Marco e Nonno

Sabe, de vez em quando, a gente se depara com um filme que não só entretém, mas que nos cutuca de um jeito bom. Que faz a gente parar, olhar para a tela e depois para a vida real, e pensar: “Ei, tem algo aí, algo importante”. É exatamente essa a sensação que Marco e Nonno me deixou desde que tive a chance de assisti-lo, lá em 2020, quando ele deu as caras pela primeira vez. E, olha, mesmo agora, em 2025, a mensagem dele continua fresquinha, urgente até.

Por que eu me sinto compelido a falar sobre ele? Porque vivemos cercados por telas, não é mesmo? Nossos olhos estão colados, nossos dedos deslizam, e o mundo lá fora, ah, o mundo lá fora muitas vezes fica em segundo plano. Marco e Nonno é um bálsamo, um lembrete gentil de que a vida de verdade acontece quando a gente desliga o Wi-Fi e se permite sentir o sol no rosto, o cheiro da grama recém-cortada, o calor de uma mão na nossa.

A gente conhece Marco (o talentoso Owen Vaccaro), um garoto de 11 anos que é um arquiteto da própria bolha digital. Ele respira tecnologia, vive nas entranhas de pixels e códigos, quase como se o mundo físico fosse um mero pano de fundo para seus dispositivos. Você já viu um garoto assim, né? Talvez até se veja um pouco nele, confessa. Marco tem a energia da juventude, mas ela está canalizada para dentro de uma tela, impedindo-o de ver as cores vibrantes que explodem lá fora. Ele não precisa sair; ele tem tudo ali, na ponta dos dedos.

Mas aí entra o “Nonno”. E é nesse ponto que o filme de Julio Vincent Gambuto (que também assina o roteiro com B.R. Uzun) se ilumina de um jeito particular. O avô surge como um portal para o que Marco nem sabia que estava perdendo. Não é uma bronca sobre “largue esse celular!”, o que seria fácil e clichê. É um convite, um aceno para um universo de terra, poeira e risadas. E a ponte para essa nova realidade? A bocha.

AtributoDetalhe
DiretorJulio Vincent Gambuto
RoteiristasJulio Vincent Gambuto, B.R. Uzun
Elenco PrincipalOwen Vaccaro, Louis Cancelmi, Greg Rikaart, Thomas Kopache, Anastasia Ganias
GêneroComédia, Drama, Família
Ano de Lançamento2020
ProdutoraBoro Five

Ah, a bocha! Você consegue imaginar algo mais deliciosamente analógico? O som da bola pesada rolando na areia ou na terra, o cálculo da distância, a estratégia silenciosa, e, acima de tudo, a interação humana. Marco, que antes parecia um cyborg em miniatura, começa a se transformar. Owen Vaccaro capta essa transição com uma doçura incrível; vemos a curiosidade substituir a indiferença, o sorriso genuíno desabrochar onde antes havia apenas a luz azulada de um tablet.

E não é só o avô quem puxa Marco para fora. O filme nos presenteia com uma galeria de personagens secundários que são o sal da terra. Louis Cancelmi, como Richie, Thomas Kopache como Larry, Anastasia Ganias como Anna, e até mesmo Greg Rikaart, como o Sr. Crane, cada um deles contribui para essa equipe de bocha que é muito mais do que um grupo de jogadores. É uma família escolhida, um microcosmo da comunidade, um oásis de autenticidade. Você vê a maneira como eles interagem, as picuinhas, as tiradas, o apoio mútuo, e percebe que é ali, nesses pequenos rituais e diálogos cheios de vida (e um “tá” ou outro que escorrega naturalmente), que a verdadeira conexão acontece. A bocha não é apenas um jogo; é a cola que une essas vidas, permitindo que cada personalidade brilhe, que cada história se entrelace.

A direção de Gambuto é leve, mas precisa. Ele não força a barra, não tenta te convencer de que a tecnologia é um mal a ser erradicado. Longe disso. Ele simplesmente mostra a beleza de uma alternativa, a riqueza de uma vida vivida com os pés no chão e os olhos nos olhos. A fotografia da Boro Five, a produtora, consegue capturar o calor do sol, a textura da terra, a luminosidade das relações humanas de um jeito que faz a gente sentir o vento, quase sentir o peso daquelas bolas nas mãos.

Marco e Nonno nos lembra de algo fundamental: a amizade inesperada é uma das maiores dádivas da vida. E que, muitas vezes, ela está escondida nos lugares mais simples, nos passatempos que julgamos antiquados, nas pessoas que menos esperamos. Quando o filme estreou no Brasil, em 2022, a gente já tinha passado por tanta coisa que o isolamento se tornava uma realidade ainda mais palpável. E ter uma história como essa para nos dizer: “Olha, tem um mundo de descobertas lá fora, esperando por você, se você estiver disposto a largar o controle remoto por um instante”, é algo de valor inestimável.

Então, sim, Marco e Nonno é uma comédia, tem seus momentos de drama suave, mas, acima de tudo, é um filme de família. Não a família de sangue apenas, mas a família que a gente constrói, a família que nos ensina a jogar, a perder, a rir e, o mais importante, a simplesmente estar. E, convenhamos, num mundo que gira cada vez mais rápido e digital, um convite para desacelerar e jogar bocha com pessoas especiais é algo que todos nós precisamos de vez em quando, né? É um lembrete singelo, mas poderoso, de que as melhores conexões não precisam de Wi-Fi, apenas de presença.

Trailer

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