Ex casados

“Ex Casados”: O Amor Depois do Furacão, Entre Risos e Ressentimentos

Poucas coisas na vida real são tão complexas e cheias de nuances quanto o fim de um relacionamento. E, convenhamos, menos ainda são tratadas com a dose certa de humor e sensibilidade nas telas. Por isso, quando me deparei com a premissa de “Ex Casados”, lançado originalmente em 2021, minha curiosidade foi imediatamente atiçada. Já estamos em setembro de 2025, e revisitar este longa-metragem dirigido por Sabrina Farji é constatar que algumas histórias, quando bem contadas, resistem bravamente ao tempo, mostrando que o amor, o ódio e a comédia têm um ciclo vicioso deliciosamente imprevisível.

O filme nos apresenta a Roberto Itkin (Roberto Moldavsky) e Sonia Millan (Jorgelina Aruzzi), um casal que, após anos de casamento, decidiu que a vida juntos era insustentável e seguiu caminhos separados através do divórcio. Um ano se passou, e cada um tenta reconstruir sua vida – ou ao menos sobreviver à nova rotina. O destino, porém, tem um senso de humor peculiar e um acidente inesperado os obriga a morar sob o mesmo teto novamente. Imaginem a catástrofe! A partir daí, o que se desenrola é uma comédia de situações impagáveis, onde velhos conflitos e ressentimentos vêm à tona, mas, surpreendentemente, abrem espaço para novas e inesperadas reflexões sobre o que realmente significa amar e odiar. A promessa de uma comédia sobre “o amor após o ódio” não é apenas um subtítulo; é a espinha dorsal de um enredo que te faz rir com uma lágrima no canto do olho, ou talvez, refletir sobre a fina linha que separa essas duas emoções tão potentes.

A Dança entre a Direção, o Roteiro e a Química do Elenco

AtributoDetalhe
DiretoraSabrina Farji
RoteiristasSabrina Farji, Daniel Guebel
ProdutoraSabrina Farji
Elenco PrincipalRoberto Moldavsky, Jorgelina Aruzzi, Michel Noher, Liz Solari, Martín Campilongo
GêneroComédia, Romance
Ano de Lançamento2021
ProdutoraTelefe

Sabrina Farji, que não apenas dirige, mas também assina o roteiro com Daniel Guebel, demonstra uma mão firme na condução desta comédia romântica. É fácil cair na armadilha dos clichês do gênero, mas Farji consegue equilibrar a leveza do humor com a seriedade dos temas abordados. A direção é ágil, mantendo o ritmo necessário para que as piadas não percam o timing, mas também desacelerando para permitir que os momentos de vulnerabilidade dos personagens respirem. Ela entende que, por trás das tiradas engraçadas e das situações absurdas, há duas pessoas lidando com as feridas do passado e a incerteza do futuro.

O roteiro, por sua vez, é o motor que impulsiona essa montanha-russa emocional. Os diálogos são afiados, cheios de um sarcasmo muito particular, e capturam a essência de um casal que se conhece intimamente – cada mancha, cada mania, cada ferida. A forma como o “acidente” é construído para forçar a coabitação poderia parecer um artifício batido, mas a execução o transforma em um catalisador plausível para a reavaliação dos sentimentos dos protagonistas. A inteligência do texto reside em não subestimar a audiência, entregando personagens complexos que, apesar das farpas, são profundamente humanos.

E o que dizer do elenco principal? Ah, aqui reside um dos maiores trunfos de “Ex Casados”. Roberto Moldavsky, conhecido por seu humor aguçado, entrega um Roberto Itkin que transita com maestria entre o patético e o carismático. Seu humor físico e timing cômico são impecáveis, mas ele nos surpreende com momentos de genuína emoção e vulnerabilidade. Jorgelina Aruzzi, como Sonia Millan, é a contraparte perfeita. Ela não é apenas o alvo das piadas ou a voz da razão; sua Sonia é forte, independente, mas também carrega suas próprias dores e incertezas. A química entre Moldavsky e Aruzzi é inegável, e é ela que sustenta a crença de que esses dois poderiam, de fato, ter se amado e, talvez, ainda se amem. Eles são o coração pulsante do filme.

