensar nela, e senti-la.

E você, qual aspecto de Fire Country te tocou mais profundamente? Foi a ação, a busca por redenção, ou as complexas questões sociais que ela levanta? Conte pra gente nos comentários!

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