Cada Um Vive Como Quer: Uma Ode à Desordem e à Liberdade
Cinquenta e cinco anos depois de sua estreia em 21 de dezembro de 1970, Cada Um Vive Como Quer (Easy Rider, no original) continua a ressoar com uma potência surpreendente. Mais do que um simples filme sobre um road trip, este longa-metragem de Bob Rafelson é um grito primal de rebeldia, uma ode à liberdade individual, mesmo que essa liberdade leve a um caminho tortuoso e, por vezes, autodestrutivo. Acompanhamos Robert Eroica Dupea, um pianista talentoso que abandona a vida confortável da alta sociedade americana para vagar pelas estradas, trabalhando em empregos temporários e vivendo em busca de uma autenticidade que parece inatingível.
A sinopse, sem entrar em detalhes excessivos, nos apresenta a jornada de Robert, que encontra amor e conflito em suas andanças, culminando em um confronto com sua origem e com as escolhas que fez. Sua busca por si mesmo é o eixo central da narrativa, uma busca que o leva a relacionamentos fugazes, encontros fortuitos e, eventualmente, a uma profunda reflexão sobre suas prioridades.
A direção de Rafelson é visceral. A câmera acompanha Robert em sua jornada, transmitindo a sensação de liberdade e desordem que ele busca. Não há um roteiro linear, e sim uma sucessão de momentos, encontros e reflexões que capturam a essência de uma vida fora dos padrões convencionais. A fotografia, muitas vezes crua e despretensiosa, intensifica o realismo da narrativa, e a trilha sonora, atemporal e emblemática, acompanha o tom melancólico e profundamente humano da história.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Bob Rafelson |
| Roteirista | Carole Eastman |
| Produtores | Bob Rafelson, Richard Wechsler |
| Elenco Principal | Jack Nicholson, Karen Black, Susan Anspach, Lois Smith, Ralph Waite |
| Gênero | Drama |
| Ano de Lançamento | 1970 |
| Produtoras | BBS Productions, Columbia Pictures |
Carole Eastman, responsável pelo roteiro, tece uma trama que, apesar de sua aparente simplicidade, é rica em nuances. Os diálogos são cruciais para a construção dos personagens, e a forma como a história se desenvolve, com seu ritmo cadenciado e suas reviravoltas inesperadas, cria uma atmosfera de constante expectativa.
O elenco é impecável. Jack Nicholson, em uma performance icônica, personifica a complexidade de Robert com uma maestria rara. Sua interpretação é multifacetada: Robert é ao mesmo tempo atraente, rebelde, melancólico e profundamente perdido. Karen Black e Susan Anspach, como as mulheres que cruzam o caminho de Robert, complementam o elenco com atuações que conseguem capturar a força e a fragilidade de seus personagens. A química entre os atores é palpável, tornando a experiência de assistir ao filme ainda mais envolvente.
Os pontos fortes de Cada Um Vive Como Quer residem em sua honestidade e autenticidade. O filme não idealiza a vida de Robert; ele a apresenta em toda sua complexidade, mostrando seus altos e baixos, seus momentos de triunfo e seus momentos de profunda solidão. Entretanto, um possível ponto fraco, para alguns, pode ser justamente esse ritmo mais cadenciado e a ausência de um conflito central bem definido. A narrativa, mais focada em nuances e atmosferas, poderá não agradar aqueles que buscam uma trama mais linear e previsível.
O filme explora temas universais como a busca pela identidade, a rejeição dos valores da sociedade dominante e o conflito entre a liberdade individual e a responsabilidade social. A mensagem subjacente é uma afirmação da liberdade, mesmo que isso implique em consequências imprevisíveis. A jornada de Robert não é uma receita para o sucesso, mas sim um testemunho de uma vida vivida de acordo com seus próprios termos, mesmo que isso signifique abraçar a incerteza e a solidão.
Em 1970, Cada Um Vive Como Quer foi um fenômeno cultural, representando a contracultura e o espírito rebelde da época. Sua recepção foi geralmente positiva, e as quatro indicações ao Oscar corroboram a qualidade do longa-metragem. Ao revisitá-lo em 2025, percebemos que sua mensagem continua atual, e o filme permanece como uma obra-prima do cinema americano, um filme que questiona e inspira, e que continua a inquietar e a cativar o público décadas após seu lançamento.
Recomendo fortemente Cada Um Vive Como Quer a todos aqueles que buscam um filme que vai além do entretenimento superficial, que busca retratar a complexidade da condição humana e que se aventura por caminhos pouco convencionais. É uma experiência cinematográfica memorável, que certamente deixará sua marca. Se você busca autenticidade e uma reflexão sobre a vida e as escolhas que fazemos, este é o filme para você. Disponível em diversas plataformas digitais, não perca a oportunidade de assistir a esta obra-prima.




