Quatro anos se passaram desde que Rainha de Espadas chegou aos cinemas brasileiros, e a lembrança do filme ainda me assombra – numa boa, claro. Não se trata de um terror memorável, que ficará gravado na memória coletiva dos amantes do gênero como um clássico instantâneo. Mas é um filme que, em sua simplicidade, me surpreendeu e me fez pensar sobre o que realmente nos assusta.
A trama, resumidamente, gira em torno de um grupo de adolescentes que, movidos por curiosidade e pela crença de que se trata de uma brincadeira, invocam a lendária Rainha de Espadas, uma entidade russa do folclore, através de um ritual antigo. A brincadeira, é claro, sai terrivelmente do controle, e os jovens se veem em meio a eventos sobrenaturais assustadores. Não esperem sustos baratos de jumpscares, mas uma atmosfera crescente de apreensão, uma inquietude que se instala como uma sombra persistente.
Patrick White, que assina tanto a direção quanto o roteiro (em parceria com John Ainslie), demonstra um talento para criar suspense sem recorrer a truques baratos. A fotografia, embora não seja excepcionalmente inovadora, contribui significativamente para a atmosfera opressiva do filme. Os cenários escuros, os espelhos distorcidos – um dos temas que realmente me fascinou – tudo colabora para construir uma tensão palpável. O roteiro, por sua vez, poderia ter sido um pouco mais profundo, explorando com maior cuidado a psique dos personagens e as motivações que os levam a arriscar a invocação da entidade.
As atuações são, em sua maioria, competentes. Ava Preston, Kaelen Ohm, Jamie Bloch e Eric Osborne, que compõem o quarteto principal, entregam performances críveis, principalmente considerando o orçamento provavelmente modesto do filme. Não há atuações memoráveis para serem celebradas, mas também nada que comprometa a experiência.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Patrick White |
Roteiristas | Patrick White, John Ainslie |
Elenco Principal | Ava Preston, Kaelen Ohm, Jamie Bloch, Eric Osborne, Nabil Rajo |
Gênero | Terror |
Ano de Lançamento | 2021 |
Produtoras | Epic Pictures Group, Dread, Screen Time, 1984 Pictures |
A maior força de Rainha de Espadas, na minha opinião, reside na sua capacidade de explorar o medo primordial. Não é um medo de fantasmas ou monstros explícitos, mas um medo mais profundo, relacionado à fragilidade da nossa sanidade, ao poder das forças que desconhecemos e ao terror latente que reside no invisível. A escolha de focar no aspecto psicológico do terror, aliada à ambientação escura e claustrofóbica, é um acerto. Por outro lado, a resolução da trama pode ser considerada um pouco apressada e até previsível para alguns espectadores mais exigentes.
No fim das contas, Rainha de Espadas não é um filme para todos. Não espere sustos contínuos e cenas de gore exageradas. Mas se você aprecia um filme de terror com uma atmosfera densa e que brinca com a sua mente, vale a pena conferir. É um exemplo interessante de como um baixo orçamento e uma premissa relativamente simples podem gerar um filme eficaz, mesmo que não se torne um marco do gênero. Recomendo-o para os amantes de suspense psicológico, principalmente aqueles que apreciam a exploração sutil do medo e uma narrativa que preza o clima acima de todos os outros elementos. A atmosfera permanece, e isso, em si, já é algo.