O Conselheiro: Um Baile de Sangue e Elegância Sob a Direção de Ridley Scott
Doze anos se passaram desde que assisti pela primeira vez a “O Conselheiro”, e a experiência ainda ecoa em mim, uma sinfonia de tensão, beleza e brutalidade que continua a me fascinar e, por vezes, me perturbar. Dirigido por Ridley Scott, a partir do roteiro visceral de Cormac McCarthy, o longa-metragem de 2013 não foi exatamente um sucesso de bilheteria, mas para mim, representa um estudo de personagem fascinante e uma imersão no submundo do narcotráfico que poucos filmes conseguem igualar.
A trama gira em torno de um advogado respeitado (Michael Fassbender, impecável em sua vulnerabilidade), que, seduzido pela promessa de uma fortuna rápida, se envolve em um negócio de contrabando de drogas com consequências devastadoras. Rodeado por personagens complexos e moralmente ambíguos – interpretados por um elenco de estrelas incluindo Penélope Cruz, Cameron Diaz, Javier Bardem e Brad Pitt –, ele rapidamente percebe que subestimou a crueldade e a sofisticação do cartel mexicano que os controla. O que se segue é uma espiral descendente de violência e traições, onde a linha tênue entre a vida e a morte se torna cada vez mais tênue.
Ridley Scott, mestre da atmosfera e da construção de suspense, imprime sua marca registrada no filme. A direção é impecável, criando um clima de opressão constante que acompanha o desespero crescente do protagonista. As cenas são visualmente impactantes, com uma fotografia primorosa que contrasta a opulência superficial com a escuridão moral dos personagens. A fotografia evoca uma atmosfera quase poética, contrastando a beleza crua das paisagens com a feiúra da violência.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Ridley Scott |
Roteirista | Cormac McCarthy |
Produtores | Steve Schwartz, Paula Mae Schwartz, Nick Wechsler, Ridley Scott |
Elenco Principal | Michael Fassbender, Penélope Cruz, Cameron Diaz, Javier Bardem, Brad Pitt |
Gênero | Thriller, Crime, Drama |
Ano de Lançamento | 2013 |
Produtoras | Fox 2000 Pictures, Nick Wechsler Productions, Chockstone Pictures, TSG Entertainment, Scott Free Productions |
O roteiro de Cormac McCarthy é um poema em prosa, repleto de diálogos cortantes e descrições vívidas. A linguagem é precisa, contundente, e a ausência de sentimentalismo reforça a realidade brutal do mundo retratado. Há uma poética sombria na narrativa, uma elegância brutal que torna a experiência ainda mais marcante. Apesar de algumas críticas à trama por parecer confusa para alguns espectadores, eu a vejo como uma metáfora perfeita para a desordem e a imprevisibilidade inerentes ao tráfico de drogas – um reflexo da própria natureza caótica do crime.
As atuações são excelentes, com cada ator entregando performances convincentes e multifacetadas. Fassbender carrega o peso da narrativa com maestria, retratando a transformação de um homem inocente em um alvo desesperado. Diaz, Bardem e Pitt brilham em seus papéis, apresentando personagens complexos e memoráveis, enquanto Penélope Cruz complementa o elenco com uma interpretação de força e fragilidade.
Um dos pontos altos do filme é a exploração da natureza humana, do desejo de poder e riqueza, e das consequências devastadoras de escolhas erradas. “O Conselheiro” não é um filme para quem busca escapismo; é uma obra sombria e reflexiva que questiona a moralidade e a fragilidade da condição humana. Porém, esta mesma profundidade pode ser um dos seus pontos fracos. A complexidade da trama, combinada com o estilo narrativo de McCarthy, pode alienar alguns espectadores, que podem se sentir perdidos no turbilhão de eventos e diálogos densos.
Em retrospecto, após quase doze anos, “O Conselheiro” permanece como uma experiência cinematográfica singular. Apesar das críticas mistas que recebeu em 2013, eu o considero um trabalho audacioso e provocante, uma obra-prima subestimada que merece ser revisitada. Não se trata de um filme fácil, mas é recompensador para aqueles que apreciam cinema com substância, reflexões profundas e um estilo visual marcante. Recomendo fortemente a todos que buscam um thriller inteligente, denso e visceral, desde que estejam preparados para uma experiência que pode ser tão desconcertante quanto gratificante.