Casa de Boneca: Uma Melodia Amarga e Tocante
Dois anos se passaram desde a estreia de Casa de Boneca, e a lembrança do filme, uma obra visceral e surpreendentemente tocante, ainda ecoa em minha mente. A sinopse, aparentemente simples – a jornada de um cantor de rock em busca de uma filha que desconhece sua existência – mascara uma complexidade emocional que se revela gradualmente, criando uma experiência cinematográfica profunda e, por vezes, desconcertante.
O diretor Marla Ancheta conduz a narrativa com uma mão firme, equilibrando momentos de intensa emoção com outros de delicada introspecção. A câmera não julga, mas observa, permitindo que a história se desenrole organicamente, como uma canção que lentamente se revela em seus detalhes. O roteiro de Onay Sales-Camero, por sua vez, é um trabalho primoroso, repleto de diálogos afiados e momentos de silêncio eloquentes, que amplificam a carga dramática. Ele consegue, com maestria, construir uma atmosfera de tensão palpável, que nos mantém grudados na tela, ansiosos pelo desfecho.
As atuações, sem dúvida, são o coração pulsante do filme. Baron Geisler, como Rustin, o pai roqueiro em busca de redenção, entrega uma performance visceral, crua e profundamente humana. Ele transmite com maestria a fragilidade e a culpa que atormentam sua personagem, sem recorrer a clichês. Althea Ruedas, como Yumi, a filha, é igualmente brilhante. Ela consegue retratar a confusão, a raiva e a esperança que invadem o coração de sua personagem com uma sutileza impressionante. Mary Joy Apostol, como a Yumi mais velha, complementa a atuação de Althea com perfeição, construindo uma ponte temporal que nos conecta com a evolução da personagem. Phillippe Salvador Palmos e Katreena Beron oferecem suporte fundamental, dando profundidade à narrativa com suas interpretações sólidas.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Marla Ancheta |
| Roteirista | Onay Sales-Camero |
| Elenco Principal | Baron Geisler, Althea Ruedas, Mary Joy Apostol, Phillippe Salvador Palmos, Katreena Beron |
| Gênero | Drama |
| Ano de Lançamento | 2022 |
| Produtora | MAVC |
A força de Casa de Boneca reside em sua capacidade de explorar temas complexos, como a paternidade ausente, a busca pela identidade e o peso do passado, sem cair em sentimentalismos baratos. O filme nos confronta com a realidade bruta das escolhas que fazemos, e suas consequências, sem julgar ou oferecer respostas fáceis. É uma história universal, que ressoa com a experiência humana compartilhada.
Entretanto, a narrativa, por vezes, se perde em alguns meandros. Há momentos em que o ritmo pode parecer um pouco lento, e alguns diálogos poderiam ter sido mais concisos. No entanto, essas pequenas falhas são facilmente perdoadas frente à força da emoção que o filme transmite.
Em suma, Casa de Boneca é uma obra cinematográfica notável, uma exploração profunda das complexidades das relações humanas. Embora não seja perfeita, sua honestidade brutal e a potência das atuações a tornam uma experiência memorável. Recomendo fortemente este filme a todos aqueles que apreciam dramas impactantes e que buscam um cinema que desafie e emocione. Casa de Boneca é uma canção, por vezes triste, por vezes esperançosa, que vale a pena ouvir.
