O Afogamento: Um mergulho profundo em traumas esquecidos (e na falta deles)
Nove anos se passaram desde que Bette Gordon nos presenteou com O Afogamento, e, olhando para trás, a memória que o filme deixou não é tão vívida quanto eu esperava. Isso, em si, já diz muito. A premissa é intrigante: um psicólogo infantil, Tom Seymour (Josh Charles, competente, mas sem brilhar), salva um homem de um suicídio e descobre que se trata de um antigo paciente, envolvido num crime que assombra seu passado. Uma trama de suspense psicológico com potencial para explorar as profundezas da culpa e da redenção. No entanto, O Afogamento afoga-se em seu próprio potencial, nadando em águas rasas de desenvolvimento narrativo.
A direção, o roteiro e a atuação: Uma tempestade em copo d’água
Bette Gordon, uma diretora com um currículo que demonstra familiaridade com narrativas complexas e personagens femininas fortes, infelizmente não consegue extrair o máximo deste roteiro. A direção é competente, sem ser memorável. As imagens são adequadas, mas falta uma assinatura visual que marque o filme na memória. A fotografia não chega a ser ruim, mas também não contribui para criar uma atmosfera tensa ou claustrofóbica, algo crucial para um thriller psicológico.
O roteiro de Frank Pugliese e Stephen Molton pecou na construção de seu suspense. A revelação da conexão entre Tom e o homem que tentou se suicidar é precipitada, e o mistério em torno do passado se resolve com uma facilidade frustrante. As reviravoltas são previsíveis e não surpreendem o espectador – um erro capital para um gênero que se alimenta do inesperado.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretora | Bette Gordon |
| Roteiristas | Frank Pugliese, Stephen Molton |
| Produtores | Jamin O'Brien, Daniel Blanc, Radium Cheung |
| Elenco Principal | Julia Stiles, Josh Charles, Avan Jogia, Tracie Thoms, Leo Fitzpatrick |
| Gênero | Drama, Thriller |
| Ano de Lançamento | 2016 |
| Produtora | The Film Community |
Apesar de contar com um elenco razoavelmente sólido, incluindo Julia Stiles como a esposa de Tom, as atuações não carregam o fardo de uma narrativa fraca. Os personagens permanecem superficiais, suas motivações pouco exploradas, tornando difícil a conexão emocional com suas jornadas. Avan Jogia, por exemplo, apesar de um talento promissor, não consegue evitar que Danny Miller se torne um estereótipo.
Pontos fortes e fracos: Um resgate sem sucesso
O maior ponto forte de O Afogamento é sua premissa. A ideia de um profissional, tão confiante em sua capacidade de ajudar os outros, precisar lidar com suas próprias cicatrizes é intrigante. A exploração desse conflito interno, no entanto, é superficial e mal desenvolvida.
A fragilidade do roteiro e a direção contida são seus maiores fracassos. O filme se perde em flashbacks pouco eficazes, que, em vez de elucidar o passado, apenas interrompem o ritmo da narrativa presente. A falta de tensão, um ingrediente fundamental do gênero thriller, é a maior demonstração desse problema. A expectativa gerada pela sinopse não é cumprida.
Temas e mensagens: As águas turvas da culpa
O filme toca em temas importantes, como a culpa, o trauma e a dificuldade de lidar com o passado. Mas, mais uma vez, a abordagem é superficial. A mensagem sobre a importância da auto-reflexão e do processo de cura fica perdida em meio a um desenvolvimento narrativo pouco consistente.
Conclusão: Um mergulho que não vale a pena
O Afogamento, lançado no Brasil em 08 de outubro de 2016, é um filme que decepciona. A premissa promissora é sufocada por um roteiro fraco e uma direção que não consegue elevar o material. Apesar do elenco competente, as atuações não conseguem compensar as falhas narrativas. Se você busca um thriller psicológico que prenda sua atenção e explore a profundidade da psique humana, procure outras opções em plataformas de streaming. Este aqui, infelizmente, não consegue nadar contra a correnteza da mediocridade. Não recomendo.




