Mulher-Maravilha 1984: Uma década depois, a nostalgia falha em superar a bagunça
Cinco anos se passaram desde que Diana Prince, a Mulher-Maravilha, pisou nas telas e nos corações. Em 2020, a sequência prometia mais do mesmo, mas com uma pitada deliciosa de anos 80. A premissa é tentadora: em plena década de neon e ombreiras, Diana se confronta com Maxwell Lord e a Mulher-Leopardo, enquanto um reencontro improvável com Steve Trevor agita ainda mais as coisas. Mas a nostalgia dos anos 80, por si só, não consegue salvar Mulher-Maravilha 1984 de ser, no mínimo, uma experiência desigual.
A direção de Patty Jenkins, que brilhou no primeiro filme, aqui se perde num excesso de cores vibrantes e uma montagem frenética que, em vez de criar tensão, gera um certo cansaço. A estética, embora fiel à época, beira o caricato em alguns momentos, prejudicando a seriedade que a trama tenta impor. A performance de Gal Gadot como Diana Prince continua impecável, transmitindo força e vulnerabilidade com maestria. Chris Pine retorna como Steve Trevor, e aqui reside uma das maiores dificuldades do filme: a sua ressurreição, embora crie momentos emocionais, quebra a lógica interna da narrativa e se mostra uma escolha narrativa problemática, que abala o equilíbrio da história.
O roteiro, assinado por Jenkins em parceria com David Callaham e Geoff Johns, demonstra ambição, mas falta-lhe foco. A introdução de Maxwell Lord, interpretado por um Pedro Pascal que faz o que pode com um personagem pouco desenvolvido, e a transformação de Barbara Minerva (Kristen Wiig) em Mulher-Leopardo, embora visualmente impactante, pecam por uma falta de profundidade que prejudica o desenvolvimento dos antagonistas. São vilões superficiais e, francamente, pouco convincentes. A ausência de uma ameaça real deixa a luta da Mulher-Maravilha com um peso menor do que o esperado. Robin Wright, como Antiope, aparece em flashbacks como uma saudosa lembrança de momentos mais coesos e fortes da franquia.
Atributo | Detalhe |
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Diretora | Patty Jenkins |
Roteiristas | David Callaham, Patty Jenkins, Geoff Johns |
Produtores | Zack Snyder, Charles Roven, Stephen Jones, Patty Jenkins, Deborah Snyder, Gal Gadot |
Elenco Principal | Gal Gadot, Chris Pine, Kristen Wiig, Pedro Pascal, Robin Wright |
Gênero | Ação, Aventura, Fantasia |
Ano de Lançamento | 2020 |
Produtoras | Warner Bros. Pictures, The Stone Quarry, DC Films, Atlas Entertainment |
Apesar dos tropeços, o longa-metragem encontra alguns momentos de brilho. As sequências de ação são, de fato, espetaculares. A coreografia de luta é impecável, combinando o poder da heroína com a estética peculiar da década. Há também momentos genuinamente tocadores, principalmente aqueles que exploram a complexa jornada de Diana, apesar de estarem aninhados em uma trama confusa.
Mulher-Maravilha 1984 tem boas intenções, mas sofre de um excesso de elementos narrativos e uma falta de coesão. A nostalgia dos anos 80, embora bem executada esteticamente, não consegue compensar os problemas de roteiro e a construção superficial de personagens. O filme possui vislumbres de grandeza, mas o conjunto se revela menos impactante do que sua premissa prometia. Para os fãs dedicados, a experiência pode ser divertida, mas é difícil recomendar o filme para um público mais amplo sem ressalvas. A magia do primeiro filme não se repetiu aqui. Uma pena. Recomendo a audiência cautelosa, principalmente para aqueles que buscam uma narrativa robusta e personagens memoráveis. A experiência é visualmente deslumbrante em partes, mas a inconsistência narrativa prevalece.