Interceptor

Interceptor: Uma Bomba-relógio que Falha na Detonação

Confesso que cheguei a Interceptor com uma certa expectativa. A premissa – uma tenente do exército sozinha contra um ataque terrorista numa estação de interceptação de mísseis – gritava filme B de ação frenético, daqueles que você assiste sem grandes pretensões e se diverte com a pirotecnia e a adrenalina. Infelizmente, o que encontramos em 2022, e que continua disponível em plataformas digitais em 2025, foi algo bem longe dessa promessa. O filme, dirigido por Matthew Reilly, é um exemplo de como uma ideia interessante pode ser completamente sabotada por execução medíocre.

A sinopse, sem spoilers, é simples: JJ Collins (Elsa Pataky), a única sobrevivente em uma base militar isolada, precisa impedir um ataque coordenado que visa atingir os EUA com mísseis nucleares. A trama se desenvolve numa corrida contra o tempo, com Collins enfrentando não só os terroristas liderados pelo enigmático Alexander Kessel (Luke Bracey), mas também o peso da responsabilidade e uma série de problemas técnicos que, francamente, parecem ter saído de um roteiro amador.

A direção de Reilly, que também assina o roteiro junto com Stuart Beattie, é tão desengonçada quanto a própria trama. As cenas de ação, que deveriam ser o ponto alto, são filmadas com uma falta de criatividade e precisão surpreendente. A montagem frenética, ao invés de criar suspense, só serve para confundir o espectador, tornando difícil acompanhar a coreografia das lutas e os detalhes da ação. Já o roteiro… ah, o roteiro! Ele carrega diálogos que parecem tirados de um livro de autoajuda militar, com longos discursos sobre feminismo e masculinidade tóxica que soam forçados e desconexos com a urgência da situação. A tentativa de profundidade temática fica grotescamente artificial, atrapalhando o ritmo frenético que se esperaria de um filme de ação.

As atuações seguem a mesma linha de desacerto. Elsa Pataky, apesar de se esforçar, parece presa num papel unidimensional, incapaz de transmitir a complexidade emocional de uma mulher sob tamanha pressão. O restante do elenco também não consegue se destacar, com atuações pouco expressivas e diálogos mal escritos. Mesmo a presença de atores como Luke Bracey e Aaron Glenane não consegue salvar o filme de seu destino.

Entre os poucos pontos positivos, destaco a premissa inicial, que tinha potencial para ser um thriller eletrizante. A ambientação da isolada base militar também contribui para criar uma atmosfera tensa, embora não consiga superar os defeitos da direção e do roteiro.

No entanto, as falhas superam em muito os acertos. O filme peca por sua falta de pesquisa – erros técnicos gritantes e inconsistências na trama tornam a experiência de assistir a Interceptor algo bastante frustrante. As tentativas de inserir temas relevantes como feminismo e masculinidade tóxica se mostram mal executadas, e a narrativa sofre com uma previsibilidade desconcertante.

Em resumo, Interceptor é um filme que desperdiça uma premissa promissora. A execução fraca da direção, um roteiro cheio de buracos e atuações pouco convincentes resultam num longa-metragem que se torna maçante apesar da sua curta duração. Não há uma verdadeira surpresa, nenhuma reviravolta memorável; apenas uma sucessão de cenas de ação mal coreografadas e diálogos cansativos. A recepção do filme, que eu lembro de ter lido em diversas críticas no lançamento em 2022, refletia exatamente isso.

Eu não recomendo Interceptor a nenhum fã de ação que procure por um filme memorável ou mesmo minimamente satisfatório. A menos que você esteja curioso para testemunhar como um filme com tanto potencial pode ruir tão completamente, procure entretenimento em outra plataforma de streaming.