O Salão de Huda: Uma experiência claustrofóbica e desconcertante
Em 2022, assisti a O Salão de Huda, um filme que, três anos depois, ainda me assombra. Não se trata de sustos baratos ou violência explícita, mas de um terror psicológico lento, sufocante, que se instala como um nó na garganta e permanece ali muito depois dos créditos finais. A premissa é simples: uma mulher, Reem, visita um salão de beleza e sua vida dá uma guinada inesperada e terrível nas mãos de Huda, a proprietária. Mas a simplicidade da premissa é enganosa, uma porta de entrada para uma exploração complexa e desconcertante da moralidade, da culpa e do poder.
A direção de Hany Abu-Assad, que também assina o roteiro, é magistral. A câmera, muitas vezes fixa em close-ups sufocantes, nos prende à angústia de Reem, intensificando a claustrofobia do ambiente. O salão, em si, se transforma em um palco para o jogo psicológico entre as personagens, um espaço confinado que espelha a situação cada vez mais desesperadora de Reem. A escolha de cores, a iluminação tenue e o som cuidadosamente orquestrado contribuem para criar uma atmosfera opressiva, intensificando a sensação de aprisionamento.
As atuações são impecáveis. Misaa Abdel Hadi entrega uma performance visceral como Reem, transmitindo a fragilidade e a força da personagem com uma sutileza incrível. Ali Suliman, como Hasan, e Manal Awad, como Huda, completam o elenco com interpretações igualmente poderosas, criando personagens complexas, ambíguas, que desafiam qualquer julgamento moral simplista. A dinâmica entre Reem e Huda é o cerne do filme, uma dança tensa e perturbadora que nos mantém em estado de alerta constante.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Hany Abu-Assad |
Roteirista | Hany Abu-Assad |
Produtores | Mohamed Hefzy, Amira Diab, Hany Abu-Assad, Sawsan Asfari |
Elenco Principal | ميساء عبد الهادي, Ali Suliman, منال عوض, سامر بشارات, Omar Abu Amer |
Gênero | Thriller |
Ano de Lançamento | 2022 |
Produtoras | Film Clinic, MAD Solutions, Key Film Productions, H&A Production, Lagoonie Film Production, Memento Films International |
O filme, porém, não está isento de pontos fracos. Apesar da atmosfera impecavelmente criada, alguns elementos da trama poderiam ser mais desenvolvidos, oferecendo maior profundidade a algumas das escolhas das personagens. Há momentos em que o ritmo parece se arrastar um pouco, mas, mesmo nestes momentos, a tensão permanece palpável.
O Salão de Huda não é apenas um thriller psicológico; é um estudo de personagem que mergulha nas consequências devastadoras das escolhas e na complexidade moral do ato de chantagem. O filme explora as brechas na estrutura social, as vulnerabilidades das mulheres em situações de poder desigual e as múltiplas facetas da culpa. O que fica é a sensação desconfortável, mas necessária, de nos vermos confrontados com os lados obscuros da natureza humana.
Apesar de alguns pequenos deslizes no ritmo, O Salão de Huda se destaca pela sua direção impecável, atuações memoráveis e uma atmosfera opressiva que persiste muito tempo após os créditos finais. É um filme que exige atenção e que, embora possa ser desconfortável, é uma experiência cinematográfica incrivelmente gratificante e memorável. Recomendado para aqueles que buscam um thriller psicológico denso, que vai além do entretenimento e nos confronta com questões incômodas, mas cruciais. Se você está procurando um filme que te deixe pensando sobre ele por dias, O Salão de Huda é a escolha perfeita. Espero que, em 2025, ele ainda esteja disponível em plataformas digitais para uma nova geração de espectadores.