Michel Noher (Ernesto Quinteros) e Liz Solari (Laura Nadal) cumprem bem seus papéis como os novos amores, adicionando camadas de complicação e humor às vidas de Roberto e Sonia. Ernesto é o contraste perfeito para Roberto, enquanto Laura representa a tentativa de Sonia de seguir em frente. Martín Campilongo (Diego Saban) completa o time com uma performance hilária, trazendo alívio cômico nos momentos certos e provando que um bom elenco de apoio pode elevar significativamente um filme.

Forças e Fraquezas: A Arte de Navegar na Tempestade Doméstica

Um dos maiores pontos fortes de “Ex Casados” é a coragem de explorar as complexidades do divórcio não como um fim definitivo, mas como um novo começo, ainda que tortuoso. O filme se recusa a pintar seus personagens como heróis ou vilões, apresentando-os com todas as suas falhas e virtudes. A comédia surge não de situações forçadas, mas da verossimilhança das interações de duas pessoas que, apesar de separadas, ainda compartilham uma história profunda e uma estranha familiaridade. É um humor agridoce, que faz rir da dor alheia, mas com uma dose de empatia que nos permite reconhecer algo de nós mesmos naqueles percalços.

No entanto, o filme não é imune a pequenos tropeços. Em alguns momentos, a previsibilidade do arco narrativo, tão comum em comédias românticas, pode se fazer presente. Sabemos, de certa forma, para onde a história está se encaminhando. Contudo, o que compensa essa familiaridade é a jornada, a forma como os personagens chegam lá. Os roteiristas poderiam ter se arriscado um pouco mais em subverter algumas expectativas, mas talvez o conforto de um final agridoce, porém caloroso, seja exatamente o que o público busca neste tipo de produção. E, verdade seja dita, o Telefe, como produtora, muitas vezes busca essa familiaridade com o público.

Temas e Mensagens: Desempacotando o Coração Pós-Divórcio

O cerne de “Ex Casados” reside em uma série de temas profundamente humanos. O mais evidente é, claro, o divórcio e o que vem depois. O filme questiona a ideia de que o fim de um casamento significa o fim de qualquer conexão, sugerindo que laços, mesmo que rompidos, deixam marcas que podem ser reavaliadas. Há uma mensagem poderosa sobre o perdão, não apenas para o outro, mas para si mesmo, e sobre a aceitação de que nem tudo na vida precisa ser preto e branco.

A ideia de segundas chances é explorada de uma maneira madura: não se trata de apagar o passado, mas de aprender com ele. É sobre a possibilidade de que o amor possa evoluir, transformar-se, e talvez, renascer de uma forma diferente, mais consciente, após o ódio e o ressentimento terem sido ventilados e, quem sabe, até esgotados. É uma ode à resiliência do coração humano e à capacidade de encontrar o riso mesmo nas circunstâncias mais adversas.

Conclusão: Uma Comédia Essencial para Corações Feridos e Almas Cômicas

“Ex Casados” é um filme que me pegou de surpresa em sua estreia em 2021 e, ao revisitá-lo em 2025, a impressão não mudou. Longe de ser apenas mais uma comédia romântica genérica, ele é um olhar perspicaz e caloroso sobre a confusão agridoce que é a vida pós-divórcio. A direção segura de Sabrina Farji, o roteiro inteligente e, acima de tudo, as performances vibrantes de Roberto Moldavsky e Jorgelina Aruzzi, transformam uma premissa potencialmente banal em algo genuinamente tocante e engraçado.

Eu recomendo este filme de olhos fechados para quem busca uma comédia que não tem medo de se aprofundar nas dores do coração, mas que o faz com um sorriso no rosto. É ideal para aqueles que já passaram por um divórcio, para aqueles que estão considerando um, ou para quem simplesmente aprecia uma boa história sobre a complexidade das relações humanas. “Ex Casados” prova que, às vezes, para encontrar o amor novamente, é preciso primeiro confrontar o que se pensava ter odiado. Prepare-se para rir, talvez se emocionar, e certamente, refletir. É um pequeno diamante da comédia que merece ser descoberto (ou redescoberto) nas plataformas digitais.

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