Massacre no Bairro Japonês: Uma Ode aos Filmes B de Ação dos Anos 90 (ou, como sobrevivi a mais uma sessão de nostalgia trash)
Confesso: tenho um fraco por filmes B de ação dos anos 90. Aquela estética tosca, os efeitos especiais risíveis, as histórias muitas vezes absurdas… tudo isso me conquista. E Massacre no Bairro Japonês (1991), com sua mistura explosiva de ação, comédia e crime, se encaixa perfeitamente nesse meu gosto peculiar. Lançado originalmente em 1991, o longa-metragem se tornou um marco para a minha geração, e, ao revê-lo em 2025, percebi que a nostalgia não era a única coisa a ser relembrada.
O filme acompanha a dupla improvável formada por Chris Kenner (Dolph Lundgren), um policial americano com ascendência japonesa responsável por Little Tóquio, em Los Angeles, e Johnny Murata (Brandon Lee), um nipo-americano desconectado de suas raízes. Juntos, eles enfrentam Yoshida (Cary-Hiroyuki Tagawa), um implacável traficante de drogas ligado à Yakuza e ao passado de Kenner. A trama, embora previsível, funciona como uma desculpa perfeita para sequências de luta frenéticas e tiroteios dignos de um videogame arcade dos anos 80.
Mark L. Lester, na direção, não se esforça para esconder a simplicidade da produção. É tudo muito explícito, direto ao ponto. Não espere sutilezas ou metáforas profundas. Mas, justamente nessa falta de sofisticação, reside parte do seu charme. O roteiro, assinado por Stephen Glantz e Caliope Brattlestreet, é um amontoado de clichês do gênero, mas funciona, principalmente porque se entrega à sua própria falta de vergonha.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Mark L. Lester |
| Roteiristas | Stephen Glantz, Caliope Brattlestreet |
| Produtores | Martin E. Caan, Mark L. Lester |
| Elenco Principal | Dolph Lundgren, Brandon Lee, Cary-Hiroyuki Tagawa, Tia Carrere, Toshishiro Obata |
| Gênero | Ação, Comédia, Crime |
| Ano de Lançamento | 1991 |
| Produtoras | Original Pictures, Little Tokyo Productions |
As atuações são um caso à parte. Dolph Lundgren, com sua expressão impassível, encarna o durão de ação com a mesma maestria de sempre. Brandon Lee, em uma de suas últimas performances antes de sua trágica morte, é uma presença carismática, mesmo com o personagem um tanto unidimensional. Cary-Hiroyuki Tagawa rouba a cena como o vilão, um Yoshida ameaçador e imponente. A química entre Lundgren e Lee é o ponto alto do filme, conseguindo equilibrar a seriedade da trama com um humor involuntário que, devo confessar, me fez rir alto em algumas cenas.
Os pontos fortes do filme são, sem dúvida, as cenas de ação coreografadas com energia e criatividade. As lutas são bem filmadas, com destaque para a utilização de artes marciais, e a violência é explícita, mas sem chegar ao nível de gore gratuito. A trilha sonora, que evoca a atmosfera da década de 1990, também colabora para criar o clima adequado. Porém, o roteiro previsível, os diálogos frequentemente banais e os efeitos especiais datados são os seus calcanhares de Aquiles.
Mas o filme consegue se sustentar em sua energia frenética, em sua capacidade de entreter sem se levar a sério. Em vez de tentar ser profundo, ele se concentra na ação pura e simples, e, nesse aspecto, consegue ser bastante eficaz. A temática da identidade cultural, ainda que superficialmente abordada através da relação entre Kenner e Murata, é um toque interessante, ainda que não explorado a fundo. A influência da cultura japonesa, com suas artes marciais e o universo da Yakuza, é um dos aspectos mais bem-sucedidos do filme.
No final das contas, Massacre no Bairro Japonês não é um filme para quem busca uma experiência cinematográfica complexa. É um filme B, sim, com todas as suas imperfeições. Mas é um filme B divertido, uma experiência nostálgica para aqueles que cresceram nos anos 90, e uma deliciosa sessão de trash para aqueles que apreciam o gênero. Sua recepção na época foi mista, e hoje, em 2025, acredito que ainda mantenha essa característica de polarizar o público. Se você busca um longa-metragem sofisticado e cheio de nuances, procure em outro lugar. Mas se quer se divertir com um filme de ação com tiroteios, artes marciais e uma dose saudável de humor, vale a pena conferir – talvez em uma sessão com amigos, com pipoca e muitas risadas. Recomendo fortemente sua procura em plataformas digitais, para uma experiência de nostalgia cheia de ação.




